TEATRO

Adaptação de canção de Chico Buarque, ''LILY'' terá sessão única no Teatro Luiz Mendonça

Espetáculo baseado na música ''A história de Lily Braun'' ganha formato de peça musical com elementos de jazz

Publicado em: 10/07/2024 06:00 | Atualizado em: 10/07/2024 13:43

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
Os desejos, amores, desamores e traumas que marcam a vida de Lily Braun despertaram o interesse de Chico Buarque em 1982. Embora apareça como uma figura secundária no poema O Grande Circo Místico, de Jorge de Lima, onde é apenas uma cantora de casas noturnas, ela é tratada como protagonista em toda sua complexidade na música A História de Lily Braun, uma colaboração entre Chico Buarque e Edu Lobo. Além de conquistar multidões com sua voz cheia de paixão e mistério, Lily transita entre gerações e diversas formas artes, tendo sua história narrada em textos, músicas e apresentações teatrais.  

No ambiente cativante de um cabaré na década de 1920, Lily Braun brilha como uma estrela única e independente, imersa na atmosfera sedutora do palco e distante dos enredos românticos que povoam a vida dos outros. O coração de Lily permanece protegido, resistente à ideia de se render a um único amor. Em certo momento, no entanto, ousa acreditar que o amor pode ser a resposta para a felicidade. Assim, a cantora decide se casar com o homem dos seus sonhos. Porém, o que parecia um conto de fadas rapidamente se desfaz.

A perspectiva buarquiana sobre o conto de fadas melancólico torna-se tema do espetáculo musical LILY, produzido pela Escola Pina Ballet Hall, um espaço de dança e formação de bailarinos no Recife, credenciado pela Royal Academy of Dance, uma das instituições mais prestigiadas do mundo sediada na Inglaterra. A apresentação ocorre no dia 21 de agosto, às 20h, no Teatro Luiz Mendonça. Os ingressos estão sendo vendidos no Sympla por R$ 50,00 (inteira) e 25,00 (meia).

Das luzes do palco à escuridão sufocante de um relacionamento tóxico, a jornada de Lily (Amanda Domingos) em busca da verdadeira felicidade ao lado de seu marido (Ângelo Cristóvão) é retratada nos passos de jazz sob a direção de Valério Cristóvão e o roteiro de Montez Oliveira. “Ela passa a compreender seus limites, identifica o que lhe faz bem e o que a define, e começa a entender o que a motiva a viver. Este é um retrato de muitas mulheres que, por vezes, precisam deixar de lado sonhos, amores e profissões para cuidar de uma relação, de um casamento, de uma casa, entre outras responsabilidades”, comenta Valério. O elenco é formado por 44 bailarinos da Escola Pina Ballet Hall. 

LILY é dividido em dois atos, cada um com uma estética musical específica. No primeiro ato, que narra a vida de Lily no Dancing - o cabaré onde ela se apresentava - as performances são embaladas pelas músicas de artistas como Liniker e Luísa Sonza, que trazem um toque contemporâneo. Já na segunda parte, focada em sua vida matrimonial, predominam clássicos da MPB, como as canções de Chico Buarque e Maria Bethânia. Segundo Valério, a montagem da trilha sonora foi o maior desafio no processo de criação do espetáculo.”O Brasil é muito rico musicalmente, então havia muitas possibilidades a serem exploradas. Acredito que consegui encontrar o caminho certo".

A composição de Chico Buarque e Edu Lobo fez parte da trilha sonora do espetáculo O Grande Circo Místico, em 1983. A produção combinava elementos musicais, ópera, dança, teatro e poesia para narrar a história de uma família austríaca proprietária de um circo, cujo herdeiro, Oto Frederico Kniep, era o apaixonado admirador de Lily Braun. Essa foi apenas uma das referências incorporadas na estética e coreografia da peça musical da Escola Pina Ballet Hall. Os ambientes de cabaré na década de 1920, como vistos nos filmes Cabaret (1972) e All That Jazz (1979), também serviram de inspiração para o trabalho.

O diretor guarda na memória o instrumental de A História de Lily Braun desde a juventude, quando conheceu a versão de Maria Gadú através de sua irmã, uma entusiasta da cantora. Durante a adolescência, sua paixão pela MPB cresceu à medida que se imergia no universo de O Grande Circo Místico. “O que mais me admira na canção é como ela é construída; o uso de cada palavra é tão bem colocado que realmente conseguimos visualizar a história, imaginando Lily e o ambiente ao seu redor. A música conta uma história completa, com começo, meio e fim”.
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