Diario de Pernambuco
Busca

MÚSICA

'Espero que o brega chegue no mainstream', diz Pabllo Vittar ao lançar Batidão Tropical

Publicado em: 25/06/2021 16:57 | Atualizado em: 26/06/2021 17:42

Referências da identidade visual foram dos anos 2000, de Mylla Karvalho até Paris Hilton. (Foto: Ernna Costa/Divulgação)
Referências da identidade visual foram dos anos 2000, de Mylla Karvalho até Paris Hilton. (Foto: Ernna Costa/Divulgação)


Há quase 15 anos, Phabullo Rodrigues recebeu da mãe o segundo DVD da Companhia do Calypso (Ao Vivo em Goiânia, 2005), banda paraense do ritmo que era a sensação no Norte-Nordeste naquele momento. Já na abertura, quando a vocalista Mylla Karvalho interpreta Thic Bum com figurino sensual e muita dança, a criança que se tornaria Pabllo Vittar, drag mais popular do mundo nas redes e no streaming, ficou encantada: "Ela surge meio pelada, com um cabelão. Eu já me aceitava, sabia que era uma criança gay. Ver a Mylla me deixava muito empoderada", relembra Pabllo, 27, em entrevista coletiva virtual realizada para divulgar o álbum Batidão Tropical, lançado na quinta-feira (24).

A citação à cantora paraense se explica pela proposta do projeto, composto por nove faixas - três autorais e seis regravações. Batidão Tropical é uma grande ode aos ritmos que marcaram as regiões Norte e Nordeste no começo dos anos 2000: calypso, tecnobrega e forró eletrônico, costurados sob uma ótica pop bastante atual. O uso dessas referências e sonoridades já estão presentes desde os seus primeiros álbuns, algo que foi acentuado em Não para não (2018) e agora chega ao seu ápice num álbum marcado por regravações e pela evolução constante da produção musical de sua equipe.

Leia também: A trajetória de Ânsia, brega pernambucano regravado por Pabllo Vittar
  
Bang bang e Zap zum, por exemplo, são da Companhia. Ânsia, que nasceu em Pernambuco com a Banda Brega.Com, também marca presença (embora Pabllo a tenha conhecido também pela Companhia). Apaixonada é da Banda Batidão, enquanto Não é papel de homem e Ultra Som (tecnobrega transformado em um pop eletrônico poderoso) são da Banda Ravelly. A Lua, canção original ao lado de Ama sofre chora e Triste com T, soa como um sucesso da Banda Calypso. A letra é como uma resposta para A Lua me Traiu. "Ninguém vai pegar / Ninguém vai roubar / A lua me deu Me dê-e-eu / Seu amor".

 (Foto: Ernna Costa/Divulgação)
Foto: Ernna Costa/Divulgação


"Eu cresci ouvindo esses ritmos em casa, em festas de amigos, familiares, então trago lembranças muito positivas", explica Pabllo. "Primeiro, eu ia gravar apenas para mim, para usar em alguns shows. Depois pensei que não poderia usar isso apenas para shows e começamos a ir atrás das autorizações. Do fundo do coração, agradeço a cada banda que me deixou gravar as músicas. Elas fazem parte da minha vida, da minha essência", continua a cantora, que espera que os gêneros musicais explorados não se limitem ao sucesso do álbum:

"Eu espero que o brega chegue no mainstream. Desde o começo, com as releituras, esperei que essas bandas ganhem mais espaço. Foram elas que abriram as portas para mim e estou fazendo agora. Foi tudo muito difícil, mas também muito gostoso. A gente que é gay, de cidade de interior, vive uma infância babado. Essas músicas me ajudaram a passar por tudo aquilo", conta. Das originais, a sua preferida é Lua, que a lembra Calcinha Preta. Das regravações, ela ama Bang Bang. "Me sinto a própria Mylla Karvalho, como uma 'faroeste girl' do DVD".

A antiga vocalista da Companhia do Calypso se converteu evangélica em 2007, por isso deixou a banda. "Ela já mandou mensagem para mim, dizendo que está orando pelo meu sucesso", diz Pabllo. Embora a parceria seja basicamente impossível pelos rumos da paraense, Vittar planeja gravar um show online grandioso (ela citou o espetáculo do grupo de K-Pop BLACKPINK como referência). Nele, poderá replicar mais uma vez tudo o que aprendeu assistindo os DVDs da infância. "Acho bom olharmos para o pop, para o reggaeton, mas temos de bater no peito e ter orgulho do que é nosso. Se orgulhem das suas referências e de onde vocês vêm", finaliza a drag.

Assista ao clipe de Triste com T:

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL