Raquel avalia que subsídio para o metrô é baixo em relação ao que já é pago hoje para o sistema de ônibus
Raquel contou que o tema demandou três anos de negociação direta em Brasília. "Enfrentamos o tema do metrô e chegamos a um acordo com o governo federal. Tem que ter coragem para isso".
Mariana de Sousa e Adelmo Lucena
Publicado: 29/12/2025 às 19:12
Sabatina do Diario com a governadora de Pernambuco, Raque Lyra (PSD) (Francisco Silva/ DP foto)
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), destacou os avanços e os investimentos do Governo do Estado na área de transporte público, com ações voltadas para o Metrô do Recife. Para atrair investidores na concessão, e garantir tarifa acessível, em 2026 o Executivo se comprometeu em garantir um subsídio anual de R$ 80 milhões. Hoje, o governo já faz um aporte de R$ 520 milhões no sistema de ônibus.
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“O Estado de Pernambuco tem uma projeção de um aporte de 80 milhões de subsídio a partir da chegada do metrô para garantir uma modicidade tarifária”, afirmou em sabatina com o Diario.
Raquel contou que o tema demandou três anos de negociação direta em Brasília. “Enfrentamos o tema do metrô e chegamos a um acordo com o governo federal. Tem que ter coragem para isso”. Segundo a governadora, a decisão foi compartilhar a solução do problema. “Eu disse ao presidente Lula que eu queria ser parte da solução. E quando a gente consegue construir junto, a gente faz entrega.”
Ao detalhar o modelo de concessão do metrô, Raquel Lyra afirmou que houve falhas na comunicação sobre uma possível estadualização do sistema antes do leilão da concessão. “Eu acho que houve aí um ruído de comunicação, porque, na verdade, eu não tinha como montar uma empresa para poder receber o metrô”, disse. Segundo ela, o caminho necessário era outro. “A gente tinha que fazer o processo de concessão para, a partir da assinatura, a gente assumir a gestão do contrato e o metrô passar a ser estadualizado.”
A governadora explicou que um modelo semelhante ao de outros estados chegou a ser avaliado, mas acabou descartado. “Existia um modelo que foi feito em Belo Horizonte, por exemplo, criar uma sociedade de propósito específico, transferir todos os ativos”, afirmou. “O governo federal não quis mais esse projeto desta forma”, completou, citando diferenças nos valores de aporte. “Lá foram 3 bilhões e aqui é pelo menos 4 bilhões.”
Segundo Raquel Lyra, o novo desenho está sendo construído em conjunto com diferentes instituições. “A construção toda feita com o BNDES e com o governo federal, com a CBTU, com o governo de Pernambuco é o processo de concessão e de consulta pública ser lançado a partir do ano que vem”, explicou. Ela destacou que o modelo prevê audiências públicas. “Todo mundo pode falar sobre isso, os interessados.”
A governadora afirmou que a expectativa é concluir o processo até o fim do próximo ano. “A gente poder ter ali ao final do ano que vem, se tudo correr de acordo com o que está projetado, uma assinatura do contrato de concessão com a empresa privada ganhadora”, disse, ressaltando que o processo será conduzido pelo BNDES e pelo Ministério das Cidades, com a CBTU.
Sistema enfrenta histórico de falhas
A rede metroferroviária da Região Metropolitana do Recife atende Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Camaragibe. São 71,4 km de trilhos, 5 linhas e 37 estações, transportando entre 160 mil e 180 mil passageiros diariamente. Apesar da importância para a mobilidade, o sistema acumula problemas estruturais e operacionais há anos.
Desde agosto de 2024, o metrô deixou de operar aos domingos para manutenção. Em outubro deste ano, um trem da Linha Centro pegou fogo entre Curado e Alto do Céu, interrompendo o ramal Camaragibe por vários dias. O episódio motivou greve do Sindicato dos Metroviários (Sindmetro-PE), iniciada em 30 de outubro e que fechou as 36 estações por ao menos três dias.
No mês seguinte, em 27 de novembro, uma nova falha na rede elétrica de tração paralisou novamente a Linha Centro. Ao longo do ano, diferentes panes elétricas e técnicas causaram interrupções pontuais na circulação de trens.
Ônibus
Na operação dos ônibus, a governadora confirmou a renovação da frota com veículos elétricos. “Ano que vem, no começo do ano, nós vamos comprar 100 ônibus elétricos aqui para o Recife”, afirmou. Raquel explicou que a chegada dos novos veículos não está vinculada a outras mudanças estruturais no sistema como a licitação dos blocos que nunca foi concluída. “Não, é independente dos ônibus elétricos chegando que o ônibus vai fazer diminuir a conta.”
Raquel citou investimentos em infraestrutura de apoio ao transporte. “A gente terminou agora o Terminal de Igarassu Integrado, vamos fazer o terminal de Camaragibe”, assegurou. Segundo a governadora, as ações fazem parte de um conjunto maior de investimentos em Pernambuco.