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Mais experiente e pronto para Olimpíada, Raulzinho fala sobre Seleção, NBA e expectavivas

Armador está em Pernambuco descansando antes dos Jogos Olímpicos do Rio

Publicado: 15/05/2016 às 09:00

De férias, Raulzinho está recarregando as energias para disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro[SAIBAMAIS]Enquanto a Seleção Brasileira de Basquete feminina já se prepara para o Sul-Americano e pensa nas Olimpíadas, o grupo de Rubén Magnano ainda descansa. Algo mais do que merecido e necessário para quem vem de uma longa temporada. Caso de Raul Togni Neto, o Raulzinho, que após sua temporada de estreia da NBA se diz pronto para ajudar o Brasil no Rio de Janeiro. De férias em Pernambuco pela primeira vez e hospedado no Village Porto de Galinhas, o armador falou sobre a seleção, evolução desde Londres, possíveis recordes com a camisa verde e amarela, primeiro ano na liga norte-americana, sobre os jogadores que enfrentou e até deu seu chute para quem será o campeão da temporada 2015-16.

O que o Magnano tem conversado com vocês sobre as Olimpíadas?
A maior preocupação do Magnano é o que cada jogador vai fazer nesse tempo de férias. Na maioria das vezes o jogador se acomoda e não chega com um preparo físico tão bom quanto o esperado. Acho que essa é a maior preocupação dele. Ele falou um pouco sobre as datas de treinamentos, como devemos estar focados para as Olímpiadas e como serão os treinos. Acho que a grande mudança foi essa preocupação com o que vamos fazer nas férias.

E sobre a questão tática? Já houve alguma conversa sobre isso?
Sobre isso não conversamos, até porque já estamos há quatro anos juntos e já sabemos como funciona. Cada um já sabe como são as questões táticas, as jogadas. Ele não vem falando sobre isso agora. Lógico que quando começarem os treinamentos, ele irá mudar algumas coisas, mas não devem ser tão radicais assim.

" O que passou desde as Olimpíadas até agora me fez uma pessoa melhor"Existe alguma chance de vermos você e o Huertas em quadra ao mesmo tempo?
Acho que quando tivemos dois armadores em quadra, tiramos um pouco a responsabilidade do outro. Essa responsabilidade de levar o time para frente é compartilhada. Agora, se eu e o Huertas vamos jogar juntos é outra história. Não sei ainda. Ele nunca colocou eu e ele juntos na quadra. O que ele decidir vai ser bem pensado.

Como foi recebida a noticia da lesão do Tiago Splitter?
É uma notícia triste não só pela falta dele no time, mas pelo cara que ele é. Ele está na Seleção desde cedo, sempre se dedicou e nunca deixou o Brasil na mão. Agora, com as Olímpíadas no Brasil é muito triste, mas com certeza ele vai dar a volta por cima e vai nos apoiar.

O que mudou no Raul que jogou em Londres para o Raul que vai entrar em quadra no Rio?
Acho que sou outro jogador. O que passou desde as Olimpíadas até agora me fez uma pessoa melhor. Tive experiência de jogar em outro time da Europa, joguei um ano na NBA e minha confiança está em um nível que nunca estava antes. Estou em um nível que sei o que posso fazer em quadra e o que preciso fazer para ajudar meu time. Isso faz diferença. Em 2012, eu era uma promessa, era mais uma aposta. Hoje, eu atuo na NBA e sou um jogador bem mais consistente do que em Londres.

Com apenas 23 anos, você já vai para a segunda, já parou para pensar que em 2028 você ainda pode estar jogando e ser um recordista do basquete nacional (igualando com Oscar com cinco participações em Jogos)?
A gente pensa um pouco, mas eu tive, não a sorte, mas, o trabalho de jogar em Londres. Mas tem que lembrar que se o Brasil não tivesse ficado fora (16 anos das Olimpíadas), muitos outros jogadores teriam essa marca na Seleção. Penso um pouco, mas tento não pensar tanto. Tento pensar no passo a passo para não me atrapalhar.

Falando em atrapalhar, jogar a Olimpíada em casa facilita ou complica? A pressão é maior?
Acho que tem um pouco dos dois. É sempre bom jogar em casa. Te dá uma motivação a mais. Tem esse lado da pressão, mas temos que lidar com isso. Jogar em casa tem o público nos motivando, mas ao mesmo tempo exigindo a medalha e dá um pouco de pressão. Acho que essa força nós vamos precisar.

Existe algum acompanhamento psicológico da CBB com vocês?

Ano passado, na preparação do Pan, que eu participei, mas tive que ir para Utah, teve uma psicóloga, que fez um trabalho bem legal conosco. Não sei como vai ser esse ano, mas creio que eles (CBB) vão continuar esse trabalho conosco. Só acho que não depende de psicóloga. Depende da gente chegar lá preparado e saber lidar com essa pressão pra irmos atrás dessa medalha.

E essa medalha, é um sonho muito distante?

Não acho que é distante. Acho que é difícil. São grande seleções que estarão nas Olimpíadas, mas sei que podemos brigar por uma medalha. Temos um time competitivo e vamos dar o máximo para chegar o mais longe possível.

