Teatro Marco Nanini homenageia Oscar Wilde em espetáculo que chega ao Recife e dispara: "As pessoas estão mais intolerantes" Ator recifense também prepara volta às telinhas após o fim de A Grande Família

Por: Marina Simões - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/09/2015 09:11 Atualizado em: 29/09/2015 09:18


Paixão por Oscar Wilde inspirou roteiro de espetáculo apresentado no Teatro RioMar. Foto: Cabera/Divulgação
Paixão por Oscar Wilde inspirou roteiro de espetáculo apresentado no Teatro RioMar. Foto: Cabera/Divulgação

O ator pernambucano Marco Nanini celebra 50 anos de carreira e se entrega em novo projeto no teatro, na montagem Beije minha lápide, com duas apresentações no Recife, nesta quarta (30) e quinta (1º), às 20h30, no Teatro Rio Mar, em Boa Viagem. O espetáculo conta a história de Bala (Nanini), um fã do escritor Oscar Wilde que é preso por quebrar a barreira de vidro do túmulo em um cemitério em Paris.

“Não é uma biografia e, sim, uma obra contemporânea de ficcção que paira sobre a história real de Wilde”, explica o ator. O texto é de Jô Bilac e a direção, de Bel Garcia. Muitas vezes, as falas de Bala se fundem aos textos de Wilde, como citações da carta De Profundis, escrita quando o autor estava na prisão.

Nascido no Recife, Nanini deixou a capital ainda adolescente para seguir a carreira. Ao falar sobre o Recife, logo assumiu a paixão por uma fruta local: “Pena que não é época de pitomba agora. Sou viciado”, comentou em entrevista ao Viver. Em janeiro do próximo ano, o ator conhecido pelo Lineu de A grande família volta às telinhas na novela das 18h Candinho, do autor Walcyr Carrasco.

entrevista >> Marco Nanini


“As pessoas estão mais intolerantes com a opinião dos outros”


Como se aproximou da obra de Oscar Wilde?
Desde a escola de teatro que convivo com a obra dele. Fiquei apaixonado pela literatura e resolvi me aprofundar. Fui me envolvendo com o universo de Wilde, não só pela obra, mas pelo comportamento extravagante, ele como ensaísta e palestrante. A história de vida dele foi muito trágica. Ele foi condenado por ser homossexual, acabou contraindo uma doença na prisão, foi afastado do meio literário, teve despressão, e foi morar em Paris onde precisou mudar de nome.

O texto de Jô Bilac faz um link com temas atuais vividos. Quais são?
Principalmente a intolerância. Ela permeia vários problemas, com os gays, racial, pobre, nordestino, todas as minorias. O texto tem muitas analogias com a vida e a obra de Wilde, com algumas citações mais explícitas e outras que se refletem nas falas e nas histórias das personagens. Quem não conhece Oscar Wilde vai entender perfeitamente e esperamos que saia querendo conhecê-lo mais.

Você acompanha a repercussão do cinema pernambucano? O que esse movimento traz de novo?
Tenho acompanhado, mas não vi os filmes, porque raramente saio de casa. Leio e ouço falar do cinema pernambucano. Mas não é algo recente. Pernambuco tem muita arte e muito artista na área musical e do cinema. É uma proa do cinema nacional. A arte popular também é muito rica, as manifestações de rua, o carnaval, os blocos. É tudo muito bonito.

O beijo entre Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, em Babilônia, chocou o público. Você acha que a sociedade está mais careta?
Minha opinião é muito frágil porque não vi a novela, quanto mais essa cena. Mas não vejo qual o problema de um beijo. Fico espantado como isso ainda provoca uma reação tão violenta nas pessoas. Acho que o que existe é uma onda de conservadorismo muito grande. As pessoas estão intolerantes com a opinião dos outros. Isso é mais do que ser careta, é um passo para trás. Ninguém respeita mais ninguém.

Como foi se despedir do Lineu Silva após 14 anos do personagem? E qual o maior desafio de interpretar o mesmo personagem por tanto tempo?
O desafio é enfrentar a rotina, cumprir horários, decorar cenas, descobrir novas coisas do persongem. A parte boa é poder se aprofundar nas emoções, na criação e atitudes com o mesmo personagem. A equipe da série era muito unida e criativa. Conseguimos levar até o fim. O final foi decidido dois anos antes. Terminamos com uma festa. Deixou saudades, mas tudo acaba, não é?


Serviço
Beije minha lápide
Quando: Quarta (30) e quinta-feira (1º de outubro), às 20h30
Onde: Teatro RioMar: 4º piso do RioMar Shopping - Av. República do Líbano, 251, Pina, Recife
Ingressos: R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia), à venda na bilheteria do teatro, lojas Reserva dos shoppings Recife e Plaza, Livraria Jaqueira e site Ingresso Rápido.



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