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BRUTALIDADE

"Pedras no chão, adeus tão cruel"; caso Ingridy Vitória inspira música em homenagem

Canção traduz a dor e a revolta pelo crime que chocou Pernambuco

Publicado em: 31/03/2025 11:47 | Atualizado em: 31/03/2025 12:44

 (Foto: Reprodução/Rede social
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Foto: Reprodução/Rede social
A trágica história de Ingridy Vitória Cassiano da Silva Tenório, de apenas 13 anos, sequestrada e assassinada por um vizinho que ofereceu carona à sua família, causou comoção e revolta em Pernambuco. O caso, que mobilizou a população e as autoridades por cinco dias de buscas, agora inspira uma canção que homenageia a memória da jovem e expressa a dor coletiva de sua perda. 

O corpo de Ingrid Vitória foi encontrado no sábado (29), às margens da pista no distrito de Caraíbas, na zona rural de Santa Maria da Boa Vista, no Sertão pernambucano.  

Os versos da dor  

A canção foi criada quando Ingridy ainda estava em cativeiro. As letras traziam a esperança em encontrar a vítima com vida.  Após a notícia do seu assassinato, houve uma modificação e a música transformou-se em um lamento que denuncia a brutalidade do crime e clama por justiça. 
 

Os versos descrevem a mobilização nas buscas, "Buscas na noite drones no ar; cães farejadores e um pai a rezar", e retratam o impacto do luto coletivo ao receber a trágica notícia: "Pedras no chão, adeus tão cruel. Ingridy, teu nome ecoa no céu”.   

O autor da canção, que preferiu manter o anonimato, explicou ao Diario de Pernambuco que compõe canções para dar voz às vítimas de crimes violentos e suas famílias. "O meu objetivo e o dos cantores não é ganhar fama ou seguidores, é expressar a dor que todos estão sentindo", disse. 

A música foi gravada por artistas independentes e rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, sendo compartilhada como um tributo à adolescente. 

Veja a letra completa: 

Um grito rasgou o silêncio do sertão 
Ingridy Vitória, treze anos na mão 
Roubada da vida, o vento levou 
Pernambuco em lágrimas se formou 

Caminhos de areia, um destino traiçoeiro 
Teu riso, silêncio no chão verdadeiro 
O céu viu teu passo, a terra chorou 
Um povo unido por ti se formou 

Helicópteros voam, o chão a te chamar 
Mas o destino, Ingridy, veio te abraçar 

Oh, filha do Sertão, por que te apagou? 
Teu brilho, menina, o mundo levou 
Amarraram teus sonhos, calaram teus sons 
Mas tua alma voa além do Sertão 

Buscas na noite drones no ar 
Cães farejadores e um pai a rezar 
Santa Maria guardou teu silêncio 
A violência marcou teu fim com violência 

Pedras no chão, adeus tão cruel 
Ingridy, teu nome ecoa no céu 
A justiça clama, o povo em dor 
Teu rosto na memória, eterno clamor 

O vilão caiu, mas não te trouxe de volta 
A paz que roubaram é a nossa revolta 
E agora o teu som, na tua alma, 
Voa além do Sertão 

Ingridy Vitória, o céu te acolheu 
Na dança das estrelas, teu brilho venceu 
Pernambuco chora, mas guarda teu nome 
Uma flor na Caatinga que o tempo não consome 

Entenda o caso 

Ingridy Vitória Cassiano da Silva Tenório foi sequestrada na terça-feira (25), quando voltava de Curaçá, na Bahia, com a mãe e o irmão mais novo. O motorista do carro, Jocelmo Caldas da Silva, era vizinho do pai da menina e conhecido da família. 

Durante a viagem, Jocelmo agrediu a mãe da jovem, amarrou Ingridy e a colocou no porta-malas do veículo. A menina desapareceu, desencadeando uma intensa mobilização de buscas por parte da polícia e da comunidade. 

Após cinco dias, o corpo de Ingridy foi encontrado no distrito de Caraíbas, zona rural de Santa Maria da Boa Vista. No mesmo local, o suspeito foi localizado pelas autoridades e, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), resistiu à abordagem, sendo baleado e não resistindo aos ferimentos. 

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