Cinema Corra! mescla suspense psicológico e crítica social sobre racismo Filme aborda questões relativas ao preconceito velado de forma eficiente

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 18/05/2017 13:00 Atualizado em: 18/05/2017 16:43

O protagonista, Daniel Kaluuya, é mais conhecido na TV, por papéis em Skins e Black Mirror. Foto: Universal Pictures/Divulgação
O protagonista, Daniel Kaluuya, é mais conhecido na TV, por papéis em Skins e Black Mirror. Foto: Universal Pictures/Divulgação

Já vimos algumas vezes a história do namorado que vai ser apresentado aos pais da moça durante viagem à casa da família em um fim de semana qualquer. Poderia ser a descrição de Entrando numa fria ou comédia similar, mas é parte da sinopse de Corra!, suspense que estreia hoje nos cinemas.

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Escrito e dirigido por Jordan Peele, ator e roteirista de comédias para a TV, Corra! tem o humor utilizado de forma bastante contida, mantendo o foco na atmosfera de estranhamento que é construída logo no início da projeção. De maneira muito natural, Peele toca na questão do racismo e preconceito velado ao mostrar o reticente Chris (Daniel Kaluuya) indo passar alguns dias com a família de Rose (Allison Williams). Tão logo fica sabendo do convite, pergunta à namorada se ela avisou aos pais que ele é negro.

Rose tenta amenizar o receio do namorado, explicando que os pais não são racistas e justifica o argumento dizendo que seus pais votariam em Obama uma terceira vez, se fosse possível. O clima ameno vai sendo quebrado aos poucos, em situações de fácil identificação, como quando um policial branco aborda o casal na estrada e faz questão de pedir os documentos de Chris, mesmo sendo ela a condutora do veículo.

Já na casa dos pais de Rose, uma nova situação incômoda: a governanta e o jardineiro são as únicas pessoas negras nos arredores, uma área habitada apenas por brancos. Cria-se um sentimento de opressão em Chris, sensação agravada quando ele nota algo de diferente no comportamento dos empregados. Eles parecem em alguns momentos intimidados e, em outras situações, intimidadores, como se não estivessem no controle das próprias atitudes.

Sem dar pistas sobre o que está por trás da aparente falsa cordialidade dos pais de Rose e das reações estranhas dos empregados da casa, Corra! segue uma cartilha de suspense psicológico que por vezes lembra Hitchcock. Com subtexto bastante relevante, o filme oferece uma boa mescla de crítica social e entretenimento. Longe do sobrenatural, o grande monstro a ser enfrentado é o racismo.

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