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ESPECIAL FRANCISCO BRENNAND

O parque mítico, degradado e esquecido

Publicado em: 20/12/2019 12:41

 (Foto: Peu Ricardo/DP)
Foto: Peu Ricardo/DP
Um dos principais legados de Brennand no Recife e cartão-postal da cidade, o Parque das Esculturas, instalado nos arrecifes que se ligam a Brasília Teimosa, está deteriorado e pouco atraente aos visitantes. A escada e o guarda-corpo do píer flutuante, acesso para quem atravessa nos barcos que saem do Marco Zero, estão com tábuas folgadas e parcialmente submersas. Dezenas de esculturas, incluindo as que retratam os santos Cosme e Damião, estão quebradas. Frequentadores reclamam da falta de iluminação e segurança. Os problemas são antigos, assim como o plano de requalificação do espaço, anunciado em agosto do ano passado pela prefeitura, para reposição das peças danificadas. Orçado em R$ 2 milhões, o projeto continua em fase de captação de recursos.

A última revitalização completa aconteceu em 2013. Na época, a obra foi viabilizada pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) e contemplou a recuperação das peças, além de serviços de iluminação. Brennand participou do processo de requalificação. Nesses seis anos sem uma grande ação de manutenção, o parque foi depredado pelo tempo e pelo vandalismo, com várias lâmpadas, fios e materiais diversos furtados e destruídos. “Uma manutenção periódica é realizada, mas o local é alvo constante de vandalismo. Além do projeto de requalificação, com um levantamento completo do que foi furtado, temos previsto um projeto de iluminação cênica para o parque, que queremos tocar no próximo ano, por etapas”, pontuou a secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Ana Paula Vilaça.

O Parque das Esculturas foi inaugurado em 2000 como parte do projeto Eu vi o mundo... ele começava no Recife, em comemoração aos 500 anos do descobrimento do Brasil. O espaço reúne 90 obras de Brennand, sendo a Coluna de Cristal, com 32 m de altura e confeccionada em argila e bronze, a principal peça. Recifenses e turistas podem acessar o local pela água, usando embarcações que saem do Marco Zero, e por terra, pela Avenida Brasília Formosa.

“É algo muito bonito e privilegiado ter um museu entre o rio e o mar, mas a degradação também chama a atenção”, disse o turista carioca Felipe Saul, 24. “Visitei a Oficina quando eu era criança. Só agora conheci o Parque”, completou Felipe. Ele ficou sabendo da morte do autor pelos barqueiros, que ficam no Marco Zero e cobram R$ 5 para fazer a travessia. A baiana Nina Queiroz, 23, também lamentou o estado do ponto turístico. “Uma pena chegar aqui e encontrar esculturas quebradas e piso danificado. Tentei ficar na área sob a escultura (Coluna de Cristal) para ler os dizeres, mas o odor não permitiu”, contou.
 
A “cerimônia”
“Ainda na madrugada do dia 1º de janeiro de 2001, à entrada do Terceiro Milênio, um ruidoso grupo de estudantes desembarcou no Parque de Esculturas, curiosos em visitar a Coluna de Cristal. Chegando ao interior da torre, foram surpreendidos com um ovo de cerâmica, esmaltado de branco, pendurado em um fio de aço. (…) Agindo numa espécie de sobressalto, eles impulsionaram fortemente o ovo fazendo-o oscilar como um pêndulo cada vez mais rapidamente, até que a peça se espatifou contra a muralha de concreto. Sem que nenhum dos moços suspeitasse, a Coluna de Cristal do pintor, escultor e ceramista Francisco Brennand, foi 'inaugurada' naquela noturna e secreta cerimônia, herdada dos egípcios, gregos e romanos, ainda hoje utilizada no batismo dos barcos, quando se estoura uma garrafa de champagne na proa (Diário de Francisco Brennand)
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