CULTURA
Produtores pernambucanos temem bilheterias reduzidas no retorno de eventos culturais
Por: Juliana Aguiar
Publicado em: 04/09/2020 17:20
Foto: Cia Fiandeiros de Teatro/Reprodução/Facebook |
Os eventos culturais deverão ser retomados em Pernambuco na próxima etapa do Plano de Convivência com a Covid-19. O anúncio foi feito nessa quinta-feira (3), em coletiva de imprensa do governo do estado. A data de retorno das atividades, no entanto, ainda não foi definida. Também não foram anunciadas quais as modalidades artísticas serão contempladas com a reabertura.
O protocolo de retomada dividiu os eventos em três categorias: culturais, sociais e corporativos, e o processo de liberação será gradual. A realização de eventos corporativos já terá início a partir da próxima segunda-feira (7), com limite máximo para 100 pessoas ou 30% da capacidade dos estabelecimentos, dentro do horário entre 6h e 22h. A medida será válida para todo o estado.
"Existem os eventos corporativos e institucionais, que são os promovidos por pessoas jurídicas, os eventos sociais, com objetivo de socialização e comemorações, como casamentos e formaturas; e os eventos culturais, que são as apresentações, shows e teatros. Nos baseamos nessa segmentação para fazer uma atualização no plano de convivência", explicou Bruno Schwambach, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco na coletiva.
O produtor Gustavo Agra, da Art Rec Produções, responsável por trazer espetáculos teatrais, musicais e de humor ao Recife, está na expectativa para a retomada. "Já participamos de algumas reuniões com o governo e temos traçado protocolos para a retomada. Estamos cientes das limitações e devemos nos adequar ao que for necessário. Não tem como ser diferente, sabemos que enquanto não tiver vacina não dá pra ser normal, mas já é um primeiro passo", afirma.
Para o produtor, entretanto, a liberação dos eventos culturais só será benéfica para o seu segmento se for autorizada uma bilheteria de pelo menos 1 mil pessoas. "É bem difícil de trabalhar com uma quantidade inferior a mil pessoas no meu segmento. Uma plateia menor que isso não cobre os custos de logística, produção e organização do evento". E completa: "diante desse cenário, estamos trabalhando com a expectativa de retorno somente em 2021".
A mesma dificuldade é enfrentada por Daniela Travassos, à frente da Companhia Fiandeiros de Teatro, situada na Boa Vista. "Provavelmente o retorno será com uma redução grande no número de pessoas na plateia. Reabrir com uma capacidade muito reduzida seria impraticável", frisa. O espaço da Fiandeiros, que abriga as apresentações da companhia, tem capacidade para 60 a 80 pessoas. Caso a redução de 30% imposta aos eventos corporativos se estenda ao setor cultural, a produtora destaca que será inviável abrir as portas.
"Não temos como preparar a toda a estrutura, realizar a montagem, produzir os bailarinos e só apresentar para cerca de 20 pessoas. É um custo muito alto", lamenta. "O nosso espaço muito provavelmente não vai conseguir reabrir neste ano. As coisas vão continuar a caminhar lentamente. Para nós, a reabertura significa um passo seguinte, mas ainda não é esperança", destaca.
Daniela compartilha ainda as dificuldades vividas pela classe artística nesse período. "Queria que junto com a reabertura viesse o pacote completo, com o auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc liberado, novos editais abrindo e uma movimento do poder público em minimizar os prejuízos causados pela pandemia do novo coronavírus, principalmente para os espaços mantidos por grupos de teatro", conclui.
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