![Evento reuniu estudantes, familiares de Demócrito, membros da universidade e da APLJ (Foto: Ruan Pablo/DP Foto) Evento reuniu estudantes, familiares de Demócrito, membros da universidade e da APLJ (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)]() |
Evento reuniu estudantes, familiares de Demócrito, membros da universidade e da APLJ (Foto: Ruan Pablo/DP Foto) |
A Faculdade de Direito do Recife (FDR) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Academia Pernambucana de Letras Jurídicas (APLJ) realizaram, nesta segunda-feira (24), um evento em memória dos 80 anos do assassinato do estudante Demócrito de Souza Filho, morto em 3 de março de 1945, no antigo prédio do Diario de Pernambuco, durante um protesto contra a ditadura do Estado Novo imposta por Getúlio Vargas.
Denominado “O estudante Demócrito: 80 anos da luta pela Democracia em 1945”, a cerimônia contou com a presença de juristas, estudantes e familiares do antigo estudante da própria FDR. Entre eles, o reitor da UFPE, Alfredo Gomes; e a presidente da APLJ, Rosana Grimberg. A programação começou com a aposição da placa em homenagem ao “Soldadinho da Democracia”, como Demócrito foi apelidado pelo então inspetor de alunos Armando Vasconcelos.
![(Foto: Ruan Pablo/DP Foto) (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)]() |
Foto: Ruan Pablo/DP Foto |
“Eu considero esse um evento muito importante para a história da Universidade Federal de Pernambuco, porque Demócrito era nosso estudante naquela ocasião, mas sobretudo pelas pautas que envolvem a democracia no país. Era um período em que vivíamos uma ditadura e tínhamos na figura do Demócrito, e de outros estudantes, a luta pelo processo de redemocratização. E essa pauta ainda é muito atual. Toda universidade tem um papel de formação das instituições democráticas”, pontuou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes.
Também foi aberta a exposição “80 anos: Demócrito permanece vivo”. A mostra, organizada pela Biblioteca e Arquivo da Faculdade de Direito sob a curadoria da professora Luciana Grassano apresenta documentos originais que retratam o jovem estudante por meio de provas, livros e manuscritos. Os visitantes podem conferir a exposição gratuita até o dia 4 de abril, das 7h às 21h, no salão de entrada da Faculdade de Direito do Recife.
![(Foto: Ruan Pablo/DP Foto) (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)]() |
Foto: Ruan Pablo/DP Foto |
O evento contou com a presença de familiares de Demócrito Filho, entre eles a sobrinha Patrícia Souza de Cena, que destacou a importância de manter a memória dele viva. “A gente fica orgulhoso em saber que a memória dele está sendo perpetuada, e com acervo que tem, sempre para lembrar e contar a história para as novas gerações. Inclusive, o cerimonial também entrou em contato com a família, que tem uma garagem de acervo, e isso vai ser futuramente doado para cada vez mais ficar consolidada toda a trajetória dele, tudo o que ele fez em tão pouco tempo de vida, mas que marcou e que ainda está sendo aqui, rememorado”, frisou Patrícia, que também é advogada.
![(Foto: Ruan Pablo/DP Foto) (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)]() |
Foto: Ruan Pablo/DP Foto |
A membro efetiva da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas (A.P.L.J) Marta Brito Alves Freire – também prima de Demócrito - esteve presente na cerimônia e afirmou que a exposição é “o conjunto, do mundo acadêmico, universitário, jurídico e dos operadores de Direito com o sentido de preservar uma memória que não deve ser esquecida em prol da democracia e contra toda forma de violência possível”. A presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito do Recife – que leva o nome do estudante -, Mikelly Tawane, afirmou que o evento desta segunda traz o debate sobre a defesa da democracia e permite que a história do Demócrito não seja esquecida.
![(Foto: Ruan Pablo/DP Foto) (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)]() |
Foto: Ruan Pablo/DP Foto |
“São 80 anos da morte de Demócrito, que foi muito importante tanto para o movimento estudantil quanto para a universidade, na luta pelo Estado Democrático de Direito pelas instituições brasileiras. É muito importante continuar realizando o resgate dessa memória dele, até porque pelo contexto que a gente vive politicamente, tanto no Brasil quanto no mundo. É importante que a gente esteja sempre em defesa da democracia brasileira, em defesa das nossas instituições e da Constituição”, registrou.
Quem foi Demócrito de Souza Filho
Demócrito de Souza Filho foi preso em 7 de setembro de 1944 por suas posições contra Vargas. Em 2 de março de 1945, ele e o estudante Jorge Carneiro da Cunha resgatam uma foto de Getúlio Vargas e distribuíram seus pedaços no restaurante Lero-Lero. A polícia política foi acionada para o caso e os dois estudantes se refugiaram no antigo prédio do Diario de Pernambuco.
No dia seguinte, estudantes realizaram um comício na Praça da Independência, diante do prédio do Diario. No momento em que Gilberto Freyre discursava, a polícia disparou em várias direções e uma de balas atingiu Demócrito de Sousa Filho. Ele foi levado para o antigo Hospital de Pronto Socorro, mas morreu no mesmo dia.