CONCURSO
Artista plástico pernambucano disputa vaga na Bienal de artes de Londres
Por: Juliana Aguiar
Publicado em: 09/09/2020 11:45 | Atualizado em: 09/09/2020 19:28
A tela Alienação versa sobre a questão psicológica e a saúde mental da sociedade (Foto: Reprodução/Flávio Gadêlha) |
"Estou bem feliz e agradecido pela repercussão que as minhas pinturas tiveram, é muito bom chegar na próxima fase com essa aprovação. A Bienal é uma competição muito importante e conta com artistas de boa qualidade do mundo inteiro", destaca Flávio Gadêlha, que possui uma longa trajetória na arte contemporânea.
As telas versam sobre a questão psicológica e a saúde mental da sociedade. "É sobre o local onde vivemos, o sentimento de loucura que nos permeia ou a sensação do estar fora do comum. A união de loucos e alienados dentro de uma sociedade. Por isso, destaco o olhar, a questão física, facial, da raiva e do ódio. É um tema latente nos meus trabalhos", explica. De acordo com Flávio, as obras dialoga também com o cenário de pandemia. "A angústia, o isolamento, a carência e a depressão. O medo que nos cerca nesse período de convivência com o coronavírus", completa. A série Pavilhões de Alienados retrata ainda as anomalias humanas, a raiva, o ódio, a inveja, além da luta indígena.
Nos meses isolamento social, o artista se dedicou à pintura, desenhado uma obra por dia, com destaque para a luta dos povos indígenas por territórios. como tema principal. "Queria trazer à luz o descaso, o preconceitos e ganância das grandes potências que está levando ao extermínio os povos indígenas", frisa. A divulgação dos trabalhos está sendo feita através de suas redes sociais (@flaviogadelhafg) e em seu site www.flaviogadelha.com.
Em janeiro deste ano, o pintor integrou o BP Portrait Award, um dos maiores concursos de pintura contemporânea de retratos do mundo, com a obra Palas Atenas seduz Apolo. "O retrato, para mim, é uma maneira de entender as pessoas, penetrar a alma, através do olhar, de gestos e posturas. Tem um sentimento que eu quero passar. Assistir às pessoas vendo a pintura, ver o que elas querem passar”, destaca o artista plástico. “Tudo isso eleva a inspiração que eu procuro. Eu gosto de pintar a família, os amigos e também pessoas desconhecidas, que têm características fortes e me inspiram. Quando pinto coisas despercebidas, elas se tornam muito importantes”, completa.
TRAJETÓRIA
Pintor, escultor, desenhista e gravurista, Flávio Augusto Viana Gadêlha começou carreira artística no início dos anos 1970, com formação na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa. Deu seguimento aos estudos na Escolinha de Artes do Recife, de 1975 a 1977, e, em 1982, concluiu a Licenciatura em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em seguida, passou um tempo em Barcelona, na Espanha.
"Lá, eu procurei ser a pessoa que estava aprendendo, eu me dedicava às telas e ao estudo. Um dia, um rapaz que trabalhava no balcão da loja de pintura me perguntou porque não botava meus trabalhos em exposição. Respondi que era brasileiro e que não tinha espaço ali. Então ele me disse ‘se tu não tens gana, volta para o teu país, mas se tens, vencerás’. Eu fiquei reflexivo e passei a colocar isso como um mantra na minha mente”, declara. “Daí em diante, coloquei meus trabalhos nas galerias, fiz mais de dez exposições coletivas e cinco individuais. E recebi retornos positivos de diferentes e importantes críticos.”
Gadêlha é responsável pela galeria dos imortais do Diario de Pernambuco, pintando retratos de todos os presidentes do jornal desde a fundação. “Eu estou sempre me renovando, faço cursos, viagens, conheço obras de outros artistas. Sem conhecimento, não existe o artista”, afirma. Gadêlha foi um dos fundadores da Oficina Guayanases de Gravura, ao lado de grandes nomes das artes plásticas de Pernambuco, como João Câmara, José Carlos Viana, Gil Vicente e Delano. Em 1987, tornou-se restaurador do Museu do Estado de Pernambuco (Mepe). “Eu pinto desde novo. Minha mãe viu que eu tinha jeito para pintar e me levou para as escolas de artes desde criança, e isso me deu as oportunidades de crescer como artista”, lembra o pernambucano.
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