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Justiça

PM que matou mototaxista em Camaragibe alega inocência e diz que "só atirou uma vez"

Sargento, que é réu por homicídio qualificado, apresentou tese de legítima defesa no TJPE nesta semana

Publicado em: 24/01/2025 12:58 | Atualizado em: 24/01/2025 13:01

 (Reprodução)
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Réu pelo homicídio de um mototaxista em Camaragibe, no Grande Recife, registrado no mês passado, o sargento da Polícia Militar Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, afirmou à Justiça que teria agido em legítima defesa. Ele alegou que só atirou uma vez em Thiago Fernandes Bezerra, de 23, baleado no peito, por supostamente não ter intenção de matá-lo.

Já na denúncia, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirma que o sargento da PM assassinou o mototaxista “de forma fria e deliberada”, em uma parte letal do corpo, por motivo fútil. Os dois teriam discutido por causa do valor da corrida, que seria de R$ 7, de acordo com declaração de familiares da vítima.

Tentando não ir a júri popular, Venilson apresentou resposta à acusação, na quarta-feira (22), em que rebate a promotoria e apresenta sua versão sobre os fatos no autos que tramitam no Tribunal de Justiça (TJPE). No documento, obtido pelo Diario de Pernambuco, o PM aposta na defesa de que atirou para se defender – o que caracterizaria, portanto, um “excludente de ilicitude”.

Segundo o policial, Thiago teria, durante a discussão, dito que estava armado e desferido “uma tapa na carteira do defendente [Venilson], fazendo com que o dinheiro caísse no chão”. “Naquele momento, a vítima [Thiago] foi para cima do Defendente, ocasião em que o Defendente proferiu apenas um disparo, por acreditar que a vítima iria tentar pegar sua arma e atirar contra sua pessoa”, alega.

“Visando evitar que a vítima pegasse sua arma, o Defendente deferiu um único disparo, sem intenção de matar, mas de reprimir a agressão injusta que acreditava vir a sofrer naquele momento”, diz o documento. Segundo a defesa, caso a intenção do PM fosse cometer o assassinato, “jamais teria proferido apenas um disparo, mas disparos consecutivos”.

A defesa diz, ainda, que o motivo da discussão teria acontecido após o mototaxista “se negar a deixar o Defendente dentro do seu condomínio, local onde, no aplicativo, havia a devida indicação para assim proceder”. 

Homicídio

O caso aconteceu no dia 1º de dezembro e foi flagrado por câmera de segurança do condomínio. Nas imagens, Thiago chega a abrir os braços, como se contestasse a reação agressiva do policial, antes de ser baleado. A dinâmica é narrada assim pelo MPPE:

“Mesmo tendo a vítima parado ao verificar que o imputado sacara uma arma de fogo, Venilson, de forma fria e deliberada, disparou contra o peito de Thiago, o que resultou em sua queda ao solo, gravemente ferido”, registra a promotoria.

“Em seguida, o denunciado, agindo calmamente, guardou a arma na cintura, observou a vítima agonizando no chão, devolveu o seu o capacete, colocando-o ao lado de Thiago, e entrou em sua residência sem prestar qualquer tipo de socorro”.
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