LITERATURA
Presidente da CBL fala ao Viver sobre a importância da leitura como política de estado
Na 27ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, maior evento literário da América Latina, a presidente Sevani Matos destaca busca por diversidade e dimensão cultural do evento
Por: André Guerra
Publicado em: 08/09/2024 09:05 | Atualizado em: 08/09/2024 10:01
CBL/Divulgação |
Na última sexta-feira (6), a 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, maior evento literário da América Latina, teve início na capital paulista, no Distrito do Anhembi, Zona Norte da cidade. Com uma programação que segue até o dia 15 de setembro, o evento foi marcado pela presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura, junto a outras autoridades do governo.
Mais uma vez, a Bienal trouxe o espaço 'Cordel e Repente', que, nesta edição, homenageia em particular Luiz Gonzaga e suas terras pernambucanas. Ao longo dos 10 dias de evento, o estande tem previsão de mais de 100 artistas de diferentes estados do Nordeste para apresentarem seus livros, músicas, rimas e poesias. O evento, ao todo, conta com o número recorde de 227 expositores. A administração do evento informou que a previsão é de serem recebidas mais de 600 mil pessoas nos 10 dias de evento, o que é um número impressionante.
Em entrevista ao Viver, a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Sevani Matos, falou sobre os destaques desta edição da Bienal.
Como é e tem sido estar à frente desse grande evento após aquela Bienal já enorme que foi a de 2022, agora com a pandemia totalmente superada?
"Acho que, em 2022, as pessoas estavam muito carentes de eventos presenciais, então nós já tivemos um público excelente e acima do esperado; foi até considerada 'a Bienal das Bienais', inclusive. Em 2023, começamos a trabalhar para essa Bienal de 2024 sabendo que ela poderia ser ainda maior - e será a nossa maior até hoje. Temos um número recorde de expositores, um pavilhão totalmente reformado, com os corredores com 10 metros de largura, o que facilita muito o caminhar dos visitantes pelos estandes. E, neste ano, com o tema 'Quem lê faz grandes amigos', trazemos e reforçamos a ideia de que pessoas de todas as idades, gostos literários e todo tipo de cultura podem e devem interagir e aproveitar o evento. A Bienal engloba literatura, música, dança, 13 espaços culturais com diferentes nichos, desde a infância até os autores consagrados."
Como se deu essa escolha da Colômbia como país convidado deste ano?
"O Brasil foi convidado de honra da Colômbia no primeiro semestre desse ano e tivemos uma representação linda, com autores e autoras brasileiros da Amazônia. Foi uma homenagem muito bem feita mesmo. Então nós convidamos a Colômbia desta vez e no estande do país os visitantes vão poder conhecer não apenas autores colombianos, entre clássicos e contemporâneos, mas também um pouco da cultura - com um grupo de dança das planícies orientais, por exemplo, e ainda trazemos eles contando um pouco do ciclo da borracha na Amazônia, já que Brasil e Colômbia inclusive dividem esse território."
Sobre a representação de diferentes regiões do Brasil e, em específico, o sucesso do espaço 'Cordel e Repente' desde sua criação em 2016, o quão importante é para a administração que essa representação cresça cada vez mais?
"Nosso trabalho é sempre ter autores que representem todas as regiões do país. A Bienal é uma porta e uma vitrine para que novos autores divulguem seu trabalho. Muitos já estão nas redes sociais e outros estão iniciando suas vidas como escritores, poetas e contadores de história, então é essencial que o público enorme aqui do evento tenha um primeiro contato presencial com o trabalho deles. Nosso espaço 'Cordel e Repente' é uma representação do Nordeste que já trazemos há algumas edições e este ano teremos mais de 100 artistas de diferentes estados nordestinos no estande. É muito importante para nós essa fusão e essas trocas, porque o Brasil é um país imenso e tão diverso que essa representatividade precisa sempre estar presente. Inclusive porque uma parte significativa da população que mora em São Paulo é nordestina ou filha de nordestinos, então ter um pouco da sua terra presente aqui, na música, na literatura e até na culinária é também uma forma de matar a saudade."
Como a lei regulamentada pelo presidente Lula na cerimônia de abertura, a 13.696, da autoria da governadora do Rio Grande do Norte Fátima Bezerra, vai ser importante para os leitores daqui para frente?
"Essa é uma política de estado muito importante para todos, para o mercado editorial e para os leitores. Esse mercado tem um faturamento anual em torno de 5 bilhões, emprega muitas pessoas, portanto. Um decreto com 10 anos de validade como este vai proporcionar todos os programas de compra do governo de livros literários. Vamos trabalhar com algumas bibliotecas que, em alguns casos, até tiveram que fechar durante a pandemia, mas estão retomando a abertura. O presidente Lula anunciou que os projetos habitacionais terão bibliotecas, que também serão para toda a comunidade. Esse foi realmente um ganho muito grande, inclusive para que o livro chegue nas pequenas cidades. O espaço da biblioteca ou da livraria é um espaço da comunidade, um ambiente de interação, de troca e de conhecimento. Foi um ato importantíssimo e muito simbólico para essa Bienal - e, sobretudo, para as crianças."
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