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Putin refuta a ideia de Witkoff ser pró-russo após vazamento de conversas confidenciais

"Isto é um disparate", afirmou o presidente russo

Isabel Alvarez

Publicado: 27/11/2025 às 16:10

Presidente russo, Vladimir Putin/AFP

Presidente russo, Vladimir Putin (AFP)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou nesta quinta-feira (27) a sugestão de que o enviado norte-americano Steve Witkoff teria demonstrado parcialidade a favor de Moscou nas negociações de paz sobre a Ucrânia. “Isto é um disparate”, afirmou, descrevendo-o como um cidadão dos EUA que defende os interesses do seu país.

A divulgação pela agência de notícias Bloomberg do polêmico conteúdo de conversas confidenciais entre Witkoff, o enviado especial de Donald Trump para missões de paz, e Yuri Ushakov, o principal conselheiro de política externa de Putin, expôs que a autoridade norte-americana orientou Moscou sobre a melhor estratégia para agradar e conduzir as negociações de paz com o presidente dos Estados Unidos.

Ushakov admitiu publicamente que alguma parte do conteúdo é autêntico, apesar de dizer que muitos trechos são falsos. Mas, o conselheiro do presidente russo se recusou a entrar em detalhes e considerou inaceitável que conversas desta natureza tenham vindo à tona.

Em entrevista ao jornal russo Kommersant, Ushakov reconheceu que pode ter tido conversas com Witkoff através do WhatsApp, uma plataforma muito mais vulnerável a escutas do que os canais governamentais. "Há conversas no WhatsApp que, de um modo geral, alguém pode conseguir ouvir", confirmou.

Enquanto isso, a autenticidade e o teor comprometedor das gravações levantaram especulações sobre a origem de quem fez a escuta. As principais suposições envolvem os serviços secretos e de inteligência russo, norte-americano e ucraniano.

Witkoff enfrentou novas críticas na Europa e nos Estados Unidos depois da divulgação da gravação telefônica e muitos consideram que deveria renunciar. Trump, por sua vez, o defendeu. “Isso é algo padrão. Ele precisa vender isso para a Ucrânia, precisa vender a Ucrânia para a Rússia. É isso que um negociador faz. Eu não ouvi, mas ouvi dizer que era uma negociação padrão. E imagino que ele esteja dizendo a mesma coisa para a Ucrânia, porque cada parte precisa ceder e obter algo”, argumentou.

Enquanto isso, a Rússia também rejeitou fazer qualquer concessão nas suas principais exigências para um cessar-fogo na Ucrânia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou ser ainda prematuro falar em proximidade de paz.


Porém, Putin declarou hoje que terminaria o conflito se Kiev retirasse as suas forças de territórios que diz ter ocupado. “Quando as tropas ucranianas se retirarem das suas posições em áreas-chave, os combates irão cessar, caso não o façam, as forças russas alcançarão os seus objetivos pela força. O ritmo do avanço russo em todas as direções está visivelmente aumentando”, prometeu. Também disse que não existem versões finais do acordo de paz, mas que a Rússia está pronta para negociações sérias, acrescentando que uma delegação norte-americana visitará Moscou na próxima semana, além de reconhecer que Washington leva em conta a posição russa, insistindo, no entanto, que alguns aspectos precisam de mais conversações.


Mas, o presidente russo assegurou que o Kremlin concorda que o plano de Trump pode ser usado como base para futuros acordos, entretanto observou que a questão da segurança europeia precisa ser discutida. Além disso, o líder russo disse hoje que a Rússia não planeja atacar a Europa. "Isso é ridículo", mencionou. Entretanto, adiantou que prepara um conjunto de medidas de retaliação em resposta a potenciais confiscações de ativos russos na Europa.”Qualquer movimento para confiscar ativos russos seria um roubo de propriedade e teria um impacto negativo no sistema financeiro global’, indicou.

Já o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Alexander Grushko, reagiu nesta quinta-feira a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, que sugeriu na véspera que o exército e o orçamento militar da Rússia deveriam ser restringidos, embora não tenha explicado como isso poderia ser feito. “Nenhum poder externo conseguiria limitar os gastos militares russos”, respondeu Grushko.

O secretário do Exército dos EUA, Daniel P. Driscoll, adiantou que Moscou está construindo mísseis suficientes para acumular uma reserva crescente de armamento de longo alcance.

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