Luto Morre a artista plástica Guita Charifker Aos 80 anos, ela estava internada há duas semanas e será cremada nesta tarde

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/02/2017 10:30 Atualizado em: 03/02/2017 19:35

Artista plástica deixa dois filhos e quatro netos. Foto: Nando Chiappetta/DP
Artista plástica deixa dois filhos e quatro netos. Foto: Nando Chiappetta/DP


Morreu na manhã desta sexta-feira (3) a artista plástica Guita Charifker, aos 80 anos de idade. A desenhista e escultora que desde a juventude mora em Pernambuco passou cerca de 15 dias internada no Hospital Unimed, no Recife. Ela deixa quatro netos e dois filhos, Saulo e Rosaly. O velório está marcado para as 16h no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. A morte de Guita foi sentida na comunidade artística de Pernambuco, que prestou homenagens à artista.

"Guita mãe pintora amiga companheira mulher, que viveu intensamente sugou da vida toda a alegria todas as cores, que brincou, pulou riu viveu. Quando resolveu partir para sua arte sem olhar para trás e viver as suas cores, ficamos aqui torcendo por você, e venceu. A terra ficará preto e branco, mas o céu se encherá de cores, de muito verde, vermelho de flores, de árvores o céu será uma grande aquarela. Vai mãe querida vai em paz, vai feliz certa de que fica aqui todos que a amam muito e sempre vai te amar, você vai mas ficam seus quadros suas cores seu amor em cada pincelada, em cada traço dado neles. Vai mãe amada, mas nunca esqueceremos da mulher forte determinada que viveu e amou a vida. Viva a vida! Viva a vida", escreveu a filha Rosaly.

Guita Charifker durante a juventude. Foto: Acervo Jacques Ribemboim/Divulgação
Guita Charifker durante a juventude. Foto: Acervo Jacques Ribemboim/Divulgação


Paulo Bruscky, artista plástico, ressaltou a importância de Guita para a arte. "Uma das maiores desenhistas que conheço. Estou chocado. Ela tinha uma forma única que a tornava uma das artistas mais importantes". O colega Zé Claudio, também artista plástico, lamentou. "Sua arte era muito pessoal. Ela era indiferente ao lucro, ao mercado. Escolheu se expressar por meio do desenho aquarelado quando o mercado no estado só dá valor a pintura. Suas obras de arte tinham um ar de raridade, já que ela demorava muito para produzir e produzia pouco. Uma grande perda", disse ele.

O economista Jacques Ribemboim, autor do livro Boa Vista: Berço das artes plásticas pernambucanas, era amigo de Guita e destacou a capacidade da artista de traduzir, em suas obras, o que ele chama de "sincretismo judaico-nordestino". "Guita foi uma representante importante daquela geração de egressos do Ateliê Coletivo, que ditou o caminho da arte nos anos 50. Acredito que ela poderia ser uma das principais representantes da geração da Boa Vista, agrupamento de jovens que revolucionou as artes naquela época. Muito bem representou esse grito parado no ar. Guita pintou uma forma de sincretismo judaico-nordestino em que mostrava a sua essência, de origem judaica, com elementos e valores pernambucanos e forte influência das matrizes africanas. Ela era uma pessoa muito mística e única nesse segmento de arte", disse. "Foi uma das poucas pernambucanas que conseguiram tamanho reconhecimento no Brasil", diz ele, citando o destaque que Charifker tinha no país.

A artista já realizou exposições em diversas cidades do Brasil e do mundo, como Hamburgo, na Alemanha, Paris, na França, e Cali, na Colômbia. Sua trajetória na arte começou aos 16 anos de idade. Ao longo da carreira, passou por diferentes movimentos artísticos em Pernambuco e se inspirou no surrealismo para fazer obras com teor erótico. Ela fez parte do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna, no Recife, sob orientação do saudoso Abelardo da Hora.

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