Esportes Abertura da Paralimpíada é ignorada pelas emissoras de TV Coreografia da cerimônia pretende sensibilizar para a inclusão, mas será exibida por apenas um canal de TV aberta

Por: Helvécio Carlos - Estado de Minas

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 07/09/2016 15:24 Atualizado em: 07/09/2016 21:40

A Araxá Dance Company é um dos grupos envolvidos na cerimônia de abertura. Foto: Facebook/Reprodução
A Araxá Dance Company é um dos grupos envolvidos na cerimônia de abertura. Foto: Facebook/Reprodução


Enquanto a festa de abertura da Olimpíada foi acompanhada por milhões de pessoas ao redor do mundo, no dia 5 de agosto, a cerimônia de início dos Jogos Paralímpicos, nesta sexta-feira, será ignorada pelas emissoras de TV aberta brasileiras. O evento será exibido no canal por assinatura SporTV 2 e 4 e na TV Brasil (canal público no ar tanto na televisão aberta quanto por assinatura), às 18h15. O pontapé inicial da Olimpíada foi transmitido pela Globo, Band e Record. A maioria dos jogos será exibida apenas na TV fechada.

A coreografia da festa é assinada por Cassi Abranches. Em um período muito curto, ela precisou arrumar as malas, contar com o apoio da família, dar um tempo no Grupo Corpo, no qual é coreógrafa, e se mandar para o Rio de Janeiro. Há quase 50 dias, Cassi tem passado pelo menos dez horas em um espaço bem próximo ao Maracanã, onde trabalhou com uma equipe de 2 mil pessoas, que farão, hoje, parte da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016.

Cassi é a coreógrafa do espetáculo, que, segundo diz, vai emocionar o público. Tanto ou mais que a abertura da Olimpíada. "São cerimônias diferentes uma da outra. A Olimpíada tem maior atenção e orçamento. Mas o grande barato é tentar fazer com que, cada vez mais, os Jogos Paralímpicos sejam recebidos com o valor devido. As equipes brasileiras paralímpicas são potências, grandes medalhistas", diz. Ela acredita que, mesmo empregando tecnologia semelhante à utilizada na abertura da Olimpíada, a abertura da Paralimpíada "vai pegar o público pelo coração".

A coreógrafa conta que ficou surpreendida quando recebeu o convite para ser a diretora de movimento da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos no Maracanã. "Não sei coreografar nessa escala mega", disse ela aos produtores, que imediatamente a tranquilizaram, dizendo que haveria uma especialista em coreografia de massa, a grega Dimitra Kitidrike, uma das poucas pessoas no mundo expert no assunto, trabalhando com a equipe.

Tocha paraíimpica passa pelo Hospital Sarah Kubitscheck. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Tocha paraíimpica passa pelo Hospital Sarah Kubitscheck. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Na reunião, Cassi conheceu a concepção da cerimônia de abertura, preconcebida dois anos antes, com o tema Rompendo limites. "Não é preciso ser deficiente. O brasileiro rompe seus próprios limites. Somos brasileiros e não desistimos nunca. Esse lema é muito forte para nos definir", diz ela.

O convite foi feito em meados do ano passado, durante os ensaios de Suíte branca, peça que marcou a estreia de Cassi Abranches, ex-bailarina do Grupo Corpo, como coreógrafa da companhia de dança mineira. Ela conta que, para bater o martelo, precisou organizar a vida, já que, para início de conversa, teria que se mudar para o Rio de Janeiro. Foi preciso respirar e, com calma, encontrar uma fórmula para conciliar a agenda de estreia do novo trabalho do Corpo e resolver como ficariam os filhos Pedro, de 9 anos, e a pequena Estela, de 2.

Pedro ficou na cidade natal, com a família. Estela seguiu com a mãe para um apartamento em Copacabana alugado pela coordenação da Paralimpíada. Cassi diz não sofrer com as saudades de casa, dos amigos, da família e do filho. "Essas mudanças são temporárias. São escolhas que fiz. Tento deixar tudo mais leve, porque daqui a pouco passa".

Experiências serviram como fonte de pesquisa

Cassi convidou a coreógrafa Daphne Chequer - "Meu braço direito na Paralimpíada", diz - para chegar na frente, em janeiro. Nos intervalos dos compromissos com Suíte branca, a coreógrafa se concentrava em pequisas nos vídeos das cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada e Paralimpíada de Londres (2012), Pequim (2008) e Atenas (2004), para "ficar por dentro de tudo que ocorreu nos últimos anos". Na sequência, convocou outros dois assistentes mineiros, Paula Zaidan e Alexandre Mayrink, além de Letícia Ramos, Karina Mendes, Karla Mendes, Carla Giglio, Tamara Catharino, Tatiana France, Eduardo Gonçalves e Denise Casanovas.

"Estou trabalhando com uma equipe coesa, com gente legal. Aprendi no Corpo que harmonia rege tudo. Não adiante ser só fera. Precisa de gente fera e bacana. Um trabalho desse tamanho é naturalmente desgastante, mas, se você tem uma equipe que pensa igual, tudo fica mais leve", pondera Cassi, que trabalha sob direção de Fred Gelly, Vik Muniz e Marcelo Rubens Paiva.

Toda a parte criativa das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos é brasileira, mas, tanto na execução quanto na parte técnica, a mão de obra é estrangeira. "Não temos essa cultura de grandes eventos como o Super Bowl – a final do campeonato de futebol americano, marcada por apresentação de grandes shows no intervalo do jogo. Temos as escolas de samba, no que somos mestres. Temos propriedade na execução, por isso precisamos do suporte dos especialistas, que sabem fazer ou que passaram pela Olimpíada mais recentes", diz.


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