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O início do Bloco das Flores remonta ao início do século XX, quando o carnaval ainda era uma festa predominantemente masculina e popular. No entanto, a ascensão da sociedade urbana e a maior liberdade conquistada pelas mulheres naquele período, que começaram a ter acesso às ruas e ao espaço público, gerou uma nova demanda nas celebrações carnavalescas. O Bloco surgiu como uma alternativa para as moças da alta sociedade, que desejavam participar da folia de uma forma mais elegante e recatada.
A escolha do nome "Bloco das Flores" e o simbolismo das fantasias com flores e detalhes delicados remetiam ao ambiente mais refinado, contrastando com os blocos mais populares e com a ideia do carnaval como uma festa de excessos.
As mulheres que integravam o bloco, em sua maioria, usavam vestidos elaborados e adornados, com altos custos de confecção, o que restringia a participação a um público com certo poder aquisitivo.
Durante os primeiros 17 anos de sua história, o Bloco das Flores arrastou multidões pelo Recife. Era um bloco de destaque, seu desfile passava por locais tradicionais como a Rua Nova e a Praça do Diário, atraindo o olhar admirado dos recifenses.
Porém, em 1937, o Bloco das Flores entrou em uma pausa de mais de seis décadas, deixando saudades nas lembranças da cidade. No entanto, mesmo sem os desfiles, o Bloco das Flores continuou a ser lembrado através das músicas de frevo, que mantiveram sua memória viva.
A história do Bloco das Flores, apesar do longo hiato, nunca foi esquecida. Em 1988, historiadoras e pesquisadoras começaram a resgatar a memória do bloco, e o movimento para sua retomada foi impulsionado por essa paixão pela cultura carnavalesca. Em 2000, o bloco ressurge, e com ele, a tradição da poesia, das flores e da leveza, agora renovadas com o espírito do novo século.
A partir de 2000, o Bloco das Flores voltou a desfilar, desta vez com uma nova roupagem, mas sem perder sua essência. O flabelo dourado e preto contornado por flores tornou-se um dos principais símbolos de seu desfile, marcado por sua musicalidade única, que agora encontra um novo público, mas preserva o legado do passado.
O Bloco das Flores tem muito mais do que uma história centenária para celebrar. Ele carrega um simbolismo cultural que transcende o carnaval, tornando-se um patrimônio imaterial da cidade. Como primeiro bloco lírico de Pernambuco, o bloco ajudou a moldar a identidade do carnaval recifense, um carnaval que é sinônimo de criatividade, inovação e resistência.
O Bloco das Flores, com seus 105 anos, continua a encantar e a emocionar os foliões. O bloco lírico, que começa a sua trajetória no contexto da luta pela liberdade feminina e da preservação da tradição, é, sem dúvida, uma das maiores expressões da identidade cultural do estado.