ABUSO
Vítimas relatam abusos de pediatra de 82 anos que foi preso em Pernambuco
Fernando Paredes Cunha Lima é acusado de violentar três crianças e uma adolescente durante consultas médicas na ParaíbaPublicado em: 11/03/2025 21:27 | Atualizado em: 11/03/2025 21:55
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Foto: TV Câmara |
CONTEÚDO SENSÍVEL
Vítimas do pediatra Fernando Paredes Cunha Lima, de 82 anos, relataram à Justiça os abusos que teriam sofrido durante as consultas médicas na Paraíba. O médico, que estava foragido desde novembro de 2024 e foi capturado em Pernambuco na sexta-feira (7), é acusado formalmente de violentar três crianças e uma adolescente.
As principais provas contra o pediatra são depoimentos das vítimas e de parentes delas. Segundo afirmam, ele se aproveitava dos atendimentos para tocar as partes íntimas e apalpá-las. Os abusos, que teriam acontecido desde 2013, eram registrados mesmo quando a paciente tinha ido ao consultório para tratar de dor de barriga ou um incômodo no pé. O médico alega inocência.
As vítimas tinham entre 4 e 13 anos na época dos supostos crimes. O Diario de Pernambuco teve acesso às alegações finais apresentadas pelo Ministério Público (MPPB), que pediu a condenação do pediatra por estupro de vulnerável, cometidos cinco vezes. A promotoria também quer que Fernando pague danos materiais e morais.
“Salta aos olhos a maneira covarde como foram abusadas as vítimas, em suas dignidades sexuais, aproveitando-se o réu do momento em que estava a sós com as meninas, indefesas, frágeis e de tenras idades, para a prática dos atos libidinosos, para satisfazer a sua lascívia”, escreveram os promotores Judith Maria de Almeida Lemos Evangelista e Bruno Leonardo Lins, do MPPB.
Relato das vítimas
Acompanhada pelo pediatra desde os 9 meses, uma das vítimas tinha 9 anos quando o suposto abuso aconteceu. Segundo a investigação, em julho de 2024, Fernando teria posto a criança em uma maca e iniciado “toques manuais na genitália”.
Após o episódio, a criança sofreu com pesadelos e teria desenvolvido “aversão à figura masculina” que perdura até hoje. Também passou a ter dificuldade para sair de casa ou dormir com a luz apagada.
Um adolescente de 13 anos relatou abuso semelhante em 2023. Segundo declarou, Fernando aproveitou que ela estava se pesando na balança, se aproximou por trás e colocou a mão dentro da sua blusa. Ela também disse que foi apalpada por dentro da calcinha.
“Urge ressaltar que, durante o depoimento especial da adolescente, ela se mostrou bastante abalada psicologicamente com o ocorrido, vertendo lágrimas dos olhos, e precisou de algumas pausas para conseguir voltar a depor, entre soluços”, descrevem os promotores.
Já a mãe de uma criança de 7 anos relatou, em juízo, que o pediatra teria tocado as partes íntimas da filha dela durante a auscultação. O caso também é de 2023. Com o mesmo modus operandi, outra menina de apenas 4 anos teria sido abusada assim entre 2013 e 2014.
Duas sobrinhas acusam o médico, ainda, de supostos abusos ocorridos na década de 1990. Elas tinham 8 e 10 anos na época dos fatos, de acordo com a polícia, e não foram incluídas formalmente no processo de estupro de vulnerável.
À Justiça, Fernando negou os crimes sexuais e arrolou 38 testemunhas para depor a seu favor. No processo, a defesa também alegou “inépcia parcial da denúncia”, “falta de justa causa” e “ilegal desejo de inversão do ônus da prova”. Ainda não há sentença.
Após o pediatra ser capturado, a defesa pediu que a prisão preventiva fosse cumprida em Pernambuco. Os advogados alegaram que o pediatra sofre ameaças e corre risco de morte se ficar detido no sistema prisional paraibano.
Outra questão levantada pelos defensores é o estado de saúde de Fernando. “As doenças do preso são graves, terríveis e variadas . Em virtude de um câncer prostático, foi instado a retirar a próstata (prostectomia radical). Foi acometido de AVC. Padece de polineurite nas pernas e mãos. Possui graves ‘patologias pulmonares’ e espondiloartrose”, escreveram.