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Política
Julgamento Bolsonaro

Julgamento de Bolsonaro abre debate sobre STF, democracia e chance de prisão

Para a cientista política Priscila Lapa, votos devem ser "duros" e em defesa das instituições; expectativa é de condenações consistentes e remota possibilidade de absolvições

Cecilia Belo

Publicado: 08/06/2025 às 01:00

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na terça-feira as deliberações sobre o veredicto do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe para tentar manter o poder após perder a eleição de 2022/Foto: Sergio Lima / AFP

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na terça-feira as deliberações sobre o veredicto do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe para tentar manter o poder após perder a eleição de 2022 (Foto: Sergio Lima / AFP)

O julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), em meio à análise da conduta do ex-presidente nos atos golpistas de 8 de janeiro, reacende o debate sobre a força das instituições e a possibilidade de prisão do ex-presidente. A cientista política Priscila Lapa avalia que o cenário é de votos consistentes e voltados para a defesa do regime democrático.

Segundo ela, não há dúvida de que o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, “trará um voto duro e com pedidos amplos de condenação”. Ela diz que Moraes deve unir a sustentação legal à defesa da institucionalidade, “aproveitando a oportunidade para reforçar o papel do STF na condução da democracia”.

Priscila acrescenta que os demais ministros devem seguir a mesma linha. “Acredito que também aproveitarão a ocasião para reafirmar os valores democráticos e a força das instituições”, observa. Nesse sentido, ela considera improvável qualquer movimento que fragilize a responsabilização dos acusados.

A cientista política avalia ainda que, dentro do leque de acusações, as relacionadas à tentativa de abolição do Estado democrático de direito tendem a pesar mais. “É por essa via que se torna inviável qualquer processo posterior de perdão ou indulto”, explica. A expectativa, portanto, é de que essa acusação seja central nas penas aplicadas.

Peso da democracia

Sobre a chance de absolvição, Priscila é categórica: “Acredito que muito remota. Podem haver gradações de visões sobre as penas, mas absolvição não”.

Para Priscila, mesmo com divergências pontuais, a tendência é de alinhamento em torno da condenação e de um posicionamento mostra que o julgamento vai além da responsabilização individual. “É uma forma de reafirmar a democracia e evitar que movimentos semelhantes encontrem espaço de legitimação no futuro”, conclui.

O ex-presidente, que responde a cinco crimes, pode ser condenado a uma pena que chega a 43 anos.


Passo a passo e agenda das próximas sessões
O julgamento continua na próxima semana, com sessões extras solicitadas pelo relator, Alexandre de Moraes. A agenda, segundo informações divulgadas pelo STF, está distribuída da seguinte forma:

Dia 9 (terça-feira): 9h e 14h
Dia 10 (quarta-feira): 9h
Dia 11 (quinta-feira): 9h e 14h
Dia 12 (sexta-feira): 9h e 14h

O voto do relator está marcado para o dia 9. Já a sentença, está prevista para ser proferida na sexta-feira, dia 12. A defesa de Bolsonaro alega que não há uma única prova contra o ex-presidente e que a acusação não passa de "uma farsa".

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