Pernambucana Bell Puã lança single com participações de poetas do Slam das Minas

Foto: Mateus Bernardo/Subverso Lab

Imergindo em outra linguagem artística, a pernambucana Bell Puã lança seu primeiro single, marcando a sua estreia na carreira musical e se revelando ainda mais criativa e sintonizada com a força da expressão de sua arte. A canção Dale foi lançada nesta segunda-feira (28), acompanhada de um videoclipe e está disponível no YouTube e em todas as plataformas digitais.

Dale dá o pontapé inicial à carreira de Bell no Rap, e é repleto de influências que sempre marcaram seus versos recitados. A artista, que conquistou o 1º lugar do Campeonato Nacional de Poesia Falada SLAM BR 2017, atualmente é uma das principais representantes da poesia marginal brasileira.

Desde quando começou a trabalhar com Literatura, Puã já flertava com a música. “Tem sido um desafio grande. Trabalhar com a música é dar melodia, fluidez para os versos de minhas poesias, algo que demanda bastante estudo, já que, apesar de conversarem, a música e a literatura são áreas que funcionam de formas bem distintas”, comenta a artista, que adotou “Maga” como pseudônimo.

Conciliando a rotina da maternidade, estudos e arte, a cantora, como qualquer outra artista do país, precisou se reinventar durante a pandemia e aproveitou para investir mais atenção na já almejada carreira musical. Produzida pelo produtor musical Magno Brito no estúdio Câmbio Sonoro, Dale tem produção executiva assinada pela Bola 1 Produção, que a artista integra ao lado dos produtores Edua Gomes e Rodrigo Ramos.

A música carrega uma sonoridade do Trap e revela as referências que influenciaram a cantora ao longo de sua vida. “Minhas influências musicais paternas passam pela Bossa Nova, MPB, o Baião, enquanto que por parte da minha mãe carioca, aprendi a ouvir o Samba, Funk, Pagode e ícones Pops como Michael Jackson. Mas o Rap é a minha escola, é onde mais me sinto em casa na música. Sempre ouvindo sobre injustiças, deboches e afrontas com o povo preto que tanto gostaria de dizer. Escolhi, com o Rap, dizer também”, explica a artista.

Protagonismo negro
A equipe envolvida em todo processo de produção do clipe é majoritariamente composta por pessoas negras. Para Bell, trabalhar com o time de profissionais conscientes do racismo estruturante da sociedade foi uma forma de mostrar a força criativa do Nordeste.

Encarnando a personagem “Maga”, Bell Puã reforça o valor místico das mulheres negras desta região do Brasil. “Somos magas do litoral, do mangue, do rio, da praia”, explica. “A autoestima e identidade pretas foram pensadas são referenciadas em versos, flows, cabelos, roupas, que destacam o poder que é a existência negra nesse país, apesar do genocídio, do racismo de cada dia”.