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Embora estivesse parecendo vazio por fora, o último dia do Mirabilandia foi cheio. Tanto os brinquedos “mais radicais”, quanto os mais tranquilos, exibiam filas que davam voltas nos corredores, a praça de alimentação, no finalzinho do dia, mostrava as geladeiras vazias.
Entre a abertura dos portões, às 15h, e o encerramento das atividades, às 20h, pouco mais de 2 mil pessoas passaram pelo parque, segundo a bilheteria. Ativo em uma área do Centro de Convenções de Pernambuco há mais de 20 anos, o Mirabilandia marcou a infância e juventude de muitos.
Um deles foi Jurandir Martinelli, que viajou por 3 horas, saindo de Santa Cruz do Capibaribe, para viver o parque pela última vez. “Vivi muitas histórias aqui. Comecei a frequentar o parque na adolescência e, agora, como adulto, quis estar presente para fechar esse ciclo e guardar essas lembranças para sempre”, contou.
Ele estava com um grupo de sete amigos, três do Recife e quatro de João Pessoa. “Muitos estados e cidades, todos aqui para se despedirem desse momento único”, afirmou.
Martinelli disse que chegou antes mesmo da abertura do parque e que, se depender dele e de seus amigos, só irão embora quando “dizerem que fechou, as luzes se apagaram e nos expulsarem porque não queremos ir embora até que terminemos de ir em todos os brinquedos que faltam”.
Entre as atrações mais disputadas da noite estavam o Thunder, que girava no próprio eixo enquanto balançava de um lado para o outro; o Sea Dragon, a clássica barca; o Mega Dance, conhecido como Samba; e o Santa Montes, que simulava uma queda livre. Além deles, o Super Tornado, a montanha russa do Mirabilândia, exibia os gritos de seus passageiros mesmo fora do parque.
Com menor fila, a equipe do Diario de Pernambuco se aventurou na Casa do Terror, uma das atrações mais famosas do parque, em especial nas noites de terror. Dentro da casa escura e de poucas luzes vermelhas, o grupo de 12 pessoas participou, a plenos pulmões, de cenas amedrontadores em que lobisomens os caçavam, e mortos-vivos os perseguiam.
Fechamento
O encerramento das atividades, segundo a administração do parque, foi motivado pelo fim do contrato de aluguel do terreno. O imóvel ocupado pelo Mirabilandia é de propriedade da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), concedido em regime público para a concessionária Consórcio CID Convenções Pernambuco SPE S/A.
Segundo o Mirabilandia, “parte da área inicialmente ocupada pelo parque já tinha sido solicitada e devolvida ao consórcio em julho de 2023, reduzindo em 19.500m² a área que ocupava”.
O parque de diversões negociou, em março de 2023, para que o prazo de permanência se estendesse até maio de 2025, para que pudesse desocupar a área completamente.
Segundo a assessoria do parque, que acompanhou a reportagem neste domingo (2), embora as atividades se encerrem hoje, os mais de 135 colaboradores permanecerão no Mirabilandia para auxiliar na desmontagem do local.
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Entre eles, Welson Rabelo, que trabalha no parque desde o início das atividades. “Foi muito bom trabalhar aqui. Foi muito legal acompanhar cada inauguração de equipamento, tudo que envolve parque de diversão é muito bom”, celebrou.
Welson já passou pela portaria do ‘Mirabi’ e pelo setor de compras, mas foi com o público que ele se encontrou. “Eu estou triste com o encerramento. A empresa nos comunicou o fechamento antecipadamente, mas vai dar tudo certo. Vou sentir falta desses gritos”, disse se referindo aos passageiros da montanha-russa.
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Tragédia
Apesar de décadas de diversão, o parque também carrega em sua história momentos difíceis. Em setembro de 2023, a professora Dávine Muniz, de 34 anos, foi arremessada do brinquedo “Wave Swiner”. Ela passou por dez cirurgias de reparação, sendo duas no cérebro, e faleceu no dia 1º de fevereiro do ano passado.
Em nota, o Mirabilândia informou que “todas as responsabilidades assumidas perante a Justiça continuarão sendo cumpridas depois do encerramento das atividades do Mirabilandia”.
“O parque também teve homologado junto à Justiça um acordo de não persecução penal onde caberá ao mesmo o pagamento de uma indenização à família de Dávine Muniz pela fatalidade ocorrida em setembro de 2023. O acordo também contém cláusula de confidencialidade”, informaram.