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ATLÃ?TICO

Marinho volta ao Mineirão após quase 20 anos e vive emoção de torcer pelo Atlético

Ex-ponta-direita assistiu à semifinal com o Colón ao lado do filho e do neto

Publicado: 27/09/2019 às 07:00

Apesar da noite infeliz do Atlético, Marinho realizou sonho de voltar a um jogo no Mineirão O ex-ponta-direita Marinho, que foi ídolo das torcidas de Atlético, Bangu e Botafogo entre o fim da década de 1970 e meio de 1980, vai aos poucos retomando a normalidade da vida em Belo Horizonte ao lado dos filhos, João Marinho, de 42 anos, e Priscilla, de 40. Se na fase de ouro como jogador passou por um drama a partir da morte do filho de apenas um ano e oito meses, na piscina da casa onde morava, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, agora tem experimentando tempos de reencontro. Depois de rever os ex-companheiros do Galo, Marcelo Oliveira, Paulo Isidoro e Heleno, nessa quinta-feira esteve no Mineirão, “onde tudo começou”.

Dessa vez não foi como jogador. “Fazia uns 20 anos que não vinha. Está tudo diferente”, diz. Mas como torcedor. E desde a chegada – estava acompanhado da filha e do neto João Vitor, de 13 anos –, se mostrava maravilhado. “Olha, nem dormi direito, sabendo que viria ver o Galo. As horas não passavam. Não chegava a hora de ir para o estádio. Queria muito estar aqui.”
Marinho posou para fotos ao lado do neto no hall do Mineirão
Desceram do carro, e quando se dirigiam às cadeiras junto aos camarotes, olhava tudo com admiração. “Está tudo muito diferente. Acho que o Mineirão é, agora, o melhor estádio do mundo.” Pelo caminho, um encontro que o fez sorrir. À sua frente, o ex-lateral-esquerdo Paulo Roberto Prestes, que enfrentou atuando pelo Bangu. “Joguei contra ele. Era lateral do Botafogo. Que bom revê-lo.” Recebeu um longo abraço do ex-adversário, que perguntou como ele estava de saúde.

Ao adentrar o Mineirão, ex-atacante não escondeu a emoção
Logo ao entrar no setor dos camarotes, antes do elevador de acesso, parou para tirar uma foto com o neto. Uma enorme réplica de uma bola é o cenário ideal. “Ela é a razão de tudo, a bola.” Dirige-se para seu lugar e logo é reconhecido por torcedores. A todo instante, um pedido para tirar fotos. Marinho atende aos pedidos e sorri. Está feliz. Está de novo no seu ambiente.

Marinho ao lado do ex-lateral Paulo Roberto Prestes
Os primeiros a reconhecê-lo foram o comerciante Guilherme Batista, de 41 anos, e o autônomo Harley Gonçalves, de 38. Marinho quer ver o campo, o gramado, área onde desfilou sua arte. Assim que chega às cadeiras, um comentário. “Que vontade de jogar. Ainda sinto essa vontade. Sonho que estou jogando.” E logo vem o comerciante Rodrigo Dias, de 44 anos. “É ele, o Marinho. Li a reportagem outro dia. Deu título ao Galo.” Abraça e agradece a Marinho. Com o filho Bernardo, de 8 anos, pede para tirar fotos.

E logo surge uma fila de gente cumprimentar e festejar o ídolo. Alguns, mesmo longe de tê-lo visto em atividade, pedem até para que ele 'volte a jogar'. “Você é muito melhor que um monte que está com a camisa do Galo”, diz Juvenil Silva Santos, de 38 anos.

Marinho durante apresentação de banda de rock em um dos camarotes do Mineirão
Nos camarotes, sempre ocorre um show. Nessa quinta-feira, a apresentação foi de uma banda de rock formada por adolescentes, a Poison Gas. E Marinho aproveita para mostrar sua outra arte: a de dançarino. Vai para perto do palco e dança, mostrando que é bom não só de samba, mas também no ritmo do rock. Vem um pipoqueiro, Rodrigo, que o reconhece e lhe dá um pacotão de pipoca. “Ele jogou muito. Merece o meu respeito”, diz o admirador.

O jogo vai começar. Os lugares estão tomados, o estádio, cheio. Marinho se acomoda, com a filha e o neto. Começa a partida, torce, vibra. Reclama de passes errados. “Estão virando bola na direita, mas não tem ninguém do Atlético lá.” Mas daí a pouco, ele se levanta e vibra, punhos cerrados. Gol do Atlético, de Di Santo. Junta as mãos, como se agradecesse aos céus. Comemora. O agora torcedor se emociona com o que, por várias vezes, fez o torcedor vibrar: o gol.

Marinho cutiu cada momento em seu retorno a um jogo de futebol no Mineirão
Vem o segundo tempo. Mas antes disso, muitos cumprimentos por parte de torcedores que estão próximos a ele. Alguns que estavam de pé, antes do jogo, ao reconhecê-lo e vê-lo assentado, trocaram de lugar para que ele pudesse ver o Atlético. E sai o segundo gol atleticano, Chará. Marinho vibra de novo e faz uma previsão que não se concretizaria: “Vai sair o terceiro. Pode esperar”.

Mas no meio do caminho, um erro. “Um pênalti desnecessário. Mas eles vão errar”, previa Marinho. Não adiantou. Ele, no entanto, não desanima. “Ainda dá”, diz. Mas o jogo vai para os pênaltis.

Marinho quer ser profeta. Diz que perderão um pênalti. E acerta. Cleiton defende o primeiro. Como diz, o torcedor, “acredita”. “Eu não gosto de pênalti. Nunca gostei. Era sempre o terceiro a bater, mas não gosto desse tipo de decisão.” Um a um, os pênaltis vão sendo cobrados. Réver perde. Marinho diz que ainda tem jeito. Mas Cazares erra. É o fim. “Adorei vir. Pra mim, o Atlético ia ganhar. Não foi o final que queria, que esperava. Mas assim é o futebol”, diz Marinho, que se despede, mas afirma que quer ver mais jogos do seu Galo onde tudo começou.

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