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DANÇA CONTEMPORÂNEA

Espetáculo 'DOA, VOA!' estreia com apresentações gratuitas em Recife

Solo de dança contemporânea da artista Duda Freyre articula a relação entre corpo-casa e partilha saberes de bioconstrução em bambu com mulheres de Apipucos

Publicado em: 17/04/2024 10:48 | Atualizado em: 17/04/2024 14:04

 (Foto: Cabocac)
Foto: Cabocac
Nesta quinta-feira (18), estreia estreia em Recife a primeira temporada do espetáculo de dança contemporânea 'DOA, VOA!', que segue em apresentações extras no fim de semana (20 e 21), sempre às 19h30, na sede do Grupo de Idosos Eternos Aprendizes, no bairro de Apipucos, Zona Norte do Recife, com acesso gratuito e aberto ao público. O projeto é realizado pela artista de dança e bioarquiteta Duda Freyre que traz a figura de uma mulher guerreira que carrega facetas ancestrais e contemporâneas.

A artista dialoga com um diafragma com cerca de três metros de palha e com um 'zome' com ripas de bambu amarradas em espiral, como se ele fosse um corpo-casa, uma estrutura que acolhe as entranhas invisíveis e subjetivas. Nas últimas cenas, a mulher, livre e brincante com uma enxada na mão, dança a própria vida. 

A circulação do 'DOA, VOA!', que já esteve no litoral de Serra Grande, no estado da Bahia, é também um processo de troca de saberes com mulheres sobre arquitetura com bambu e palha. Diante de um déficit habitacional de 5,876 milhões de moradias em 2019, o espetáculo vem difundindo conhecimentos básicos em bambu e palha por onde passa, oferecendo um pontapé inicial para pessoas interessadas em bioarquitetura a ter mais autonomia na construção de espaços saudáveis. O trabalho mescla conhecimentos da dança e da construção sustentável, propondo reflexões acerca de estruturas têxteis, fazendo também uma relação entre tecidos musculares do corpo humano e tecidos de estruturas arquitetônicas.
 
Com apoio das parceiras dos trabalhos sociais realizados por Duda Freyre no território, Adriana Bezerra Silva, Graça Nascimento e Conceição Ferreira da Silva, o “zome” de Apipucos foi construído pelas mãos da artista com duas mulheres de outras localidades, onde Duda Freyre tem o desejo de levar também o projeto em momentos oportunos. Foram convidadas para participar da construção da estrutura de bambu que compõe o cenário, sendo elas Alda Arantes, do Coletivo de Mulheres de Jaboatão, e Thamiris Santos, coordenadora estadual do MTST de Pernambuco que mora na zona sul da cidade. 
 
“Eu fiquei muito feliz com o convite que Duda me fez para um treinamento de como trabalhar com o bambu. A gente esteve na construção do zome que é o cenário do espetáculo de dança. Eu que sempre fui amante da dança estou muito emocionada em estar fazendo parte deste projeto que está me ajudando financeiramente também. É uma realização pessoal”, expressa Alda Arantes. “Trabalhar com o zome está me mostrando uma experiência única de desenvolvimento e de aprendizado para passar para outras pessoas. Manusear o bambu me mostrou uma outra realidade de construção, de equilíbrio, de paciência, e me trouxe a esperança de levar uma técnica para dentro da comunidade. Conhecer Graça, conhecer Alda, Adriana, conhecer outras mulheres que são de luta, mulheres que têm um potencial de aprendizagem dentro do seu território, está me fazendo muito feliz!”, demonstra Tamires Santos. 

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