Alemã que está dando a volta na América do Sul de caiaque passa pelo Recife
Freya Hoffmeister, 50 anos, está na reta final da sua aventura pelo continente
Publicado: 02/12/2014 às 21:00
É difícil saber o que levou Freya Hoffmeister, 50 anos, a deixar casa e família na Alemanha, cruzar cerca de 11.500 km e iniciar, em 2011, uma aventura inédita no mundo: dar uma volta no continente sul-americano à bordo de um simples caiaque. Ela mesma não é clara ao tentar explicar suas motivações. Diz apenas que, após empreitadas semelhantes na Austrália e Nova Zelândia, resolveu encarar algo maior. “Já tinha feito isso em ilhas. Agora, queria fazer em um continente”, resumiu.
Certo é que, após três anos e quatro meses, esta aventura se aproxima do fim. O objetivo é aportar em Buenos Aires, ponto de partida da empreitada, em maio de 2015. Do Recife, de onde ela planeja embarcar às 5h, segue rumo a São Luís, no Maranhão. Ela faz essa parte da viagem no sentido contrário porque não encontrou condições favoráveis saindo da capital maranhense. Depois de cumprida essa etapa, volta ao curso natural.É importante explicar que a viagem de Freya não é contínua - e à bordo de um caiaque nem poderia ser. Nesse tempo, quando completava algumas pernas do percurso, ela fazia pausas para voltar à Alemanha e visitar o marido e o filho, de 18 anos. O adolescente, segundo ela, ficou chateado com a decisão da mãe em sair mundo afora. A última vez que se encontraram foi há um mês. Provavelmente foi a última pausa. Até o fim da aventura, a alemã, que calcula remar cerca de dez horas por dia, percorrendo uma distância de 25 km, não fará mais paradas.
“Agora, só volto para a Alemanha quando encerrar”, disse Freya, que contou com a ajuda do intéprete Adelmar Gomes para conversar com a imprensa, nesta terça-feira, no Cabanga Iate Clube, onde ela está reparando o caiaque para seguir viagem. Embora deixe claro toda sua determinação quanto a cumprir o objetivo, em alguns momentos, a alemã demonstra certa ansiedade em chegar ao ponto final. “Quando isso acabar quero descansar bastante na minha cama”, brincou.
AMIZADES
Freya é só elogios ao povo brasileiro. Ela garante ter feito várias amizades durante a viagem. Pessoas que a ajudaram de alguma maneira e que espera retribuir um dia. “As portas da minha casa na Alemanha estarão sempre abertas para todos eles”, afirmou. “Também quero voltar um dia e visitar todas. Sâo pessoas muito especiais”, completou.
TUBARÕES?
Impossível não questionar Freya sobre experiências com tubarões. “Na costa norte da Austrália, em 2009, encontrei com um grande e vários menores”, contou a alemã. O encontro com esse tubrão maior foi tenso. O animal atacou o caiaque. “Cheguei a ver a boca dele. Não tive muito medo, mas a marca da mordida ficou no casco”, afirmou ela, que foi avisada sobre os perigos que poderia encontrar na costa do Recife. “Me avisaram, mas até agora não encontrei nada. E espero continuar assim”.
PROBLEMAS
O momento mais complicado de toda a viagem até agora, de acordo com Freya, foi a passagem do Cabo Horn, o ponto mais meridional da América do Sul. Lá, a alemã enfrentou ventos de mais de 100 km/h. Nunca pensou em desistir, mas, neste momento, refletiu sobre a empreitada. “Foi o único momento. Ali, foi a única vez que pensei em tudo o que estava fazendo. Mas desistir nunca”, garantiu.
NÚMEROS
Início da aventura: 30 de agosto de 2011
Previsão de término: maio de 2015
Até o final da aventura, Freya terá:
passado por 13 países
remado 25 mil quilômetros
utilizado 3 caiaques diferentes

