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Unlimited Love marca a volta de Frusciante e da magia nostálgica dos Red Hot Chili Peppers

Publicado em: 02/04/2022 11:22 | Atualizado em: 02/04/2022 12:24

O guitarrista (de jaqueta) passou dez anos longe da banda com a qual gravou álbuns lendários, como o Californication (Clara Balzary/Divulgação)
O guitarrista (de jaqueta) passou dez anos longe da banda com a qual gravou álbuns lendários, como o Californication (Clara Balzary/Divulgação)


Primeiramente, o leitor tem o direito de saber: o jornalista que assina este texto é parcial quando o assunto é Red Hot Chili Peppers. Tem o símbolo da banda (o famoso asterisco) tatuado no braço direito, todos os CDs, a maioria dos DVDs e livros, um guarda-roupa abarrotado de camisas do grupo de rock californiano e o canhoto de quatro ingressos de memoráveis shows no Brasil. Madrugou na sexta-feira à espera de Unlimited love nas plataformas de streaming e, logo após escrever estas linhas, peregrinou para ampliar a coleção com o lançamento.

É o 12° álbum de estúdio dos RHCP e o sexto com o guitarrista John Frusciante, cuja celebrada volta no lugar do seu pupilo, Josh Klinghoffer, ocorreu no fim de 2019, exatos dez anos após a sua segunda saída - John já tinha ficado ausente de 1992 a 1998, sendo substituído por Dave Navarro (do Jane's Addiction) no excelente One hot minute (1995). A pandemia retardou o retorno de fato, mas rendeu um bom tempo de imersão e gravações com o quarteto mais importante da trajetória de quase 40 anos do grupo: John, o vocalista Anthony Kiedis, o baixista Flea e o baterista Chad Smith.

Nos estúdios, retornou também a mítica figura de Rick Rubin, cuja discografia marcou era do hip hop ao metal e aqui nem cabe o tanto de trabalhos lendários. Rick e John estiveram juntos no Blood sugar sex magik (1991), Californication (1999), By the way (2002) e Stadium Arcadium (2006). O que, para quem conhece, já justifica toda a ansiedade acerca deste novo trabalho - além do hiato de quase seis anos desde o último disco do grupo, The getaway.

A volta de Frusciante, por si só, justifica ouvir os 73 minutos, divididos em 13 faixas, de Unlimited love em volume máximo e com bom fone de ouvido - consulte um otorrino, em caso de incômodo. A guitarra está visceral, especialmente em músicas como The heavy wing, The great apes, Black summer e These are the ways. Tem ainda uma pegada eletrônica, estilo do qual John vinha se aprofundando na carreira solo (que, por sinal, merece atenção).

John gravou em 2020 o álbum solo Maya, com pegada eletrônica (Twitter/Reprodução)
John gravou em 2020 o álbum solo Maya, com pegada eletrônica (Twitter/Reprodução)

Essas duas últimas canções, inclusive, são acompanhadas de ótimos videoclipes, marca registrada da banda. Black summer foi o primeiro single do disco e tem ares de Californication. O vídeo foi dirigido por Deborah Chow (da série The mandalorian e do filme Obi-Wan Kenobi, ambos do universo Star Wars). Já o clipe de These are the ways, dirigido por Malia James, foi lançado na sexta. Ele traz uma fuga da polícia com um quê de parkour de Anthony Kiedis e tem participações hilariantes de Flea e sua esposa, a estilista Melody Ehsani.

O vocalista, com 59 anos, mostra uma vitalidade invejável nos clipes e também no disco, com timbres bem marcantes e melódicos. Há até o desafio de como Kiedis irá decorar a letra de Poster child, com seus 5 minutos em versos não repetidos - ele que, em shows, costuma ter uns deslizes de memória.

Flea dispensa comentários. Mas se nos discos com Josh ele precisou colocar o baixo sempre em evidência, marcando cada início de canção, com John a história é diferente. É um entrosamento %u201Cde milhões%u201D, como diz a gíria, num alinhamento musical e de almas. E Chad Smith, na bateria, mostra toda sua versatilidade, de músicas pauleiras como Here ever after, ritmadas como Aquatic mouth dance e suaves como Not the one. Um conselho: não deixe de ouvir em modo repeat She%u2019s a lover, candidata a hit.

Muitos acharam o disco um compilado de vários momentos da banda. As três primeiras músicas lançadas, de fato, deram essa pista (principalmente Poster child, bem similar a Walkabout, do One hot minute). Mas Unlimited love vai muito além. Foge do atual mainstream e traz características e sons singulares, mas também resgata o funk-rock do qual se tornaram precursores e toda a magia vintage e um tanto %u201Cmoleque%u201D de quatro, antes de tudo, amigos. A volta de John é como uma volta pra casa, com o acolhimento de quem nem reparou o quanto o tempo passou.

Banda ganhou uma estrela na famosa Calçada da Fama de Hollywood na última quinta (Michael Tran/AFP)
Banda ganhou uma estrela na famosa Calçada da Fama de Hollywood na última quinta (Michael Tran/AFP)

CALÇADA DA FAMA
Na última quinta-feira, um dia antes do lançamento, a banda foi imortalizada com uma estrela na Calçada da Fama, o famoso passeio de Hollywood. Na sexta, além do álbum e videoclipe, o grupo performou no programas de Jimmy Fallon e Jimmy Kimmel.

A turnê da volta de Frusciante, adiada pela pandemia, começa agora, e com um setlist bem diferente do planejado para o retorno. Brasil? Ainda não há data para show no país. Mas este jornalista que vos escreve e até conseguiu ser um pouquinho imparcial na avaliação (ah, vai, dá um crédito%u2026) e uma legião de fãs aguardam com ansiedade.




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