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LITERATURA

Dia do Livro: No Recife, só metade da população é considerada leitora

Publicado em: 29/10/2020 14:34 | Atualizado em: 29/10/2020 14:47

 (Foto: Camila Pifano/Esp. DP FOTO)
Foto: Camila Pifano/Esp. DP FOTO


Expostos em uma espécie de lâmina retirada do caule de uma planta, chamada papiro, os primeiros registros gráficos sinalizavam, ainda na Antiguidade, para um futuro do que atualmente conhecemos como livro, celebrado nacionalmente hoje, 29 de outubro, data que remete à fundação da Biblioteca Nacional do Brasil. Em seguida veio o pergaminho e, na Idade Média, finalmente o papel. A boa aparência da capa, revisão ortográfica e edição bem diagramada começaram a ser ambicionadas a partir de 1455, através do alemão Johannes Gutenberg, responsável por criar a técnica de impressão com letras e símbolos.

Os avanços proporcionaram uma rápida difusão mundial. O crescimento, no entanto, segue caminho inverso há alguns anos, com uma grave crise no mercado editorial. Nos últimos quatro anos, o Brasil perdeu cerca de 4,6 milhões de seus leitores ativos. Atualmente, pouco mais da metade da população no país (52%) tem hábitos de leitura. O mesmo dado se repete no Recife. A queda mais sensível foi apontada entre os leitores da faixa dos 14 aos 24 anos. De 1,5 milhão de pessoas na capital pernambucana, 803 mil são leitores - quem leu inteiro, ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses.


Os recifenses leem, em média, quatro livros por ano. Desses, a maioria leu por vontade própria e também não chegou a ler a obra inteira. O levantamento é da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Instituto Pró-Livro com parceria com o Itaú Cultural, em 208 municípios de 26 estados, entre outubro de 2019 e janeiro de 2020. No Recife, a maioria das pessoas diz não ler por falta de tempo. A questão da paciência e o cansaço mental também pesam no distanciamento da leitura. Apenas 23% leem por gosto, 18% por crescimento pessoal e 18% por atualização ou conhecimento geral.

O interesse pela leitura surge principalmente por livros baseados em filmes ou vice-versa e a indicação de amigos também influencia. Para eles, o fator que mais influencia na escolha é o título, já a indicação dos professores é fator de menos peso. A maioria dos leitores não está em idade escolar ou em formação de nível superior, com os maiores índices entre as pessoas de 40 anos, pertencentes à classe C. E é bem dividido o nível de escolaridade dos leitores: 37% têm ensino fundamental, 32% ensino médio e 31% superior.

Os inúmeros recursos tecnológicos e a exposição às telas que fazem parte da rotina de adultos, crianças e adolescentes, hábito acelerado pela pandemia, são fatores que contribuem para a queda no consumo de livros. Uma solução para contornar a crise é unir a tecnologia ao hábito da leitura. De acordo com a pesquisa, no Recife, 19% leem livros em suportes digitais para e-books. Já o número de pessoas que compram em formato digital é de 25%.

A procura por livros digitais em Pernambuco apresentou um pico de crescimento na semana de 22 a 28 de março deste ano, de acordo com o Google Trends. O período compreende o início da quarentena na maioria das cidades brasileiras. O número se manteve em alta até o final de agosto, apresentando uma queda em setembro, mas retomando o crescimento no meio de outubro. Já uma pesquisa realizada pelo Twitter nos últimos seis meses aponta que 41% das pessoas estão lendo mais durante a pandemia, e os meios mais procurados são os digitais. De acordo com o levantamento, as pessoas passaram a investir mais em hobbies e passatempos: uma em cada três está pensando mais em como ter mais tempo dedicado a isso.

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