Entrevista: Leonardo de Deus se diverte com boa fase e sonha com estrelato no Rio-2016
Embalado pelo sucesso no Torneio Maria Lenk, Leonardo de Deus consolida a posição entre os melhores nadadores do Brasil e se diz orgulhoso por treinar no país para as principais competições do mundo
Publicado: 15/04/2015 às 11:50
Leonardo de Deus levou apenas 1m55s19 para chegar, pela primeira vez, ao topo do ranking mundial, na última quinta-feira. O melhor tempo da carreira nos 200 metros borboleta, obtido durante o Torneio Maria Lenk, também foi o melhor do ano e fez o nadador experimentar uma sensação nova: a de ser grande. Coadjuvante na modalidade nos últimos anos, Leo toma o protagonismo. “Comecei a crescer quando percebi que estava pronto para nadar sem ficar na sombra do (Cesar) Cielo, do Thiago (Pereira) e do Nicholas (Santos)”, constata.
Nem mesmo o japonês Daiya Seto, que nadou meio segundo mais rápido e derrubou Leo do primeiro lugar na mesma semana, tirou a felicidade do atleta brasileiro. O resultado no Parque Aquático do Fluminense durante o Troféu Maria Lenk, quando também bateu o primeiro recorde continental da carreira — nos 400 metros livres —, fez Leonardo viver um novo momento de glória. “Nunca estive neste patamar, brigando com os melhores do mundo, tendo adversários reais, e confesso que está sendo bem divertido”, comenta o atleta em entrevista ao Correio.
A arrancada na carreira de Leo de Deus começou após o importante resultado no Pan-Pacífico do ano passado (competição que reúne os melhores atletas de algumas potências no esporte, como Estados Unidos, Japão e Austrália). A prata conquistada no torneio o motivou. “Procurei a melhor equipe possível e comecei a acreditar em mim, a me sentir capaz de uma medalha olímpica”, explica Leo. No trabalho, longas conversas com o psicólogo, atividades semanais de biomecânica e consultas com o fisiologista, além dos árduos treinos diários. A nova atitude do atleta surte efeito na água, colocando Leo no elenco principal da natação brasileira, que busca medalhas nos Jogos do Rio.
Leonardo não quer repetir a campanha olímpica de 2012, quando ficou apagado atrás da prata de Thiago Pereira e do bronze de Cesar Cielo. Em 2016, ele pretende ser estrela. O caminho para isso começou logo no início do novo ciclo. Em 2013, o nadador saiu do projeto PRO16 e procurou um técnico que se encaixasse no perfil dele. Desde então, viu a carreira deslanchar. “No PRO16, treinei e vivi com os melhores. Entendi como funciona a cabeça do Cielo, a frieza e o foco dele. Recebi os conselhos de Nicholas Santos e ganhei a amizade de Thiago Pereira. Mas, quando tem muita estrela junta num time só, não dá certo. São muitos egos brigando entre si”, avalia o atleta, sem querer citar possíveis desentendimentos.
No topo
A “melhor escolha” da carreira, como ele mesmo define, levou o atleta a um crescimento gradual e constante. Depois da decepcionante campanha nos Jogos de Londres-2012 (não passou da semifinal), ele conseguiu ser finalista no Mundial de Barcelona, em 2013; prata no Pan-Pacífico em 2014; e topo do ranking mundial em 2015. Neste ano, o brasileiro tem pela frente o Mundial de Kazan (Rússia) e os Jogos Pan-Americano de Toronto (Canadá) — onde tentará novas medalhas para guardar com o ouro e a prata conquistados em Guadalajara-2011.
A fim de garantir bons resultados nas próximas disputas (determinantes para assegurar vaga no Rio), Leo nada contra a maré e decide continuar em solo verde-amarelo. “Quero conquistar uma medalha olímpica no Brasil, com a preparação que fiz no país. Quero provar que não é preciso sair daqui para ser grande”, conta o nadador, referindo-se aos atletas que buscam treinamento no exterior. “Estou seguro de mim, mais maduro e preparado para a pressão de uma Olimpíada em casa. Chegou a minha vez”, completa, confiante.

