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Foto: Reprodução/Instagram |
Uma mulher com objetivo de crescer na carreira profissional e que não aturava ser maltratada em seus relacionamentos. É assim que Flávia Valéria, de 40 anos, descrevia Simone Cosme Menezes, de 42 anos, sua irmã, que foi morta a facadas dentro da ONG onde trabalhava, no Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Simone Cosme foi vítima de feminicídio no dia 29 de janeiro pelo ex-companheiro.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, a irmã da vítima relatou que foi convocada para depor na 13ª Delegacia de Homicídio, em Cajueiro Seco, na manhã desta segunda-feira (3). Segundo ela, Simone Cosme trabalhava na administração do Projeto Saúde Ativa Social e estava em uma unidade prestes a ser inaugurada na Rua Jaqueline, no bairro de Sucupira, em Jaboatão dos Guararapes.
A vítima estava em um relacionamento com Ewanderson João da Silva, de 37 anos, há três meses e os dois teriam se conhecido em um estabelecimento comercial no Centro do Recife, onde o suspeito trabalhava.
Flávia conta que, antes de trabalhar, Simone tinha a rotina voltada para a igreja e que uma amiga a chamou para atuar na ONG. Quando começou a namorar com Ewanderson João da Silva, começou a inseri-lo na rotina da família, como em aniversários e festas de fim de ano, explicando que ele não tinha nenhuma outra companhia.
De acordo com o relato de Flávia Valéria, Simone já apresentou Ewanderson como namorado e que os dois mantinham uma relação aparentemente saudável. No entanto, ocorreram dois episódios que fizeram com que a vítima decidisse colocar um fim no relacionamento, antes que alguma agressão maior ocorresse.
“Ela tinha relatado, já depois do término, que ele tinha falado com ela um pouco mais grosso e que ela não tinha aceitado, mas que eles conversavam, ele pediu perdão, chorou e disse que isso não iria acontecer mais. Na segunda vez ela me mandou um áudio explicando o motivo de ter terminado, que foi quando ele gritou, pegou no braço dela e apertou. Aí foi quando ela disse que seria o fim (do relacionamento)”, conta a irmã de Simone.
Flávia conta que ela e a irmã aprenderam com a mãe a não se submeter a nenhum homem e não permanecer em relacionamentos abusivos e por isso que Simone deixou o ex-companheiro assim que viu os sinais de alerta.
“A nossa criação foi para deixar o relacionamento na primeira existência de agressividade, seja verbal ou física. Fomos criadas para sermos pessoas independentes, tipo: eu faço bem a você e você faz o bem a mim. A partir do momento em que situações abusivas começam a acontecer, fomos recomendadas a não aceitar”, complementa.
Ainda de acordo com a irmã da vítima, Ewanderson insistiu, por diversas vezes, reatar o namoro com Simone através do Whatsapp, mas não conseguiu e chegou a mandar flores para ela.
Por não aceitar o término da relação, Ewanderson entrou na ONG onde a ex-companheira trabalhava e esfaqueou Simone com uma faca do tipo peixeira. A vítima foi atingida em três locais diferentes, no tórax e no abdômen, sem possibilidade de defesa. Simone teria bloqueado o ex-companheiro no Whatsapp no dia em que foi assassinada.
Testemunhas contaram que Simone foi procurada por Ewanderson pela manhã, quando ele tentou reatar o relacionamento, mas ela recusou. A vítima havia solicitado que não o deixassem entrar, mas o ex-companheiro conseguiu adentrar novamente na ONG e realizar o crime, segundo o delegado Victor Leite.
Ewanderson foi autuado em flagrante por feminicídio e está preso.
“Minha mãe viu ontem em uma reportagem que Simone tinha sofrido três facadas. Chorou muito e está desolada. Peguei férias antecipadas para dar um suporte psicológico a ela, e estou me equilibrando muito para mantê-la de pé, porque ela já teve depressão. Ela diz que foi ele que tirou a vida da filha dela, não foi Deus”, relata a irmã de Simone.