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MUNDIAL DE SURFE

Brasileiro Ítalo Ferreira vence Medina na final e é campeão mundial de surfe

Ítalo Ferreira ganha título mundial diante do maior campeão brasileiro do surfe e se junta ao seleto grupo formado pelo próprio Medina e Mineirinho

Publicado: 19/12/2019 às 21:39

Ítalo Ferreira trava combate emocionante com Gabriel Medina pelo título mundial no HavaíO quarto título conquistado pelo Brasil na Liga Mundial de Surfe (World Surf League – WSL, na sigla em inglês) começou recheado de ansiedade. A falta de ondas de qualidade em Pipeline, no Havaí, fez a organização adiar a final por sete dias. Nesta quinta-feira (19/12), enfim, as condições do mar melhoraram e a disputa da taça ficou entre dois compatriotas. O bicampeão Gabriel Medina chegou novamente à última etapa na briga pelo título, mas foi o potiguar Ítalo Ferreira quem ampliou a lista de brasileiros campeões mundiais após uma final alucinante travada entre os dois.

Aos 25 anos, o surfista nascido em Baía Formosa, litoral do Rio Grande do Norte, chegou ao primeiro título da carreira quatro anos após integrar a elite do surfe internacional. Antes disso, Ítalo Ferreira travou um duelo acirrado e emocionante com o paulista Medina, que defendia o título de Pipeline conquistado em 2018, condição que lhe rendeu também o troféu do campeonato na ocasião. O potiguar, porém, provou que o Brasil ganhou o apelido de “Brazilian Storm” (Tempestade Brasileira) nesta última década justamente pela elevada quantidade de talentos no surfe.

Entre os três concorrentes que chegaram com chances de título no último dia da etapa Billabong Pipe Masters, o norte-americano Kolohe Andino foi o primeiro a sair da disputa. Ele caiu ainda nas oitavas de final, restando apenas brasileiros na briga. Ítalo Ferreira levava vantagem por ter chegado à 11ª bateria na liderança do ranking, mas tinha o compatriota na cola. Na prática, Medina precisava terminar na frente de Ítalo para sair tricampeão. Os dois sobreviveram a cada bateria até se enfrentarem em uma final épica.

"Dedico primeiramente à minha avó e ao meu tio, que se foram. Não tenho palavras", comemorou Ítalo Ferreira, antes de cair no choro, emocionadoCom os dois brasileiros que representarão o país na estreia do surfe nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 na decisão, sobrou tubos e aéreos para levantar a torcida que lotava a areia. Ítalo Ferreira abriu a final com um bom tubo, que lhe rendeu 7,83 para sair na frente da disputa. Logo em seguida, o potiguar ampliou a vantagem com outro tubo, para o lado oposto. Medina respondeu com manobra semelhante, de 7,77, em uma final artística diante do mar cristalino do Havaí. 

No surfe, o Brasil pode gritar que é tetracampeão! "Dedico primeiramente à minha avó e ao meu tio, que se foram. À toda minha família. Não tenho palavras", disse Ítalo Ferreira, antes de cair no choro emocionado pela conquista inédita na carreira. 
 
 
"Vencer o Kelly Slater, depois o Gabriel Medina, o Yago Dora também. Só tenho a agradecer. Esses caras me ajudaram a eu estar hoje aqui. Só tenho a agradecer. Tentei fazer o meu melhor"
(Itálo Ferreira, campeão mundial)
 

O caminho dos rivais brazucas até a final 


Ítalo Ferreira é carregado nas areias da praia de Pipeline em comemoração ao título mundial de surfe Com todos os holofotes sobre Ítalo Ferreira, o brasileiro passou para as eliminatórias de Pipeline em segundo da chave, atrás do australiano Billy Kemper. Depois, o potiguar encarou uma sequência de baterias contra brasileiros. Primeiro, venceu Jadson André por 8,53 x 7,20. Nas oitavas de final, somou uma nota de 11,84 contra 4,23 de Peterson Crisanto. E passou por Yago Dora nas quartas, por 15,66 x 13,50. 

Em seguida, encarou Kelly Slater, uma lenda do surfe com 11 títulos mundiais, na semifinal. Aos 47 anos, o norte-americano não conseguiu descer em nenhuma onda boa e somou apenas 2,57, enquanto o brasileiro sobrou com 14,77 pontos. Com a eliminação, Kelly Slater ficou fora dos Jogos Olímpicos que terá a estreia do surfe, em Tóquio, em 2020. 

Medina passou pelas eliminatórias sem susto contra Willian Cardoso e Imaikalani deVault. Depois, voltou a cruzar com deVault, batendo o havaiano por 17,07 x 13,90. Nas oitavas de final, encarou um mar com poucas ondas. Ainda assim, conseguiu um tubo pequeno que lhe rendeu 4,23 e depois usou a interferência como tática para impedir que o brasileiro Caio Ibelli conseguisse descer em uma onda com potencial para ultrapassá-lo. 

As quartas de final reservaram um duelo entre dois bicampeões mundiais: Medina e John John Florence. O havaiano venceu duas das quatro primeiras etapas do ano, mas uma cirurgia no joelho o deixou fora do torneio por mais de cinco meses. Ele voltou sem chances de título.
 
Em Pipeline, John John viu o adversário brasileiro voar literalmente e vencê-lo com ondas de 8,40 e 9,23. A soma de 17,63 superou os 12,33 do havaiano — que ao menos garantiu vaga para representar os Estados Unidos nas Olimpíadas de Tóquio. Medina ainda passou fácil por Griffin Colapinto na semi antes de encarar Ítalo na grande decisão.
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