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Cinema Menção à Fiesp no filme João, o Maestro, incomodou Alexandre Nero e produção Cinebiografia recebeu apoio da Federação, que desde 2009 patrocina projeto social encabeçado pelo músico

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 19/08/2017 19:27 Atualizado em: 19/08/2017 19:49

Na vida real, projeto criado pelo maestro recebeu apoio da Fiesp e Sesi. Foto: Sony Pictures/Divulgação
Na vida real, projeto criado pelo maestro recebeu apoio da Fiesp e Sesi. Foto: Sony Pictures/Divulgação

GRAMADO - João, o maestro, filme sobre a vida de João Carlos Martins, mundialmente famoso como intérprete de Bach, entrou em cartaz no dia 17 de agosto e apesar de se tratar de uma cinebiografia musical, acabou envolvido em uma polêmica de teor político. Em uma das passagens do longa, ambientada em 2009, o personagem-título, interpretado por Alexandre Nero, se encontra com o então presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf (João Carlos Andreazza), em busca de patrocínio do empresariado para um projeto de cunho social. A menção à instituição incomodou o protagonista e outros envolvidos no longa, revelou a produtora Paula Barreto, em entrevista coletiva no sábado (19), durante o Festival de Cinema de Gramado.

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Segundo Paula, o ator teria ficado reticente em relação à cena, que reconstitui um dos encontros entre João Carlos e Skaf. À época, o músico tentava levantar recursos para manter a Orquestra Bachiana Jovem, fundada e regida por ele. Na cena, o músico propõe que a Federação "adote" um dos mais de 60 integrantes do projeto, custeando as despesas para a formação musical dos jovens. Na sequência, o maestro recebe a proposta de ter toda a iniciativa custeada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) de São Paulo, um dos braços da Fiesp.

As cenas inevitavelmente soam publicitárias, sensação reforçada ao fim da projeção, quando a tela é preenchida por uma série de fotos e textos que enaltecem a contribuição da Fiesp e Sesi para a viabilização do projeto, na ativa até hoje. Segundo Paula Barreto, a inclusão das cenas e a exibição da famosa fachada da Fiesp em tela estavam previstas em contrato. O filme, orçado em cerca de R$ 9 mi, recebeu recursos da Federação e do Sesi.

"Tem saias justas em que a produção precisa entrar. O objetivo não é fazer o filme? Então, vamos lá", afirmou a produtora, ressaltando que a equipe tentou ser prática e seguir as obrigações contratuais, mesmo em discordância com o posicionamento político da instituição. "Sem esse dinheiro não seria possível fazer o filme", afirmou. Barreto também ressaltou que a produção fez o possível para evitar que Alexandre Nero ou outro integrante da produção ficasse desconfortável com a situação. No caso de Nero, o áudio diálogo entre João e Skaf chegou a ser gravado fora de cena, para que o ator ficasse mais à vontade.

O diretor, Mauro Lima, classificou a questão como complexa. "De fato, para ele ser hoje o regente de uma filarmônica, aquilo precisou acontecer na história dele. Se foi a mesma Federação que patrocina aquele pato, é outra coisa", pontua, sobre a inevitabilidade da menção à Fiesp.

*O repórter viajou a convite da organização do Festival de Cinema de Gramado

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