Raquel Lyra analisa relação com a Alepe: "muita coisa que aconteceu nunca tinha acontecido com um governador homem"
Ao tratar da representação feminina na política, a governadora destacou os cargos exercidos por mulheres nos poderes estudais e federais. "Só somos duas governadoras no Brasil. E somos 13% no Congresso Nacional.
Publicado: 29/12/2025 às 17:23
Balanço anual de Pernambuco com a governadora Raquel Lyra. (Francisco Silva/ DP foto)
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), afirmou que o embate político vivido ao longo deste ano na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) precisa ser analisado também sob a ótica do gênero. Segundo a chefe do Executivo em sabatina ao Diario, muitas situações enfrentadas por ela não teriam ocorrido se o governador fosse homem.
“Se você for fazer uma análise, muita coisa que aconteceu nunca tinha acontecido com um governador homem”, afirmou. Raquel negou a ideia de vitimização e disse que evitou tocar publicamente no assunto. “Nunca assumi o papel de vítima. E falei muito pouco sobre isso. Porque eu não tô aqui pra ser vítima”, declarou.
A governadora ressaltou o simbolismo de ser a primeira mulher a comandar o Estado. “Eu tô aqui pra ser a primeira governadora de Pernambuco. Eu sou uma mulher forte, represento muitas outras que nunca tiveram vez nem voz e têm medo de participar da política por conta disso, mas tem hora que a gente tem que falar sobre isso”, disse.
Raquel Lyra também destacou que é mais cobrada do que gestores anteriores. “Eu sou muito mais questionada. Eu respondi à primeira CPI da história do Pernambuco, como governadora”. “Todo mundo sabe que eu sou uma governadora honesta. Pode não gostar da minha forma de agir, pode não concordar com o meu governo, mas ninguém discute em Pernambuco a minha honestidade e a minha integridade.”
Ao abordar a representação feminina na política, a governadora destacou os cargos exercidos por mulheres nos poderes estudais e federais. “Só somos duas governadoras no Brasil. E somos 13% no Congresso Nacional. Nós temos uma das piores representações políticas de gênero do mundo”, destacou.
Segundo Raquel Lyra, a presença feminina nos espaços de decisão muda a prioridade das políticas públicas. “Por que não fizeram antes a abertura 24 horas da delegacia da mulher? Por que não fizeram antes uma rede de abrigos?”, questionou. Ela também citou ações nas áreas de habitação, maternidades e creches. “Uma mulher não sai para trabalhar se não tiver onde deixar a sua criança”, pontuou.
A governadora afirmou ainda que, apesar das tensões, a maioria dos projetos enviados pelo Executivo foi aprovada pela Alepe. Questionada se parte dos embates teria sido “para a plateia”, respondeu destacando a necessidade de harmonia institucional. “O que eu preciso é manter uma relação de estabilidade e de harmonia com os outros poderes. Nós vivemos numa democracia”, disse.