Lula diz que só não será candidato em 2026 se houver problema de saúde
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não teme nenhum adversário nas eleições presidenciais de 2026
Publicado: 06/09/2025 às 15:43

Presidente Lula (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 5, que não teme nenhum adversário nas eleições presidenciais de 2026. Apesar de não confirmar que é o candidato do PT no ano que vem, Lula, que completa 80 anos este ano, declarou que as únicas chances de não disputar as eleições é se houver questão de saúde ou surgir um candidato melhor.
"Eu não escolho adversário. Sinceramente, eu já disputei tantas eleições, já disputei com tanta gente", disse, antes de elencar sua trajetória em eleições presidenciais. "Eu tenho uma trajetória política que quem deve estar preocupado são meus possíveis adversários."
Em uma reunião ministerial em agosto, Lula falou no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como seu oponente. Foi a primeira vez que o petista falou em Tarcísio como possível candidato presidencial - o que marcou uma mudança na avaliação anterior, que via Tarcísio como candidato à reeleição do governo paulista.
Na entrevista, o petista não fez menção a possíveis adversários, mas ressaltou que "a extrema direita não vai voltar a governar este país".
Apesar de considerar sua candidatura à reeleição, Lula não confirmou que é candidato. Segundo ele, isso só vai ser definido no ano que vem e depende de sua saúde. "Se eu estiver com o estado que eu estou hoje, com a saúde que eu estou hoje, posso te dizer que eu não tenho duvidas que eu serei candidato a presidência da República", afirmou.
O presidente também se comparou a Getúlio Vargas, que governou o país de 1930 a 1945, falou em mudanças na CLT e se posicionou com relação à tensão entre EUA e Venezuela e a questão Israel e Palestina. Ele também disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro "não é uma figura normal" e defendeu a regulação das redes sociais. Sobre as tarifas dos EUA, o petista declarou que tem encontrado resistência no diálogo com o governo de Donald Trump. Leia abaixo outros trechos da entrevista.
CLT e comparação a Getúlio Vargas
Em uma de suas respostas, Lula relembrou o presidente Getúlio Vargas para afirmar que os dois foram os únicos chefes de Estado brasileiros desde à proclamação da República (1889) a criar políticas de inclusão social. Lula citou a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943 como marco do governo Getúlio e, ao ser questionado sobre a atualidade do regime hoje, disse que ele precisa ser reformado.
"O que você precisa não é acabar com a CLT, é reestruturá-la para adequá-la aos tempos de hoje. Tudo na vida muda e você tem que ir atualizando, mas acabar com a CLT é você acabar com aquilo que de maior segurança o trabalhador brasileiro já tem", afirmou. "Se os empresários quiserem ir acabando com a CLT, vão ter que ficar muito amadurecidos e fazer uma coisa chamada contratação coletiva de trabalho, que muito empresário não quer fazer."
Tensão entre EUA e Venezuela
Questionado sobre de que lado ficaria em um possível conflito entre Estados Unidos e Venezuela, com as tensões crescentes com o envio de navios de guerra americanos às águas próximas ao país sul-americano nas últimas semanas, o presidente falou que o Brasil não tomará partido. "O Brasil vai ficar do lado que ele sempre esteve: do lado da paz", disse.
Desde que as ameaças dos EUA contra a ditadura de Nicolás Maduro escalaram no mês passado, o governo brasileiro tem feito declarações pontuais de rejeição à guerra, que marcaria um conflito em uma das fronteiras do País. Entretanto, o governo brasileiro não se envolveu em conversações diplomáticas em alto nível, em um momento em que tanto as relações com Washington e Caracas estão desgastadas - desde a eleição presidencial da Venezuela no ano passado, Brasília não reconheceu a vitória de Maduro.
"O Brasil é um país que não tem contencioso internacional, nem queremos contenção internacional. O Brasil entende que a guerra não leva nada, a não ser à matança e o empobrecimento. Se tem divergência entre duas nações, não tem coisa melhor, mais barata para se resolver, do que sentar numa mesa de negociação e conversar. Então, o país ficará do lado da paz outra vez", acrescentou.
Conflito Israel-Palestina
O presidente brasileiro também foi perguntado sobre seu posicionamento na questão Israel-Palestina e sobre uma suposta simpatia ao Hamas. Lula rejeitou a ideia de ser simpático ao grupo terrorista, mas reiterou o posicionamento contrário às ações de Israel na Faixa de Gaza, que envolvem o plano de ocupação do território e expulsão de palestinos.
"Se alguém diz que eu tenho simpatia pelo Hamas, é de uma ignorância, de uma má fé e de uma estupidez que não merece crédito. Eu defendo o Estado Palestino", declarou. "Eu sou defensor do Estado Palestino que convida harmonicamente com o Estado de Israel e sou totalmente contra a ocupação de Israel na Faixa de Gaza", acrescentou.
O presidente brasileiro também voltou a declarar a campanha israelense em Gaza como genocídio e disse que a comunidade judaica brasileira - que critica o governo brasileiro pelos posicionamentos com relação ao conflito - deveria repudiar as ações do governo israelense na Faixa de Gaza. "Eu acho que a comunidade judaica deveria mandar uma carta para o [primeiro-ministro de Israel] Netanyahu e dizer que ele não está fazendo guerra contra o Hamas, está matando mulheres e crianças" disse.