Então marcar o (Stephen) Curry em uma final é o objetivo?
É o objetivo (risos). O Curry ou quem estiver do outro lado. Temos que estar preparados para encarar quem estiver no nosso caminho.

" Não sei se por causa da idade ou por causa da inexperiência nós não conseguimos", falou sobre ficar fora dos playoffs da NBA81 jogos na temporada, sendo 53 como titular. Números bons para um novato na NBA. O que você espera melhorar para a próxima temporada?
Foi uma temporada muito boa. Eu não esperava ter tantos minutos de quadra e nem essa quantidade de jogos. Quero continuar melhorando e sei que a competição para jogar de armador vai ser mais difícil no Utah Jazz. O Dante Exum (armador australiano que perdeu e temporada por lesão no joelho) vai voltar de lesão. Tem o Shelvin Mack que chegou no fim da temporada e jogou muito bem. Foi até quando eu fui para o banco. Vai ser muito difícil, mas vou aproveitar cada minuto que tiver em quadra e sem pensar nessa disputa de armador.

O quanto a juventude do Jazz (time mais jovem da NBA com média de 24.1 anos) atrapalhou na corrida para os playoffs?
Não sei se atrapalhar é a palavra certa, mas fez a diferença nos últimos cinco, seis jogos. Pegamos o Houston Rockets e Dallas Mavericks, times com jogadores mais experientes. Não tínhamos encarado essa briga direta na reta final e faltou um pouco dessa experiência. Perdemos para o Mavericks e Clippers, que até descansaram jogadores, em casa e isso fez muita diferença. Não sei se por causa da idade ou por causa da inexperiência nós não conseguimos, mas sei que aprendemos com isso e voltaremos bem mais fortes para a próxima temporada.

Conversamos um pouco antes do Jogo das estrelas e você falou sobre às expectativas. Foi o que você esperava? Como foi aquele fim de semana em Toronto?
Foi mais uma festa. Fui com a mentalidade de aproveitar ao máximo. É um jogo que você não se esfoçar muito. É encarado como um fim de semana de descanso e festa. Quem não vai participar do jogo termina indo tirar férias e viajar. Terminei levando meu pai e meu irmão e aproveitei ao máximo.

Em Utah é complicado ser armador por causa do John Stockton (ex-jogador da NBA e lenda do basquete norte-americano)?

É uma pressão a mais. Lá o pessoal sempre fala nas redes sociais e me pergunta se eu vou ser o próximo John Stockton. Lógico que estou longe dele, mas bom ter um exemplo a seguir. Lá todos falam que ele era uma grande pessoa. Não era um “mala”, ou que não dava atenção aos fãs. Era um cara decente e de princípios. São passos a seguir, mas dá sim uma pressão a mais. Pela torcida que viu ele chegar em finais da NBA e ser um grande assistente em quadra.

Alguma torcida especial nesta reta final da NBA? Pelos amigos (Varejão e Leandrinho) ou não tem isso
?
É difícil torcer para alguém lá, agora que estou jogando. Torço pelo Leandrinho e pelo Varejão irem bem nos jogos, mas prefiro ficar neutro na torcida por outro time.

Mas ao menos tem um palpite para quem vai ser o campeão?
Minha aposta era o San Antonio (Spurs), mas ele foi eliminado e agora acredito que dá o Golden State Warriors. Ele estão bem regulares na temporada e se fosse dar um palpite, seria o Golden State.

E o Lebron James? É esse atleta todo mesmo?

Ele é muito talentoso fisicamente. Ele é o jogador com o físico perfeito para o basquete. É um cara forte, ágil, rápido, com um grande salto. Tem tudo que um jogador de basquete precisa ter. Lógico que é difícil fazer uma temporada tão regular quanto o Curry está fazendo, mas ele tem carregado o Cleveland (Cavaliers) e faz a diferença.

Qual foi o jogador mais difícil que você marcou?
O (Russell) Westbrook. Ele faz você se sentir fraco. Ele é rápido, forte e sempre não se contenta em fazer apenas a cesta. Tem que fazer e depois falar alguma coisa. Ele foi bem complicado.

O Curry faz algo desse tipo?
Não. De jeito nenhum. Ele é daquele jeito que você vê na televisão. Faz os gestos deles, dança, mas nada disso. Joguei contra ele quatro vezes e não vi nada. Ele é fora de série mesmo. Nunca tinha visto aquilo de arremessar e nem olhar para a cesta com a certeza que ela vai entrar.

Após uma temporada na NBA e tendo enfrentado todos os times, qual seria seu quinteto ideal?

Se fosse o quinteto deste ano, seria o Russel Westbrook (Oklahoma City Thunder), Stephen Curry (Golden State Warriors), Kevin Durant (Oklahoma City Thunder), Lebron James (Cleveland Cavaliers) e Demarcus Cousins (Sacramento Kings). Mas é difícil escolher cinco. Se eu for parar para pensar depois vou ver que tiveram jogadores que deixei fora.

Raulzinho ficará em Pernambuco até o próximo dia 16 e ainda volta para Utah para se preparar para os Jogos 

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