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PATRIMÔNIO

Estação do Brum se torna primeiro bem ferroviário de Pernambuco tombado pelo Iphan

O equipamento estava tombado de forma provisória desde o dia 16b de janeiro

Publicado em: 26/03/2025 18:32

Estação foi inaugurada em 1881 (Foto: Maria Emília Freire/Iphan)
Estação foi inaugurada em 1881 (Foto: Maria Emília Freire/Iphan)
A Estação Ferroviária do Brum, localizada no bairro de São José, no Recife, se tornou, nesta quarta-feira (26), o primeiro bem ferroviário de Pernambuco a ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O reconhecimento ocorreu nesta quarta-feira (26), durante a 107ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado do Iphan. 

No encontro, estiveram presentes o superintendente do Iphan em Pernambuco, Fernando Eraldo de Medeiros, a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba, e a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.  

A  Estação Ferroviária do Brum estava tombada de forma provisória desde o dia 16 de janeiro. Nesta quarta, a caixa d'água que faz parte do pátio ferroviário do Brum, localizada a 20 metros da estação, também foi tombada. Ambas as construções passam a integrar os Livros do Tombo Histórico e de Belas Artes.

A Estação do Brum foi inaugurada em 1881, sendo a primeira linha férrea brasileira construída pela The Great Western of Brazil Railway Company Limited (G.W.B.R.). A estação possui uma localização estratégica,  fora da área central de Recife, que permitiu uma importante função no desenvolvimento urbano da cidade, além de contribuir para a ricetta local.

A estrutura serviu como ponta de linha da segunda estrada de ferro de Pernambuco: a Estrada de Ferro do Recife ao Limoeiro. O trajeto foi projetado para escoar a produção agrário-exportadora, especialmente açúcar, algodão e gado, além de transportar passageiros pelo estado.  

Ao longo dos anos, a malha ferroviária recebeu investimentos e foi ampliada para a Paraíba e Rio Grande do Norte, facilitando o transporte de mercadorias até a região portuária do Recife. O sistema integrava trens e bondes em três pátios ferroviários, garantindo maior fluidez no deslocamento e impulsionando o desenvolvimento econômico, social e cultural da região. 

Apesar de ter contribuído com o deslocamento de pessoas e economia local, a linha caiu em desuso devido a evolução dos meios de transporte. A estação era composta por uma área de embarque e desembarque de passageiros, oficinas, armazéns, desvios, trilhos, uma vila operária e uma caixa d’água, sendo boa parte destas estruturas removidas. A Estação do Brum  foi inserida na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário em 2010. 

Em 1999, foi revitalizado para abrigar o Memorial da Justiça de Pernambuco. Atualmente, o espaço funciona como um centro cultural, com museu, biblioteca e arquivo histórico, aberto ao público e voltado à preservação da história do Poder Judiciário no estado.  

“Essa edificação representa a expressão artística e estética própria da arquitetura ferroviária, uma categoria ainda pouco presente no acervo de bens tombados pelo Iphan. Esse tipo de arquitetura teve um papel fundamental na incorporação de novos temas decorrentes da Revolução Industrial, como a produção em série e a pré-fabricação, que até hoje são centrais no debate desta área”, afirmou o conselheiro relator do processo de tombamento, Nivaldo Andrade.

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