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MÚSICA

Duda Beat renova sonoridade, mas não perde essência em novo álbum

Duda Beat se mostra renovada e amadurecida em Tara e Tal, seu terceiro álbum, onde desbrava ritmos da música eletrônica e mantém musicalidade pop que a consagrou

Publicado em: 15/04/2024 11:45 | Atualizado em: 15/04/2024 11:59

Duda Beat projeta turnê de Tara e Tal para o restante do ano (Crédito: Gabriela Schmidt)
Duda Beat projeta turnê de Tara e Tal para o restante do ano (Crédito: Gabriela Schmidt)
Atualmente, muitos artistas esbarram na pasteurização da música contemporânea e não estabelecem uma identidade sonora própria. Porém, há os que conseguem explorar diversas vertentes e serem reconhecidos de bate-pronto. Ao dar o play em Tara e Tal, novo álbum de Duda Beat, pode demandar algum tempo para assimilar a mistura de influências que desemboca na nova vibe eletrônica - mas o beat da artista não deixa dúvidas: é dançante, romântico e pernambucano, como sempre foi.

Numa mescla de maturidade e ousadia, Duda Beat lança mão de referências do passado, como dancehall e boombap, e elementos atuais da eletrônica, como lo-fi, EDM e funk. O resultado são 13 faixas prontas para ferver qualquer pista de dança - e acalmar corações. As composições descrevem vivências e reflexões de uma mulher que acorda cheia de questões mal resolvidas e, ao longo de um período, resolve digerir suas mais recentes experiências afetivas, agora buscando um equilíbrio entre a tara – o sentimento que nos leva para a frente, mesmo que desajeitadamente – e o tal – a necessidade de não deixar que os amores líquidos atropelem o crescimento.

Seja na tara ou no tal, Duda celebra as duas faces da feminilidade: da vulnerabilidade ao empoderamento. A artista ressalta a importância das cantoras e compositoras na desconstrução da perspectiva masculina que prevalece na música. “Eu sinto que a gente tem um papel muito grande, não só de liberdade, mas de impor nossos limites, nossas vontades. Acho que a mulher romântica e a mulher sensual não são opostas. Elas se complementam”. A visão feminista já havia aparecido em trabalhos anteriores, mas a mistura de elementos improváveis torna o álbum tão complexo musicalmente quanto as emoções humanas mencionadas nas letras.

Sucessor de Sinto Muito (2018) e Te Amo Muito (2021), Tara e Tal se desvencilha das amarras de “sofrência pop” sem comprometer a essência musical que levou Duda às conquistas no Troféu APCA (2018) e no Grammy Latino (2021). “As pessoas já sabem quem eu sou. Me sinto bem confiante em fazer mais misturas e ir um pouco além do meu próprio limite já estabelecido”, salienta a cantora. Em Na Tua Cabeça, ela enfatiza o sentimento “mais leve” que está presente no disco e se estende à nova fase da sua carreira. “Se eu vivia chorando os meus lamentos, nem me lembro, foi com Deus". 

A sofrência amorosa dá lugar às inseguranças e desejos íntimos do ser humano. Para isso, Duda Beat buscou em si mesma a inspiração para externar suas vulnerabilidades mais profundas, uma tarefa que não foi complicada para quem ostentava sinceridade na roda de amigos. “Eu só aumentei o meu grupo de amigos. Agora mais pessoas sabem das minhas coisas”, disse em meio a risadas. "Faz parte da minha cura pessoal botar para fora. E acaba curando outras pessoas também que escutam e se sentem motivadas a se amar depois de ouvirem as canções”, completa. 

Separados pelo mangue, Duda e Chico Science fazem o mesmo beat. Influenciada pela ousadia de Chico, Eduarda Bittencourt incorporou o movimento manguebeat em seu nome artístico e na filosofia de carreira “Essa autoestima que eu tenho no meu trabalho, principalmente em misturar diferentes ritmos, vem muito dele”. Lúcio Maia, ex-guitarrista da Nação Zumbi e amigo pessoal da cantora, colaborou em Drama - faixa de abertura do álbum. A parceria se torna mais significativa no momento que ocorre justamente em abril, quando Da Lama ao Caos (1994) completa 30 anos. Liniker também faz uma participação especial na gravação da música Quem me dera.

Além do terceiro álbum, outros projetos estão em andamento - entre eles a próxima turnê e novas parcerias. “Meu principal objetivo esse ano é ir para o máximo de lugares que eu puder com essa turnê nova”, revela. O trabalho não para, mas é prazeroso para Duda Beat. “A gente trabalha demais em ano de lançamento de álbum, mas trabalhamos com muito prazer, porque a gente vê se realizando uma coisa que só estava dentro do estúdio”.

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