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Marina Torres/DP |
Ao longo dos seus mais de 60 anos, o Bacalhau do Batata costumou colocar o ponto final nos dias de Momo, em Olinda. Em 2025, a conversa é diferente. Os foliões, que desde o começo da manhã desta Quarta-feira de Cinzas (5), começaram a se aglomerar em frente à Igreja da Sé e desceram a ladeira empurrados pelo frevo da orquestra avisaram que não tem essa de que o Bacalhau será o último bloco a acompanhar.
“Acabou não, tem muita coisa ainda para brincar”, avisou Albérico Silva, de 65 anos, lembrando que a Data Magna, neste ano, ajudou a prolongar a folia pernambucana. “Com o feriado da quinta (6), vamos emendar na sexta. Tem muita coisa aqui em Olinda, tem Recife Antigo. Não vamos parar”, prometeu o folião, que desde criança brinca o carnaval. “Essa energia do carnaval pernambucano é única”.
Quem acompanha Albérico no quesito “tem muito ainda para brincar” é Risoleta Ataíde, de 72 anos e “uns 40 de folia”. Ela amanheceu no Alto da Sé, na concentração do Bacalhau. “Se a folia vai parar ou não eu não sei. Mas eu não vou parar”, comentou a frequentadora fiel do bloco. “Gosto de tudo aqui. Bateu e eu já tô dançando”.
Porta-bandeira
Não menos animada estava a porta-bandeira do Bacalhau, Maria José Neves de Paula, ou como é conhecida nas ladeiras de Olinda, Zezé. Há 62 anos, ela carrega o estandarte do bloco. Em outras palavras, desde a fundação da agremiação.
“A gente era tudo criança, pegava umas latas e começava a bater. No começo, era só umas latas, um cabo de vassoura e uma estopa”, recorda como a ideia do garçom Isaías Ferreira da Silva, conhecido como Batata, de formar um bloco se tornou num dos ícones do carnaval Pernambuco.
Apesar da felicidade de fazer parte de mais uma edição do bloco, Zezé anunciou sua despedida da função de porta-bandeira, devido a um problema na coluna. “Já avisei às minhas filhas e netas, que este ano fecho com chave de ouro. Mas vou continuar brincando, viu?”.
Aos 71 anos, Zezé resume a magia que mantém o Bacalhau na sua mais alta vitalidade, após 62 carnavais. “Não tem nada de cinza aqui no Bacalhau. Olha o brilho das pessoas, olha essa luz”, completou, antes de se preparar para a saída do bloco.
O Bacalhau desceu a ladeira da Sé, seguiu pela Rua do Bonfim levando com si milhares de foliões que não vão parar quando o bloco completar o percurso no Carmo.