MÚSICA
Paulinho da Viola chega ao Teatro Guararapes com turnê de celebração de seus 80 anos
Por: André Guerra
Publicado em: 18/05/2023 18:06
Paulinho da Viola mescla clássicos e surpresas - e reflete sobre as maiores influências de sua carreira. |
Não poderia haver melhor forma de Paulinho da Viola celebrar as suas oito décadas de vida do que festejando toda a riqueza musical que inspirou suas melodias, letras, acordes e poesia. Essa turnê, que estreou no ano passado, no Rio de Janeiro, chega ao Teatro Guararapes, em Olinda, nesta sexta (19), às 21h30, com a promessa de emocionar tanto quem acompanha a carreira do artista desde os tempos do show histórico 'Rosa de ouro', quando o jovem Paulinho subia no palco pela primeira vez ao lado de grandes nomes da época, como também as gerações que já o conheceram como uma das maiores lendas da MPB.
A memória afetiva do Príncipe do Samba vai dar espaço para algumas canções que nunca foram gravadas e, consequentemente, o público pode aguardar algumas surpresas, desde novas interpretações de clássicos até pelo menos uma composição inédita que deve abrir o espetáculo. 'Foi um rio que passou em minha vida', 'Coração leviano', 'Timoneiro' e 'Sinal fechado' já estão garantidas no repertório, além de outras faixas antológicas.
Em entrevista exclusiva ao Viver, o cantor refletiu sobre as diversas sonoridades e fases da música brasileira que tiveram peso direta ou indiretamente na sua obra. “Nós, artistas, somos influenciados por tudo o que está à nossa volta. Eu tive uma formação, a partir do meu pai, que passeou bastante pelo choro tradicional, principalmente, mas ao longo da vida inúmeros artistas de todas as regiões do país me marcaram demais. Um dos exemplos que eu sempre cito é Luiz Gonzaga, que teve um impacto gigantesco na minha infância. 'Qui nem jiló' é uma das músicas que mais me emocionam até hoje - me lembro imediatamente da escola e tantas outras memórias nostálgicas”, relembrou.
A força poética que lançou o nome Paulinho da Viola conquistou alcance popular desde que o artista lançou seu primeiro álbum, em 1968, e o cantor explica ao Viver que nunca se prendeu por nenhuma corrente que o limitasse ou cerceasse suas influências durante todas essas décadas. “Em nenhum momento o processo da minha criação foi racional no sentido de parar e dizer 'vou romper padrões ou gêneros'. Tudo aconteceu naturalmente”, afirmou, aproveitando para compartilhar uma antiga memória com relação à chegada do rock no Brasil.
“Confesso que nessa época, na década de 1950, pela primeira vez estranhei de verdade um estilo musical. Quando Ao balanço das horas' estreou, pessoas chegavam a destruir salas de cinema e aquilo me chocou demais, pensei ‘que música é essa que faz as pessoas destruírem as coisas?”, riu. “Mas com o passar dos anos, você amadurece a sua arte, convive com diferentes artistas, incorpora estilos à sua música e, mesmo que, em algum momento, eu tenha rejeitado o rock, não demorei a entender a importância dele para a cultura brasileira”, completou.
Discorrendo sobre clássicos divisores de águas da MPB, Paulinho aproveitou para aconselhar as novas gerações de artistas a eliminarem qualquer tipo de preconceito da sua visão de mundo para que consigam expandir verdadeiramente sua arte. “Se eu tivesse que citar duas músicas que marcaram o século passado e, consequentemente, a minha vida, diria 'Carinhoso' e 'Asa branca', que foram fundamentais na formação de inúmeros artistas também. Mas eu considero todas as épocas importantes, já que a riqueza e variedade da nossa arte está sempre presente. O artista tem que eliminar os preconceitos e pré-julgamentos, procurar se informar sempre e ouvir o outro com atenção. Ninguém é obrigado a gostar de tudo, mas eu também não posso condenar nada porque, se existem milhões de pessoas ou mesmo poucas que são sensibilizadas por algo, significa que existe poesia ali em algum lugar.”
COMENTÁRIOS
Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS