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Televisão Inspiração para série de TV, Drauzio Varella alerta sobre maus-tratos a presos: "Eles virão às ruas" Carcereiros está disponível no serviço de streaming Globo Play

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/06/2017 08:02 Atualizado em: 08/06/2017 19:20

Série Carcereiros é inspirada em obra de Drauzio Varella. Foto: Globo/Divulgação
Série Carcereiros é inspirada em obra de Drauzio Varella. Foto: Globo/Divulgação

O sistema prisional é o tema da nova série da Globo, já disponível no catálogo do serviço de streaming da emissora, o Globo Play. Em 12 episódios, Carcereiros acompanha o agente penitenciário Adriano, interpretado por Rodrigo Lombardi, e os dilemas vividos por ele e colegas de profissão no presídio. A produção, que só estreia em 2018 na grade de programação da emissora, é livremente inspirada na obra homônima de Drauzio Varella. O livro é o segundo de uma trilogia assinada pelo médico e escritor, que começou com Estação Carandiru, em 1999, e terminou com o recém-lançado Prisioneiras.

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Estação Carandiru, que mostra a perspectiva de funcionários da prisão, foi adaptado em 2003 para o cinema. Carandiru foi dirigido por Héctor Babenco e estrelado por Rodrigo Santoro e Wagner Moura. Em 2005, a obra também inspirou a série Carandiru, outras histórias. Em entrevista ao Viver, Drauzio comenta a adaptação do segundo título para televisão. "Há a expectativa de que atinja mais pessoas e também uma curiosidade em ver como essas histórias do livro ficam com atores na televisão", revela o escritor.

Em relação ao livro mais recente, ele descarta adaptação para o audiovisual no momento atual. "Não quero fazer isso agora. Quando você faz um livro, tem que dar um tempo para o livro caminhar", justifica.

>>Entrevista com Drauzio Varella

Você pegou vários pontos de vista dos presídios. O que acha que a série pode fazer refletir sobre o sistema prisional do país?
Acho que vai fazer refletir mesmo e fazer pensar sobre aquele grupo de pessoas que são jogadas na cadeia e são tratadas como bandidos também, o que é uma injustiça. Quem é que segura essa multidão que a sociedade tranca nos presídios? É um tipo de profissional que precisa ser mais prestigiado.

Com a experiência que você tem em relação à crise prisional, por que o Brasil trata tão mal essa questão?
A verdade é que a sociedade quer que a polícia prenda os bandidos. Se todos ladrões forem presos, então posso andar na rua com tranquilidade. Se os traficantes forem presos, nossos filhos não usarão drogas. Essa é uma simplificação, porque, na verdade, você tranca homens e mulheres na cadeia e um dia eles virão para as ruas. Essa superpopulação dos presídios impede que o estado a controle, então, como é que você vai oferecer segurança para 20 presos que estão dentro de uma cela? Aí é que chega o crime organizado para superar isso. Por isso chamam de faculdade do crime, porque os mais novos vão aprendendo com os mais velhos.

Você teve algum tipo de participação na adaptação para a TV?
Não tive nenhuma participação. Eu me reúno a cada duas ou três semanas com carcereiros que conheci ao longo do meu trabalho e convidei os autores para irem lá apenas para ter uma conversa inicial.

Duas obras relacionadas ao tema sistema prisional foram adaptadas para o audiovisual. Você acha que o assunto é bem retratado na ficção?
Olha, acho que até aqui foram bem retratadas. Um filme não pode ser o livro filmado, ele é uma criação do diretor, do roteirista, dos atores, de quem faz aquilo. A pessoa não pode querer encontrar no filme aquilo que tem no livro, por isso, algumas pessoas se decepcionam. Carandiru, no cinema ou na televisão, não era o livro, era adaptação, isso é interessante.

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