São Paulo liberou Ederson para ficar com goleiro que hoje está na Coreia

Ederson, ex-Benfica, acertou sua transferência para o Manchester City, do técnico Pep Guardiola. Os ingleses pagaram 40 milhões de euros - cerca de R$ 145 milhões - aos portugueses para contar com o atleta para as próximas cinco temporadas, é o brasileiro mais caro da história na posição.
 
O candidato a futuro dono do lugar de Rogério Ceni era Jairo Lourençon. O camisa 1 da Copa Nike e da conquista do Campeonato Mundial era a aposta para a meta tricolor a longo prazo. Hoje, oito anos depois, ele é goleiro do modesto Siheung FC, que disputa a segunda divisão do futebol sul-coreano. No Brasil, Jairo passou pelo Grêmio Maringá, da segundona paranaense.
 
Ederson não figurou nem entre os reservas na campanha que levou o São Paulo sub-15 ao topo do mundo em 2009. O camisa 12 era de Gabriel Miotti, atualmente opção no Audax-SP. No Paulistão, o dono da posição era Filipe Alves.

Decisões erradas

Para o professor de marketing esportivo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Ivan Martinho, não é fácil entender a lógica de mercado de um clube de futebol nas categorias de base. “Existe uma lógica empresarial particular dos clubes. É muito difícil de entender isso, só quem vive os bastidores dos times sabem o que acontece com os atletas da base. É o presidente que escolhe o cara que cuida desse assunto (base), eles que movimentam as peças do tabuleiro”, disse.
 
Com Renan Ribeiro, Sidão e Denis no elenco, é natural que o são paulino se pergunte por qual motivo Ederson sequer apareceu entre os profissionais do clube. Martinho critica a falta de transparência para o torcedor em relação a utilização ou não de jogadores nas categorias inferiores. “É um processo que não é claro para a torcida, para quem acompanha o futebol”, opinou.
 
O São Paulo é um dos clubes brasileiros com mais estrutura para a base, com um centro de treinamento específico para os meninos, em Cotia-SP. Mesmo com toda a organização, a equipe é alvo de críticas de Paulo Henrique Azevêdo, especialista marketing e gestão do esporte da Universidade de Brasília (UnB). “Eles cometem erros inadmissíveis, toma decisões erradas. É injustificável que isso aconteça atualmente, com todas as tecnologias e bancos de estatísticas disponíveis”, disparou.

O lucro do São Paulo

Há pelo menos um consolo para o torcedor do São Paulo que não viu Ederson defendendo a meta do clube de coração. A venda do goleiro para o City deve render aproximadamente R$ 1,7 milhão aos cofres tricolores. O dinheiro virá por meio do mecanismo de solidariedade da Fifa.
 
Os valores exatos de quanto o São Paulo ganhará com a negociação dependem de documentos que o São Paulo deve enviar para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A resposta do trâmite deve ocorrer em até 10 dias.

O mecanismo de solidariedade da Fifa foi criado para premiar os clubes formadores dos atletas em todas transferências da carreira. O período válido para ter direito a uma fatia do montante é entre o 12º e o 23º aniversário.

*Estagiário sob a supervisão de Braitner Moreira