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Chuvas no Grande Recife

Histórias de dor e saudade: saiba quem são os sete mortos em meio ao temporal

As vítimas morreram em queda de barreira, por choque elétrico e levados pelas enxurradas, nos últimos dias

Publicado em: 06/02/2025 15:43 | Atualizado em: 06/02/2025 22:28

 (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Foto: Reprodução/Redes Sociais
As chuvas que atingiram o Grande Recife nos últimos dias deixaram sete mortos. 
 
Houve óbitos por queda de barreira, afogamento e três eletrocutados.

Três dessas vítimas são jovens, que saíram de casa para fazer tarefas rotineiras, como estudar ou comprar pão. 
 
Uma das jovens estava dormindo com a mãe. As duas morreram soterradas. 

Veja as histórias aquia históriax de dor, perda e muita saudade.  

Juan Melo 
Juan Pablo  (Foto: Redes Sociais )
Juan Pablo (Foto: Redes Sociais )

]Juan Pablo da Silva Melo, de 21 anos, acordou preocupado se teria ou não aula. A  chuva que caíra forte durante toda a madrugada, não dava trégua no início da manhã e a cidade estava debaixo d’água. Para não correr  o risco de perder a viagem do Pina ao Derby, pegou o celular e entrou em contato com o seu professor. Sua aula de Informática estava confirmada.
 
“O meu filho saiu de casa às 7h20 para ir ao curso”, relembrou a mãe Eliene Maria da Silva, que recebeu, 40 minutos depois, uma ligação dele, relatando estar todo encharcado e a caminho da aula. Dez minutos depois, um novo contato. Juan estava em frente ao prédio onde teria aula, mas não conseguia atravessar a rua pelo volume de água.
 
Entendeu que dera viagem perdida. E quem dera fosse apenas a viagem. Ele tentou chegar à parada de ônibus na Agamenon Magalhães, pegando a rua Dom Bosco. E lá ficou, eletrocutado, com o corpo boiando na água. 
 
“Foi descarga elétrica, ali tem um fiteiro antigo. Também têm essas paradas de ônibus novas no local, vazou a corrente”, concluiu uma mãe órfã do seu filho.
 
Myriam Votória Amorim da Silva
Myriam Vitória (Foto: Redes Sociais)
Myriam Vitória (Foto: Redes Sociais)

O dia de Myriam, de 24 anos, não havia sido fácil. Como o de todo motociclista de aplicativo que precisou atravessar dezenas de ruas alagadas transportando pessoas ou mercadorias de um lado para outro de uma cidade quase submersa. 
 
No fim do expediente, trabalho cumprido, foi para o merecido descanso do lar, em Nossa Senhora do Ó, em Paulista. Já havia passado tempo demais sentada no banco da sua moto. Preferiu guardá-la logo na garagem e ir a pé até a padaria.
“Ela saiu pra comprar pão e ovos”, lembrou, dolorosamente, a mãe Vânia Amorim. “Foi passando pela calçada, aí de repente, não sei se ela encostou no fio, não sei se tem um fio no chão. Só sei que levou um choque, esse choque jogou ela longe. A rua estava alagada, a questão foi o choque”, disse, em prantos.

Conceição e Nicole Melo 
Conceição e Nicole Melo  (Foto: Redes Sociais)
Conceição e Nicole Melo (Foto: Redes Sociais)

Os debates da comunidade do Passarinho faziam parte da rotina de Nicole, de 23 anos. Seu irmão, Cícero, é diretor da associação dos moradores e a discussão sobre os problemas locais, que não poucos numa região pobre, cercada por morros e com alto índice de violência, era algo que vinha de casa.
 
Casa onde Cícero não estava na madrugada desta quinta-feira (6). Ele havia ido trabalhar num posto de gasolina. Ela e sua mãe, Maria da Conceição, estavam dormindo. O que tirava o sono de Nicole quando acordada, ironicamente, tiraria a sua vida. 

Uma barreira encharcada pelas chuvas do dia anterior não suportou o peso e despencou, esmagando a casa de Nicole e os sonhos de uma vida melhor na sua comunidade. 
 
Ao contrário dos outros casos citados, ela não deixou uma mãe órfã. 
 
Maria da Conceição também foi vítima do desabamento. Caberá a Cícero carregar a dor das perdas.

Valdomiro Simões
Valdomiro Simões (Foto: Redes Sociais )
Valdomiro Simões (Foto: Redes Sociais )

Valdomiro Simões, tinha 18 anos, e voltava na noite desta quarta (5) para casa após o dia de trabalho. Ele teria encostado em uma grade de uma casa abandonada perto de onde ele morava, no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste da cidade,

Em entrevista à TV Guararapes, a família de Valdomiro disse que ainda tentou reanimá-lo e socorrê-lo, mas ele não resistiu aos ferimentos e faleceu ao chegar a uma unidade de saúde.

“Uma fatalidade que poderia ter sido evitada. Infelizmente a gente tem que passar pelas águas para trabalhar”, explicou a tia do jovem.

André Fernandes 
André Fernandes  (Foto: Redes Sociais )
André Fernandes (Foto: Redes Sociais )

Outra vítima é André Fernandes, de 43 anos.  O corpo dele foi encontrado no Grande Recife. 
 
Ele desapareceu após ter saído de sua casa, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, para trabalhar no Centro de Camaragibe.

Segundo a família de André, foi a própria população que localizou o cadáver e acionou os bombeiros. "O sentimento para toda a família  é de uma perda muito grande, de que é inacreditável o que aconteceu", lamentou Eduardo Silva, 25, primo do trabalhador.

Ainda não identificado

A sétima vítima é um homem que morreu afogado na rua Lázaro Fontes, no bairro da Estância, no Recife. 
 
Segundo testemunhas, a vítima teria sido arrastada pela enxurrada. 
 
O Corpo de Bombeiros confirmou o resgate de um corpo na região, mas o nome e a idade dele não foram revelados.


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