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Música Alceu Valença revisita repertório psicodélico em gravação de DVD no Recife Show Vivo! Revivo! será apresentado em duas sessões esgotadas no Teatro de Santa Isabel

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 08/10/2015 10:00 Atualizado em: 08/10/2015 10:53


Alceu já tocou com Lula Côrtes, Zé Ramalho e Zé da Flauta nos anos 1970. Foto: Divulgação
Alceu já tocou com Lula Côrtes, Zé Ramalho e Zé da Flauta nos anos 1970. Foto: Divulgação

O rock psicodélico da década de 1970 - escoado por Alceu Valença em Vivo! (1976) - ganha fôlego nesta quinta (8) e sexta (9), quando o músico de São Bento do Una grava o DVD Vivo! Revivo! no Teatro de Santa Isabel, em Santo Antônio. Ritmos regionais se unem às batidas underground para compor o que o artista chama de “rock que não é rock”, reproduzido em faixas como Papagaio do futuro, Pontos cardeais, Cabelos longos, Sol e chuva e Agalopado. Paulo Rafael (guitarra), Nando Barreto (baixo), Cássio Cunha (bateria), Jean Dumas (percussão), César Michiles (flauta) e Leo Stegman (viola) formam a banda.

Gravado, originalmente, no show Vou danado pra Catende, no Rio de Janeiro, Vivo! já foi revisitado no Recife em 2012. A mística da fase ganhou, então, roupagem nostálgica e sonoridade mais pesada. Dessa vez, o repertório engloba, além de Vivo!, Molhado de Suor (1974) e Espelho Cristalino (1977), trilogia-chave da carreira de Alceu nos anos 1970. O material captado em duas sessões - a desta quinta (8) para convidados, a de sexta para o público pagante - será lançado em DVD no ano que vem, quando Vivo! completa 40 anos, com roteiro de Alceu e direção de Lula Queiroga. Os convites e ingressos estão esgotados.

Em 1975, Alceu defendeu a canção Vou Danado pra Catende em festival musical da TV Globo. A banda que o acompanhou contava "apenas" com Paulo Rafael, Ivinho, Lula Côrtes, Zé Ramalho e Zé da Flauta.



>> DUAS PERGUNTAS: Alceu Valença

O que gostaria de reviver em relação à época do lançamento do disco Vivo!, na década de 1970? Alguma influência musical, corrente política, fase pessoal...?

Costumo dizer que o tempo é tríplice. Vivemos presente, passado e futuro todos ao mesmo tempo. Outro dia encontrei a roupa original que usei no show, durante uma obra na minha casa no Rio, e ela coube direitinho em mim. Estou com o mesmo peso de 1976 e me sinto quase a mesma pessoa. Além desta roupa, consegui comprar botas muito semelhantes às que eu usava no período. Neste show canto as músicas de Vivo!, mas também as de Molhado de Suor e Espelho Cristalino, completando a trilogia da minha obra nos anos 70. Seguimos rigorosamente os arranjos  e o resultado está magistral, mágico. As músicas mantém o mistério original, permanecem incrivelmente atuais. São letras metafóricas, carregadas de um sentimento político libertário atemporal. É o caso de “Sol e Chuva”, “O Casamento da Raposa e o Rouxinol”, “Punhal de Prata”, “Descida da Ladeira”, “Agalopado”, “Veneno”, entre outras que estão no show.

Os ingressos para a gravação estão esgotados. Como avalia a receptividade dos fãs pernambucanos? Foi decisiva para escolher onde o DVD seria gravado?
O show estreou no Rio, em 76, e somente um ano depois foi apresentado no Teatro do Parque, em Recife. Ao mesmo tempo existe uma demanda muito grande do público daqui por estas músicas, principalmente entre os jovens que redescobriram a trilha sonora dos anos 70. Acho fundamental este diálogo entre gerações, tanto que convidei Lula Queiroga, de uma geração posterior à minha, para dirigir o DVD. Como existem muito poucas imagens da época, apenas alguns filmes de super 8 registrados por um amigo, decidi gravar um DVD para eternizar estas canções também em imagens. E, claro, a cidade escolhida só poderia ser Recife em um dos grandes templos de sua arte e cultura, o Teatro Santa Isabel. Será uma noite extraordinária, uma verdadeira catarse. No mais, como diz a letra em Papagaio do Futuro: quem sabe, sabe. Quem não sabe, sobra.


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