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COPA DO MUNDO
No Recife, espanhóis se reuniram para assistir Portugal e Espanha pela Copa do Mundo
Comunidade espanhola assistiu ao emocionante empate contra os portugueses no Centro Cultural Cervantes, região central da cidade
Publicado: 15/06/2018 às 21:19
Como no século XV, Portugal e Espanha ainda querem dominar o mundo, mas, hoje, isso significa levar para casa a taça da Copa 2018, onde trinta e dois países disputam para ver quem joga o melhor futebol de todos os tempos. Se antes eles queriam dominar o novo continente, agora, a Rússia, é o lugar em que as duas nações entraram em conflito para serem consagradas como as donas do esporte mais popular do planeta.
No Recife, portugueses e espanhóis se reuniram para ver a partida em duas das maiores representações culturais de seus países. De um lado, o Clube Português atraiu os lusitanos. Do outro, o Instituto Cervantes juntou os hispânicos para gritarem gol.
E quantos gols. Ao todo, a bola balançou a rede por seis vezes. Tudo igual: três para os espanhóis, três para os portugueses. No Instituto Cervantes, muitos brasileiros, latinos e espanhóis assistiam ao jogo. Os donos da casa foram os que se mantiveram mais concentrados na partida, mas todos acompanharam comovidos, o jogo cheio de reviravoltas.
“A essência do futebol é a emoção. Quanto mais gols, mais emocionante fica o jogo. Dessa vez foram seis gols. Muita emoção”, relata o argentino César Pereyra, vestido com a camisa vermelha da seleção espanhola. O autônomo mora no Recife há dezesseis anos e tem uma pequena fábrica de comidas de origem latina. Ele foi o responsável por deixar a partida mais gostosa, fornecendo seus quitutes para os torcedores da Espanha.
Outra argentina, de origem espanhola, era uma das mais empolgadas assistindo ao jogo no local. Ela conta que mora no Recife há seis copas. Veio ao Brasil passar férias e, sem saber que era Carnaval, caiu na folia e encontrou o amor de sua vida no meio festa. Quando se casou, em 1998, mudou-se de vez para a capital pernambucana.
Há tanto tempo vivendo no país do futebol, Patricia Altueña torce mesmo para que a Espanha não enfrente o Brasil, nem o Brasil enfrente a Argentina, nem a Argentina enfrente a Espanha. “Toda Copa eu peço isso”, conta ela.
Logo após o segundo gol de Portugal, que virou a partida para os lusitanos, ao final do segundo tempo, Patricia reclamou, mesmo que em tom bem-humorado sobre o craque português: “Odeio Cristiano Ronaldo. Ele é sortudo. O primeiro gol foi pênalti, o segundo foi um frangasso”. E deu um palpite certeiro sobre o jogador que, supostamente, empataria o placar: “Diego Costa vai deixar tudo igual quando iniciar o segundo tempo”.
E quando o gol do espanhol foi marcado, ela prontamente levantou-se da cadeira e, no meio da comemoração, gritava “Eu falei à chica (repórter) que Diego Costa empataria!”. Para a surpresa de Patricia, que é funcionária do Instituto Cervantes, a Espanha ainda marcaria 3 a 2 no placar do jogo. Felicidade demais para os espanhóis ali presentes que, minutos atrás, acreditavam que o máximo que conseguiriam era sair dali com um empate.
Mas, para deixar tudo mais emocionante, Portugal foi lá e deixou tudo igual de novo, já no fim do segundo tempo. Ronaldo outra vez. A sensação de vitória foi perdida, mas o sorriso continuou no rosto dos torcedores que acompanhavam a partida no centro cultural. Mario Calderón, coordenador do instituto, veio da Espanha e está no Recife há apenas dois meses. Mas se engana quem pensa que ele está triste em assistir sua seleção fora de casa. “Muito emocionante”, diz ele sobre a experiência. “Interessante o valor que o futebol tem aqui no Brasil. Sinto que esta também é minha casa. Me sinto acolhido por todos”, conta o gestor.
O espanhol Teodomiro Alzira é o administrador do instituto e já mora fora do país natal há trinta anos, por causa da profissão do pai, que era diplomata. Torcedor do Real Madrid, ele lamenta a troca de técnico da Espanha às vésperas do torneio. "O time ficou um pouco comprometido, mas eu confio nos jogadores", disse ele.
O espanhol Teodomiro Alzira é o administrador do instituto e já mora fora do país natal há trinta anos, por causa da profissão do pai, que era diplomata. Torcedor do Real Madrid, ele lamenta a troca de técnico da Espanha às vésperas do torneio. "O time ficou um pouco comprometido, mas eu confio nos jogadores", disse ele.
Portugueses e espanhóis brigaram - e continuam na disputa - para conquistar a Rússia - e o mundo - mas, dessa vez, saíram com tudo igual. E nem precisou de Tratado de Tordesilhas para dividir. Só a garra dos jogadores foi suficiente para proporcionar, para quem assistia, um espetáculo no campo de batalha de Sochi.
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