Música

Três décadas passadas a limpo no Classic Hall

Ao lado dos antigos colegas de formação do grupo, Criseverton, Claudinho de Oliveira, e de Dado Oliveira, que entrou para o Soweto em 2009, Belo pretende fazer um show com mais de três horas com hits

Publicado em: 24/04/2024 06:30

 (Thais Marques/ Divulgação)
Thais Marques/ Divulgação
Pedro Cunha
Especial para o Diario

Era início da década de 1990 quando Marcelo Pires, o Belo, foi promovido a vocalista pelos integrantes de um grupo então em ascensão: o Soweto. À época do convite, o cantor era cavaquinista e tocava também em várias bandas de pagode de São Paulo, além de fazer a abertura de shows para grupos como Arte Final, Art Popular e J.B. Samba. O sucesso do Soweto veio a partir de 1994, com o primeiro disco, e, seis anos depois, Belo decidiu seguir carreira solo. Com as canções ocupando lugar há 30 anos no coração e na memória de milhões de fãs, o Soweto retornou aos palcos em uma turnê comemorativa de três décadas de história da banda. Pernambuco é o segundo estado a receber o grupo neste retorno, no próximo sábado, no Classic Hall. 
 
Ao lado dos antigos colegas de formação do grupo, Criseverton, Claudinho de Oliveira, e de Dado Oliveira, que entrou para o Soweto em 2009, Belo pretende fazer um show com mais de três horas com hits como ‘Derê’ e ‘Farol das Estrelas’, e canções que ficaram de fora dos álbuns anteriores. "Vamos cantar músicas que não conseguiram entrar porque na época só podia colocar doze músicas em um álbum", adianta ele.

Nesta entrevista ao Diario, Belo fala sobre a expectativa do grupo com relação à turnê, diz que não saiu do Soweto por divergências, conta sobre suas mudanças pessoais e que Ludmilla e Thiaguinho são, atualmente, os maiores responsáveis por trazer o pagode dos anos 1990 à tona de novo.

Em 2024, o Soweto comemora 30 anos com uma turnê de shows esgotados e um público ansioso por essas apresentações. Você esperava todo esse frisson?
Não esperava da forma que está sendo, mas estou muito feliz e grato por tudo o que tem acontecido na minha vida. E, agora com essa turnê, que tem sido sucesso em todos os lugares. O pagode de volta ao lugar dele, no topo. 

Muitas pessoas conhecem seu trabalho solo, mas não tiveram a oportunidade de te ver no grupo Soweto. Como era fazer parte de um grupo de pagode grandioso na década de 90?
O Soweto é um grupo formado por garotos da periferia que gostavam de boa música. Fazia aulas de cavaquinho e muitas vezes me atrasava para entrar na aula porque perdia a noção do tempo tocando. Tinha um professor que até falava que eu devia fazer o que amava: música. Meu amigo de infância Buiú (morto em 1997) que me levou para o grupo. No começo, eu não era o vocalista, tocava cavaquinho. Um dia o vocalista faltou e como eu sabia todo o repertório, por tocar instrumento de harmonia, assumi o vocal. Eles amaram e eu me tornei o vocalista. E o Soweto foi o grupo que me projetou no mercado nacional.

Você deixou o grupo e seguiu uma carreira solo há mais de 20 anos e seu nome continua atrelado ao Soweto. Existe explicação para essa ligação? Por que você saiu?
O grupo fez parte da minha trajetória e essa é uma ligação para todo o sempre. Saí do Soweto não por divergência, mas sim porque eu queria fazer um trabalho que não dava para fazer dentro do grupo. Fui muito bem-sucedido porque segui minha linha, abri espaço para outras coisas que eu queria fazer.

Quais eram esses trabalhos que você queria fazer?
Sempre me considerei como um cantor romântico. Queria liberdade para o novo, queria trilhar esses novos caminhos. Sempre gostei de MPB e queria fazer música romântica, e isso não se encaixava no pagode da época.

Você diz acreditar estar na hora de "levar a história do Soweto" a grandes palcos novamente, tal qual o Numanice e o Tardezinha, eventos pautados no pagode dos anos 1990. De onde veio essa ideia?
Não podemos normalizar esse feito que o Soweto está conquistando. Só em São Paulo foram 90 mil pessoas, em dois dias de apresentação. Ludmilla e Thiaguinho, os melhores que nós temos, são também responsáveis por trazer o pagode 90 à tona de novo. A gente vive um momento lindo. O Soweto é um dos principais representantes do segmento e a gente merece fazer uma comemoração dessa magnitude. 

O que a turnê traz de diferente para o mercado da música?
‘Soweto 30’ eleva o pagode a um patamar que nunca deveria ter saído. A gente vem pra mostrar que o pagode nunca deixou de existir. E é tão importante quanto todos os outros ritmos incríveis que o Brasil tem. Temos pela frente mais de 30 shows, incluindo em Portugal e Angola. Quase todo mundo da equipe viveu aquela época da década de 90 e está muito empolgado para relembrar essa história. Os fãs podem esperar muita energia e vontade de fazer o melhor show que Recife já viu.

Na vida profissional e pessoal, o que mudou nesses 30 anos?
Tive um amadurecimento de alma. Posso dizer que meus valores mudaram. Sempre fui muito dedicado ao trabalho e não tinha as minhas prioridades. A música continua sendo meu combustível, a estrutura de tudo na minha vida, mas hoje o tempo ao lado de quem eu amo passou a ser prioridade.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL