Algo de podre no reino da... França

No apagar das luzes desta – surreal – janela de transferências europeias, o caso da joia francesa Kylian Mbappé, de apenas 18 anos, trouxe à tona novamente um lado obscuro do futebol. Mostrando que o famoso “jeitinho” desconhece fronteiras, o PSG buscou uma alternativa para driblar o fair play financeiro determinado pela Uefa desde 2011: acertar com o Monaco o empréstimo do jogador até o final da temporada, com opção de compra de 180 milhões de euros... não obrigatória! Tamanha ‘generosidade’ gerou desconfiança sobre a existência de um contrato paralelo entre as equipes. Tudo bem que Dmitry Rybolovlev, o multimilionário russo que comprou o clube do Principado em 2011, é reconhecido também por seus atos de filantropia, mas daí a abrir mão dos 180 milhões de euros e, para piorar, ainda reforçar seu principal adversário na luta pelo título francês parece ser um pouco demais.

A ‘desculpa’ do Monaco a respeito da negociação de Mbappé é de emprestá-lo até 2018 para “fazê-lo crescer”. Mas, na prática, a situação é bem diferente. Pelo fair play financeiro, as equipes não podem gastar cinco milhões de euros a mais do que arrecadam por triênio (2015/2018). Em casos de clubes cujos donos tenham patrimônio como garantia para o pagamento (o magnata Nasser Al-Khelaifi, presidente/proprietário do PSG, é membro da família real do Catar), esse valor sobe para 30 milhões. Só que a equipe parisiense, que contratou Neymar por 222 milhões de euros, já estourou até esse teto. Assim, os ricaços teriam feito um ‘acordo de cavalheiros’, em que o PSG seria obrigado a pagar os 180 milhões só em junho de 2018, aí sim concretizando a segunda maior transferência da história do futebol.

Acertos por debaixo dos panos à parte, o fato é que o PSG adotou postura agressiva nesta janela de transferências: além de pagar a multa contratual de Neymar, pois sabia que o Barça não pretendia vendê-lo, fez um acordo direto com Mbappé antes de negociar com o Monaco, o que é proibido e, no mínimo, antiético. Obcecado com a conquista da Liga dos Campeões, quis evitar que Mbappé fosse parar em um dos adversários na luta pela ‘Orelhuda’, como Barcelona ou Real Madrid, que cogitaram sua contratação. Mas até quando esse ‘vale-tudo’ vai prosseguir?

Jean-Michel Aulas, presidente e dono do Lyon, que dominou o futebol local entre 2001 e 2008 apostando na tese do ‘bom e barato’ (investimento na base e garimpo de jovens promessas a baixo custo mundo afora), questionou a ‘estratégia’ do PSG e pediu mais fiscalização, até mesmo do governo francês, caso as regras da Uefa sejam mesmo dribladas. Nesta semana, Aleksander Ceferin, esloveno que comanda a Uefa, disse que “nenhum Estado pode comprar um jogador de futebol”, em um recado direto ao catariano que comanda o PSG. Mas só falar é fácil. Resta saber se alguma providência será tomada (do que duvido muito) ou se, novamente, o poder do dinheiro falará mais alto.

Muito Hazard pra um time
Nesta semana, o Chelsea anunciou a contratação do belga Kylian Hazard, de 22 anos, irmão mais novo de Eden Hazard, um dos astros da equipe. A princípio, Kylian atuará pela equipe B. A estratégia já foi utilizada com o irmão do meio, Thorgan Hazard, que defendeu o segundo time dos Blues e hoje atua no Borussia Monchegladbach, da Alemanha. Irmãos atuando pela mesma equipe não chega a ser tanta novidade assim na Europa. Recentemente, os marfinenses Yaya e Kolo Touré foram companheiros no Manchester City, os mexicanos Giovanni e Jonathan dos Santos no Villarreal, os turcos Hamit e Hamil Altintop no Schalke, e os russos Aleksei e Vasili Berezutski no CSKA, por exemplo. Também há casos com ‘sotaque’ brasuca: os meias Thiago Alcântara e Rafinha no Barça; os laterais Fábio e Rafael no Manchester United; Kaká e Digão no Milan...

Até no feminino
Na segunda-feira, a técnica Emily Lima convocou a Seleção Brasileira Feminina para a disputa de dois amistosos contra a Austrália. E um fato chamou a atenção: a presença de três jogadoras que atuam no futebol chinês: a zagueira Rafaelle, a meia Gabi Zanotti e a atacante Cristiane, uma das estrelas do grupo ao lado de Marta. Novo eldorado da bola, a China investiu pesado nos últimos anos na contratação de jogadores para impulsionar o campeonato masculino. Agora parece querer fazer o mesmo com as mulheres...

Haja coração!
Com mais uma rodada das Eliminatórias da Copa em ação mundo afora, não faltarão opções para os amantes do futebol. Enquanto no nosso quintal, Uruguai e Argentina medem forças para tentar melhorar suas posições na tabela de classificação, na Europa o destaque é o duelo entre França e Holanda. Uma derrota pode reduzir drasticamente as chances da Laranja de chegar ao Mundial da Rússia. E já deve ter time confirmando a vaga hoje mesmo, a começar pela Ásia. O duelo entre Japão e Austrália promete... O México também tem chances de carimbar o passaporte já nessa rodada. Para quem gosta de algo mais ‘alternativo’, há boas opções também no classificatório africano, como Uganda x Egito. É pra ficar o dia inteiro na frente da telinha...

De olho
Ante Córic
O futebol croata já tem um novo talento: Ante Córic, armador de 20 anos de idade. Comparado com Modric e Kovacic – muitos dizem que, na sua idade, é melhor do que eles eram –, o atleta nascido em Zagreb é dono de excelente controle de bola e visão de jogo. Precoce, começou a jogar em 2002, no pequeno Hrvatski Dragovoljac, quando tinha 5 anos. Em 2006, mudou para o NK Zagreb. E em 2009, com apenas 12 anos, já teve a primeira experiência internacional, no Red Bull Salzburg, da Áustria, onde ficou até 2013. Convocado para a Seleção Croata desde o Sub-15, foi contratado pelo Dínamo Zagreb e no ano seguinte já estreou como profissional aos 17 anos. Foi peça fundamental nos bicampeonatos do time no Croata e na Copa da Croácia nas temporadas 2014/2015 e 2015/2016. Suas atuações acabaram lhe rendendo a estreia na Seleção principal, quando tinha 19 anos.