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Torcedores visitantes relatam agressões em jogos do Goiás no Serra Dourada
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Publicado: 21/08/2015 às 11:52

As mais de 2 mil mortes em acidentes de trânsito em Goiás não têm sido a única preocupação de brasilienses que pegam a estrada. Quando vão a Goiânia assistir a jogos das equipes do coração contra o clube alviverde, os torcedores temem virar alvo da violência dos fãs do time local. Relatos de agressões contra visitantes tornaram-se frequentes no estado.
Emboscadas são a forma mais comum de abordar os forasteiros. Os baderneiros tomam camisas e agridem os adversários. Recentemente, um flamenguista divulgou imagens de um ataque em julho, quando a equipe carioca venceu o Goiás no Estádio Serra Dourada. A van com torcedores rubro-negros foi atingida por morteiro e pedradas. Os ocupantes do veículo tiveram braços quebrados e escoriações.
Os números da violência relacionada ao futebol em Goiânia assustam. Em 2011, em um espaço de 11 meses, a capital registrou uma morte a cada 37 dias envolvendo torcedores de Goiás e Vila Nova. O clube alviverde tinha prometido medidas para tentar frear a violência. Neste ano, em reunião promovida pela Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), em Anápolis (GO), integrantes das agremiações dos dois clubes traçaram metas para coibir as confusões. Aparentemente, ainda não houve resultados expressivos.

Em setembro de 2013, o professor Fabiano Rodrigues, 35 anos, foi ao Serra Dourada com amigos para assistir a Goiás 1 x 0 São Paulo. “Por acharmos seguro, fomos de van. Mas, na saída do estádio, a van estava posicionada no contrafluxo”, lembra. O veículo ficou preso, e torcedores do alviverde começaram a cercar os são-paulinos.
“Eu não estava com a camisa do São Paulo, mas acho que um amigo estava, no banco de trás. Começaram a chutar a van e a jogar pedras. Quebraram um vidro, mas a polícia apareceu”, conta. Fabiano também passou aperto em 2010, quando ele e colegas pararam num posto de gasolina para pedir informações. Eles foram abordados por apoiadores do esmeraldino. “Disseram que não aceitavam goianos que torcem para equipes de fora do estado”, recorda Rodrigues, nascido em São Paulo.
Ataques diminuíram?
Desde a criação do Batalhão de Eventos da Polícia Militar do Estado de Goiás, o número de ataques a torcidas visitantes e locais diminuiu consideravelmente. A avaliação é do comandante do batalhão, tenente-coronel Clauber Freitas. “Até uns três anos atrás, tínhamos muitos problemas”, admite.
Freitas conta ter procurado os líderes das organizadas de Goiânia em busca de um entendimento. “Hoje, temos um respeito considerável de todas as lideranças”, assegura. Segundo o tenente-coronel, o Batalhão de Eventos espelhou-se no Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Casos como o relatado por um torcedor do Flamengo, em julho, são considerados “inusitados” pela polícia goiana. “É falta de conversa dos líderes não só de torcidas, mas dos times, especialmente os de cor vermelha, como Flamengo, Fluminense e São Paulo”, aponta Freitas. O rival local do Goiás, o Atlético-GO, adotou vermelho e preto.
A estrutura do Estádio Serra Dourada, no entendimento do tenente-coronel, complica a atuação da Polícia Militar em dias de jogo. Embora entenda o benefício da circulação livre, Freitas pede uma alteração da área interna. “O Serra Dourada é aberto, muito bom para circulação. Mas ele está ultrapassado, é um ‘vovozão’. Teria de ter uma divisão interna”, sugere. A Assessoria de Imprensa do Goiás foi procurada, mas a reportagem não obteve retorno.
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