Preso asfixiado no Recife era de facção rival de colegas de cela, apontam depoimentos
Sete presos foram autuados em flagrante por matar o colega asfixiado dentro do Complexo Prisional do Curado
Publicado: 24/05/2025 às 12:55

Presídio foi entregue pelo governo em 2024 (Hesiodo Góes/Secom)
O preso Otacílio Alves Frutuozo, de 41 anos, que foi morto asfixiado dentro do Complexo Prisional do Curado, no Sancho, Zona Oeste do Recife, na quinta-feira (22), seria integrante do Comando Litoral Sul (CLS), o antigo Trem Bala, facção rival dos companheiros de cela.
Sete detentos, que ficavam na mesma cela de Otacílio, foram presos em flagrante por homicídio. Apenas um deles negou participação no crime. No inquérito, obtido pelo Diario de Pernambuco, a Polícia Civil registrou que o principal motivo seria “desentendimento no grupo criminoso”.
À investigação, um policial penal relatou ter ido até a cela 2 do Pavilhão B, para o procedimento de retirar os presos e recolher as vasilhas de comida, por volta das 8h. Otacílio, no entanto, já estava morto. O corpo apresentava marcas de estrangulamento.
Outro depoimento de funcionário relata que o detento teria sido sufocado com uma toalha. “O motivo era porque pertence a outra facção, além de eles quererem um motivo para serem transferidos para outra unidade penal”, registra o documento.
“Esse presídio é novo e existe uma disciplina mais rígida, não existe a figura do chaveiros e os detentos só passam 2 horas do dia fora da cela, por isso eles querem sair de lá”, prossegue. “Os policiais penais ficaram surpresos com esse fato, pois nunca tinha acontecido brigas entre os envolvidos, a segurança do estabelecimento sempre faz uma triagem para evitar rixas nas celas.”
Assassinato
À Polícia Civil, os assassinos confessos declararam que Otacílio havia sido posto naquela cela há três ou quatro dias. Eles alegaram que o colega seria do CLS, facção rival, e estaria ameaçando os demais.
Segundo relatam, por volta das 23h30, a vítima foi imobilizada por dois dos presos com um mata-leão. Outros três ficaram responsáveis por segurar, o corpo, as pernas e os braços de Otacílio. O detento foi sufocado por cerca de 15 minutos.
Em seguida, os presos ainda verificaram o pulso da vítima, deram banho no corpo e o colocaram em cima de uma beliche. Após o assassinato, parte dos autores foi dormir. Outra ficou jogando dentro da cela, segundo os depoimentos.
Na quinta-feira (24), a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado de Pernambuco (SEAP) informou que “adotou todos os procedimentos legais e administrativos cabíveis, comunicando imediatamente às autoridades policiais competentes e instaurando procedimento interno de apuração para esclarecer os fatos e as eventuais responsabilidades”.

