Música Johnny Hooker elogia MC Troinha e critica ausência do brega no carnaval Cantor já havia detonado escalação de Jota Quest para a festa

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 03/02/2017 14:01 Atualizado em: 03/02/2017 14:30

Johnny saiu em defesa de MC Troia. Foto: Instagram/Reprodução e Diego Ciarlariello/Divulgação
Johnny saiu em defesa de MC Troia. Foto: Instagram/Reprodução e Diego Ciarlariello/Divulgação


O cantor pernambucano Johnny Hooker criticou a ausência de MC Troia (Troinha) e de outros artistas de brega dentro da programação principal do carnaval do Recife, divulgada na quinta-feira pela prefeitura da cidade. A manifestação do cantor, revelação pernambucana na cena musical brasileira com o disco Eu vou fazer uma macumba para te amarrar, maldito!, ocorreu depois de ele se mostrar indignado com o fato de ter sido ignorado pela gestão municipal na montagem da grade da folia.

Brega, funk, suingueira e forró estilizado banidos do carnaval

"Acho uma grande injustiça tanto ele (Troia) quanto a galera do brega não estarem na programação oficial também", postou o cantor no Twitter nesta sexta-feira. Antes, ele havia criticado a escalação da banda Jota Quest - ao lado de Titãs, na segunda-feira, no Marco Zero - enquanto ele, "o pernambucano mais tocado na década", estava de fora. A menção ao próprio sucesso gerou resposta de um seguidor e ele foi comparado ao MC através do número de visualizações ne clipes no YouTube. Johnny rebateu e postou listas de audições no serviço de streaming Spotify para sustentar o alcance das músicas.

Postagens no Twitter de Johnny Hooker. Foto: Reprodução/Twitter
Postagens no Twitter de Johnny Hooker. Foto: Reprodução/Twitter


Outro artista pernambucano já havia saído em defesa de MC Troia. O cantor Ayrton Montarroyos usou o Facebook para repudiar críticas dirigidas ao cantor de brega postadas na página oficial do Diario após uma reportagem do Viver sobre a carreira do MC, marcada pelo número alto de shows (quase 50 por mês) e alcance na internet. "Troia é cultura sim", afirmou o pernambucano e ex-participante do The voice Brasil diante dos questionamentos de internautas em torno da música produzida pelo astro morador do Alto José do Pinho, na periferia recifense.

Meio artístico comenta veto do governo a ritmos no carnaval

O debate em torno da visibilidade do brega e da propriedade cultural da música - sobretudo no carnaval - ganhou fôlego também em virtude de um banimento patrocinado pelo governo do estado em relação aos artistas contratados para a folia. A convocatória do deste ano desprezou brega, funk, forró eletrônico e estilizado, suingueira e pagode estilizado como ritmos da MPB aptos a partiriparem de uma seleção estadual.

Ao justificar o projeto, o secretário de Cultura, Marcelino Granja, contrapôs os estilos - campeões de audiência nos serviços de streaming e nas rádios - às manifestações tradicionais do carnaval, como frevo, caboclinhos, maracatu. "Não estamos discriminando gêneros musicais nem fazendo juízo de valor, mas vamos privilegiar a música que é menos tocada nas rádios. É uma opção política do estado. Havia uma reclamação de quem fazia cultura. No carnaval e no São João, só se contratam artistas pernambucanos ou 'pernambucanizados' há dois anos. Desde o ano passado já havia essa ênfase, com o intuito de priorizar a cultura popular da terra", ele argumentou ao Viver.

A declaração do secretário, no entanto, não encontra respaldo no teor da convocatória. Os ritmos banidos não estariam aptos a concorrer com as manifestações culturais pernambucanas - eles disputariam espaço com outros estilos da MPB em uma cota específica prevista pela convocação para o Ciclo Carnavalesco de 2017. O documento estipula divisão de 30% para bancar a cultura popular, 40% para música da tradição carnavalesca, 10% para orquestras e 20% ao chamado gênero MPB - segmento dentro do qual se enquadrariam os estilos vetados pelo governo.

Enquanto artistas locais de brega ficam de fora do polo central da folia, o Marco Zero, a cantora paraense Gaby Amarantos foi novamente convidada para a festa. Expoente do tecnobrega do Pará, ela também cantou no ano passado, quando convidou ao palco Priscila Senna, da Musa, uma das bandas pernambucanas mais bem-sucedidas na cena recifense, e fez uma homenagem ao cantor Reginaldo Rossi, ícone do gênero em Pernambuco. Juntas, elas cantaram Em plena lua de mel.

Veja as comparações de visualizações e audições das músicas dos artistas:





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