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Conheça Isa, a representante de Brasília na Seleção feminina
Após 18 anos, cidade volta a ter atleta convocada; ela marcou na estreia com a amarelinha
Publicado: 12/04/2018 às 12:00

Isa, como é chamada, ficou no grupo da Seleção durante uma semana. “Foi uma experiência única. Poder representar o meu país é gratificante demais”, afirmou. Entre as convocadas para os amistosos contra o Paraguai, ela era a mais nova. “Conviver com as meninas mais velhas, mais experientes, tanto na vida quanto no futsal, foi muito bom. Eu pude aprender bastante, tive a oportunidade de conversar com algumas, principalmente com a Amandinha.”
A jogadora quatro vezes melhor do mundo aconselhou a brasiliense a continuar se dedicando e a não desistir dos objetivos traçados. Isa recebeu elogios dela: “Pelo que vi nos treinos, notei que ela tem futuro na Seleção, com um talento incrível. Se mantiver tudo o que faz na Adef-DF (Associação Desportiva de Futsal), com certeza vai vestir essa camisa mais vezes”, apostou.
Em conversa com Tatiana Weysfield, treinadora de Isa, a ala descobriu algo em comum no início da carreira de ambas. Como a brasiliense, também era estressada nos treinos, reclamava das falhas das companheiras e não gostava quando jogadas saíam erradas. “Mas, com o tempo, aprendi, e hoje é diferente. Eu disse que ela tem de ter muita paciência, tem de ajudar, porque as meninas se espelham nela. Elas precisam ter uma boa impressão dela.”
Isa comprovou nos treinos a solidariedade mencionada por Amandinha. “As meninas mais experientes ajudavam as mais novas. Durante a semana em que a gente esteve lá, foi assim o tempo inteiro”, disse a brasiliense.
Nos dois jogos contra o Paraguai — vencidos pelo Brasil por 5 x 2 e 8 x 0 —, Isa conseguiu marcar o primeiro gol com a camisa da Seleção principal. “Foi no primeiro jogo, o quinto da partida. Veio de uma jogada onde a bola foi enfiada no fundo para a pivô, ela dividiu com a goleira e a bola sobrou dentro da área. Eu vim correndo pela lateral e consegui finalizar”, se emocionou. “Eu me arrepiei. Lembrei do que passei para chegar até ali, de todas as dificuldades e eu vou guardar essa semana que tive lá num cantinho bem especial”, emendou a campeã da Taça Brasília (2017) e do Campeonato Brasiliense (2012/2013).
Clínica em Carlos Barbosa
A Seleção Brasileira participou, em março, da 2ª Clínica de Futsal Feminino, em Carlos Barbosa (RS), numa parceria entre a Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) e o Ministério do Esporte. No evento, venceu o Paraguai duas vezes. O técnico da Seleção é Wilson Saboia. Sob o comando dele, a equipe conquistou o penta da Copa América, em novembro, no Uruguai.
Passo a passo
Isa na Seleção
A evolução da brasiliense
» “Ela é uma atleta que tem muita força de vontade, é muito voluntariosa. A gente brinca que tem de colocá-la num cabresto: solta um pouquinho e puxa, solta um pouquinho e puxa. Algumas atletas, principalmente no sub-20 (uma das categorias em que treina Isa, a outra é a adulto), tinham um pouco de receio de conversar com ela, não tinham abertura, então diziam que a Isa tinha tratamento diferenciado. Isso mudou agora, porque ela começou a dar tratamento diferenciado para as companheiras.
Influência da Amandinha
» “Amandinha puxou a Isa, colocou ‘de baixo da asa’ e conversou muito com ela. Mostrou que ser a melhor do mundo não faz você ser superior aos outros. E, a partir do momento em que a Isa ouviu esse exemplo, vindo da Amandinha, decidiu segui-lo. Ela viu que Amandinha ajudava todo mundo, consertava todo mundo, enxergava os próprios erros. Nada melhor do que você aprender por meio do exemplo.”
Emoção no gol
» “Todo mundo fala que eu não tenho coração. Eu estava ao lado do Lavoisier, que foi goleiro da Seleção Brasileira, e conversávamos. Quando Isa fez o gol, Isabela Brasil, treinadora dela no sub-20, começou a chorar. Eu olhei para cima e a Naiara Gresta, fundadora da Adef-DF, também estava chorando. Eu continuei conversando com o Lavo, e ele perguntou: ‘Está todo mundo chorando, menos você?’ E eu falei: ‘Meu coração é de pedra. Ela não fez mais que a obrigação’” (risos). Brincadeiras à parte, foi sensacional ela ter marcado o gol. É uma Seleção adulta. Ela foi uma das primeiras trocas do Saboia (Wilson Saboia).”
Feedback do treinador da Seleção
» “Eu conversei com ele (Wilson Saboia) antes, durante e depois, porque era uma preocupação muito grande com a Isa. Nós temos um problema no Brasil: a tendência de atletas habilidosos serem os maiorais, virarem ídolos e não atletas. Se você não conseguir discernir, não controlar bem, estraga o atleta. A Isa sempre foi diferenciada, desde as categorias de base, então, nós começamos a controlar essa questão para ela não achar que é ídolo. Eu conversei antes com o treinador e falei da nossa preocupação como clube, como formadores de atleta. Essa questão foi trabalhada lá desde o início, ele puxou a orelha dela em alguns momentos, mas elogiou bastante a atuação dela, a atenção nos treinos, a dedicação. Para a gente é gratificante.”
Motivação para o grupo
» “Antes, era uma coisa inatingível, nada palpável, imaginar a convocação de uma menina de Brasília que começou a jogar há seis anos e nunca tinha visto uma atleta da cidade na Seleção. Parte delas nem sabia que já tinha havido alguma convocada. Agora, não. Elas vivenciaram isso, estão lado a lado, conseguem olhar e falar: ‘Se a Isa conseguiu, eu também consigo’. Essa é a verdade. Todas são iguais, todas têm o mesmo trabalho, ou seja, todas têm a mesma oportunidade.”
Visibilidade da capital
» “Com certeza, os olhos estarão voltados para Brasília. Só que a gente não pode se esquecer de que é uma comissão técnica que trabalha muito com ética e moral. O grupo fica junto por pouco tempo. São necessários respeito e coesão entre as atletas. Não adianta ser melhor, você tem que ter o foco para trabalhar em conjunto, porque senão a gente não vai conseguir continuar construindo atletas. Fato é que agora a gente tem a expectativa de, a cada convocação, conseguir uma ou mais convocadas.”
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
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