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Naná 80, patrimônio imortal

Museu de Arte Afro-Brasil abre sala batizada com o nome de Naná Vasconcelos, que completaria 80 anos em 2024, ano de celebração de seu legado

Publicado em: 23/02/2024 06:03 | Atualizado em: 22/02/2024 22:51

 (Arquivo Secult-PE)
Arquivo Secult-PE
Uma das mais importantes personalidades da música pernambucana completaria 80 anos em 2 de agosto de 2024 e terá seu nome continuamente eternizado. Naná Vasconcelos, listado reiteradamente entre os maiores percussionistas do mundo, nos deixou em 9 de março de 2016, aos 71, e recebe agora uma celebração especial através do Museu de Arte Afro-Brasil Rolando Toro (Muafro Recife), no Recife Antigo, que abriu ontem as suas portas a partir das 17 horas intitulando uma sala com o nome do artista.
 
Hoje, às 10 horas, haverá uma solenidade fechada no núcleo de extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco, para tomada de posse dos membros que farão parte da recém-inaugurada Cátedra Naná, incluindo artistas nacionais e internacionais. Já no domingo, haverá a “Roda para Naná”, no Muafro, com a presença dos alunos da cátedra e do músico Nelson Angelo para um papo sobre o percussionista, seguido de um cortejo que segue até a estátua em homenagem a ele.

Viúva e curadora da obra de Naná, Patrícia Vasconcelos participou de uma roda de conversa com Moisés Santana, Pró-reitor da UFRPE e coordenador da escola de Música Naná Vasconcelos, Junior Afro, diretor nacional do Sistema de Cultura MINC, a diretora do museu Lúcia Helena Ramos e Nelson Angelo.
Patrícia vem conversando com Lúcia, que deu a ideia para a abertura desta sala há mais de um ano, e propôs essa programação especial e com artistas convidados que também dialogam com o trabalho de Naná, um deles é o guitarrista e compositor mineiro Nelson Angelo, que, no início da década de 1970, fez parte do chamado 'Trio do Bagaço' ao lado do percussionista e de Maurício Maestro. 

“Nossa amizade começou no final dos anos 1960. Eu, um menino mineiro e ele um recifense, os dois acabados de chegar no Rio. Esse sincronismo foi a base de uma história intransferível. Tocávamos juntos, procurávamos conhecer pessoas ali na cidade, mas não sabíamos de quase nada ainda. Fizemos muitas coisas juntos nos anos seguintes e o resto é história. Nessa programação, dou a minha contribuição com muito prazer, respeito e alegria”, afirma Nelson ao Viver.

De acordo com a viúva do artista, essa é apenas uma das fases da celebração do legado de Naná que seguirá em outros eventos ao longo do ano. "Um tempo atrás, Lucinha me perguntou o que eu achava de uma sala no Museu dedicada a ele e eu achei a ideia maravilhosa, mas sugeri ainda que a gente aproveitasse a oportunidade para fazer um evento completo, dando continuidade a essa celebração, que começou na homenagem do carnaval de Recife, de todo o imenso legado que Naná deixou. A ocupação do Espaço Itaú Cultural em São Paulo, que vai acontecer a partir de julho, é mais uma fase desse ano celebrativo", conta Patrícia.

"Para mim, todo esse processo de honrarias é muito significativo, principalmente porque Naná era muito mais do que a música dele. Naná entrou na educação com seus projetos originais, atingiu a socialização de muitas pessoas. Quando vejo a cátedra da universidade, por exemplo, me emociono demais porque é a demonstração da continuidade desse trabalho dele, que inspirava as pessoas a se aprofundarem e construírem embasamento na educação artística. Sinto que essa miscigenação, representada pela variedade de segmentos da cultura que estamos querendo fazer participarem desse ano de homenagens, tem tudo a ver com quem ele era. Quanto mais se divulga essa memória de Naná, mais vemos, outras correntes de mobilização", completa.

"É um ano em que temos de reforçar a importância de um percussionista mundialmente premiado e que levou Pernambuco para o mundo. Naná tinha uma visão muito ampla do que é a arte: ele dizia que o primeiro instrumento que nós temos é a nossa voz e o segundo, o corpo. Ele via música em tudo com o que a gente se relaciona e, como percussionista, ele era alguém que escutava os sons do mundo e transformava tudo com sua arte", destaca Lúcia, curadora do museu. "Nossa ideia com o Muafro é que ele seja um museu vivo, com oficinas de dança, grupos de estudo em arte e cultura negra, ensaios de teatro. A expectativa é que esse momento possa da melhor forma possível retribuir a alguém como Naná”.


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