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AGRESSÃO

Mãe de aluna com autismo diz que diretora tentou apagar imagens de agressão em escola

Caso aconteceu no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, na quarta (2), em Goiana, na Mata Norte

Publicado em: 07/04/2025 17:48

O episódio aconteceu na Escola Estadual Coronel José Pinto de Abreu (Foto: Reprodução/Google Street View)
O episódio aconteceu na Escola Estadual Coronel José Pinto de Abreu (Foto: Reprodução/Google Street View)
Nervosa, com medo de voltar à escola e sem conseguir dormir. Estes são os sentimentos da aluna de 12 anos diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que foi agredida dentro da Escola Estadual Coronel José Pinto de Abreu, localizada em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, na última quarta-feira (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo. 

De acordo com a mãe da jovem, depois de passar por um momento traumatizante, ela lida com outro problema. A mulher afirmou que houve a  tentativa da escola de se livrar de provas, inclusive com o apagamento de imagens da agressão.

Em entrevista ao Diario, nesta segunda (7), a mãe da adolescente relatou que a filha foi agredida por cerca de 12 alunas da escola após ter questionado uma das agressoras sobre uma briga anterior. 
 
A jovem teria se incomodado com a pergunta e iniciado uma nova confusão. Na ocasião, a vítima bateu a cabeça no chão e ficou desacordada, enquanto era espancada, segundo a mãe, que pediu para não ter o nome divulgado.

“Uma menina me disse: ‘bateram na sua filha, cortaram o chinelo dela, estavam com tesoura, caneta, lápis. Bateram muito nela, bateram, inclusive, em uma professora’. A diretora disse que foi mentira, que não tinha acontecido aquilo, inclusive tinha tido a briga, mas que tinha sido fora da escola”, alegou a mãe da vítima.

Segundo ela, a diretora teria conversado com os estudantes após a discussão para convencê-los a dizer que a briga não havia acontecido. 
Além disso, a gestora teria apagado as imagens das câmeras de segurança. 

No entanto, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) destaca que as imagens já estão sob posse das autoridades para apuração.

A adolesctente ainda teria alegado para a mãe que teve o celular confiscado pela diretora da escola para que não contasse sobre a a gressão. 
Ao chegar ao colégio, a mãe da menina a levou imediatamente para um hospital.

“Ela teve que ser hospitalizada e ficar em observação por causa da pancada. Ela ficou com dor no estômago e poderia ter tido uma reação maior. Ela passou em torno de seis horas [na unidade]. Ela ainda estava de farda, estava suja, era mais de meia-noite e queria tomar medicação e tomar um banho”, relatou a mãe da adolescente. 

Diante da situação, foi feita uma queixa ao Ministério Público, a estudante foi retirada da escola.
A mãe solicitou que a Defensoria Pública acione o Governo do Estado para apurar o caso. Ela destacou que este não foi o primeiro episódio de violência na escola e que uma outra aluna foi agredida no mesmo dia em que a filha dela.
 
O que diz a Secretaria de Educação 
 
Por meio de nota, a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco (SEE) informou que uma equipe da Gerência Regional de Educação (GRE) Mata Norte foi encaminhada à escola para uma escuta com estudantes e familiares sobre o ocorrido que envolveu quatro alunas durante o intervalo. 
 
"A gestão da unidade de ensino prontamente dissipou o conflito, tomou as medidas cabíveis e entrou em contato com os familiares. Nenhuma das envolvidas ficou gravemente ferida e precisou de pronto atendimento. O Conselho Tutelar e a Patrulha Escolar foram acionados, seguindo o protocolo para casos de agressão no ambiente escola".

A pasta disse, ainda, está à disposição das autoridades para esclarecimentos e reforça que promove, em sua proposta político-pedagógica, ações voltadas para a cultura de paz com toda a comunidade escolar.

A SEE informou também  que uma das estudantes envolvidas no caso, ocorrido na escola Coronel José Pinto de Abreu, é atendida pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE),  diante do seu quadro clínico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Déficit Cognitivo, não havendo laudo descritivo de Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentado à escola.
Embora a secretaria afirme que a garota não tenha autismo, documentos apresentados pela mãe apontam que ela foi diagnosticada com esse transtorno. 

"O AEE, em articulação com a família, está mapeando quais cuidados clínicos a estudante recebe, a fim de promover sua reorganização mental e seu retorno à escola de forma segura para si e para toda a comunidade escolar. Em parceria com os professores regulares, o AEE também cria estratégias pedagógicas para não ocorrer prejuízo significativo no processo de aprendizagem da estudante", acrescentou. 
 
Além da nota, a secretaria disse que imagens da agressão estão à disposição das autoridades.

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