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ATLÃ?TICO

Deu Galo no jogo dos craques

Jogadores de Atlético e Flamengo, que brilharam na década de 1980, relembraram os bons tempos do futebol arte, no Desafio das Estrelas, ontem, no Independência

Publicado: 19/07/2015 às 11:00

A festa no Independência foi completa, com direito e cinco gols, para a alegria dos torcedoresLuizinho sai jogando com Paulo Isidoro, que lança para Sérgio Araújo cruzar para Reinaldo. Triangulação entre Nunes, Adílio e Cláudio Adão na área. Bons tempos. O futebol agradece. Como num túnel do tempo, atleticanos e flamenguistas voltaram ao passado para reviver a magia do toque de bola e lances geniais, de quem nunca maltratou a bola. No “Desafio das Estrelas”, ontem, no Independência, Atlético e Flamengo festejaram a geração dos anos 1980, que encantou o Brasil e fez nascer uma rivalidade das mais apimentadas e discutidas dentro e fora das quatro linhas. Foi um evento para promover o reencontro de ex-craques, que emocionou torcedores saudosos e fez brilhar os olhos de curiosos.

O clima de festa, abraços e sorrisos esteve presente entre os jogadores até a bola rolar. Saudosismo a parte, nostalgia de lado, quando o árbitro apitou, era para valer. Disputa, pegadas, torcida, reclamações, pressão no juiz.... Com Atlético e Flamengo em campo, não importa o jogo, não importa a época, não importa o peso dos anos ou da balança. Só importa o resultado. Desta vez: 3 a 2, de virada, para o Atlético. Cláudio Adão e Beto marcaram para o rubro-negro e Sérgio Araújo (2) e Euller garantiram a vitória alvinegra para mais de 2 mil torcedores.O amistoso trouxe lembranças para quem viveu aquela época, em campo ou na arquibancada, e conseguiu traduzir para uma geração que só conhece a ebulição deste confronto de histórias contadas ou pela TV. Mas ontem tudo foi bem real. O passado estava lá, preservado. O jeito de matar a bola de Adílio, a marcação de Paulo Isidoro, a inteligência na visão de jogo de Cláudio Adão, o matador Sérgio Araújo, a sabedoria de cortar caminho de Nunes. E mesmo quando as pernas não acompanharam o raciocínio, os jogadores foram aplaudidos.

A torcida fez a festa e tratou de reafirmar a rivalidade nas arquibancadas. Os hinos mostraram a força dos clubes, as vaias ao adversário pipocaram e o árbitro foi cobrado pelos dois lados. O engenheiro eletricista Roberto Márcio, emocionado, contou que foi ao Maracanã em 1980 na decisão do Campeonato Brasileiro, com os dois irmãos. “Foi emocionante. A torcida chamava o Reinaldo de “bichado” e ele ia marcando gols. Hoje, vale a pena reviver. É gostoso”.

A rivalidade entre Atlético e Flamengo nasceu na época em que os clubes tinham dois dos melhores grupos do Brasil, quando jogadores das duas equipes eram destaque e protagonistas na Seleção Brasileira. E tudo ganhou dimensão quando se enfrentaram na decisão do Campeonato Brasileiro de 1980 e pela Copa Libertadores no ano seguinte. Decisões e confrontos memoráveis, que mobilizaram milhares de torcedores, muita catimba, arbitragem questionada, animosidades, enfim, uma disputa que se eternizou na identidade desses dois clubes.

Para Andrade, não existe rivalidade entre eles, todos amigos. “Eram dois grandes times, com jogadores da Seleção Brasileira. Era sempre um prazer enfrentar Cerezo, Éder, Reinaldo”. Ele conta que o time master do Flamengo tem mais de 20 anos, jogam pelo país todo e treinam toda semana na Gávea e com a mesma base. Paulo Isidoro destacou o jogo como uma confraternização. “Não temos o mesmo condicionamento, mas a torcida viu um trato de qualidade com a bola, refinado. Era uma época de jogar com elegância”. Sérgio Araújo, o goleador do jogo, alfinetou: “Sempre vou bem contra o Flamengo”. Adílio enfatizou a amizade. “È uma energia positiva. E o que fizemos se espalhou pelo Brasil, dois times maravilhosos. Não temos a mesma performance, mas ninguém esquece a classe”. Cláudio Adão completou: “O futebol ajuda a manter a forma, a saúde e nos deixa feliz”. E Nunes, o carrasco atleticano, finalizou: “Parabéns ao Atlético pela vitória. Nossa rivalidade é gostosa porque é sadia. Mostramos qualidade para inspirar o nosso futebol, que anda muito feio”.

Além de craques da década de 1980, completaram a festa ex-jogadores dos anos 1990 e 2000. O evento teve o apoio do Estado de Minas, Superesportes, do Portal Uai e da TV Alterosa, todos veículos do grupo Diários Associados. O jogo, que teve dois tempos de 30 minutos, atrasou porque houve um desacerto financeiro. Mas no fim, tudo foi resolvido e a bola rolou redonda.
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